Wednesday, May 22, 2013

VISÕES DO AMOR NO PERÍODO BARROCO SOB A PERSPECTIVA DO CRISTIANISMO

DISCUSSÃO SOBRE O AMOR:
- Relacionar o "Sermão do Mandato", de Antonio Vieira, com os poemas da Soror Juana Inés de la Cruz (madre mexicana) para mostrar as diferentes visões do amor no cristianismo durante o período barroco.


Link para acessar o "Sermão do Mandato (1650)", do Padre Antonio Vieira:
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=12169


Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII.


Carta escrita por Soror Juana, em novembro de 1690, em Puebla de los Ángeles,   
a pedido do bispo Manuel Fernandes de Santa Cruz. A carta é uma crítica 
ao Sermão do Mandato, do Padre Antonio Vieira
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O QUE INGRATO ME DEIXA BUSCO AMANTE
Traduzido por Anderson Braga Horta

O que ingrato me deixa busco amante;                     
o que amante me segue deixo ingrata;
adoro fiel quem meu amor maltrata;
firo quem meu amor busca constante.

O que trato de amor, acho-o diamante,
e sou diamante ao que de amor me trata;
triunfante quero ver o que me mata,
e mato o que quer ver-me triunfante.

Se a este acedo, padece o meu desejo;
se rogo àquele, o pundonor enojo;
de ambos os modos infeliz me vejo.

Assim, prefiro, por menor antojo,
de quem não quero, ser cruel motejo
a, de quem não me queira, vil despojo.




Retrato de Soror Juana Inés de la Cruz. Miguel Cabrea, 1750

QUANDO MEU ERRO EM TEU OPRÓBRIO VEJO

Quando meu erro em teu opróbrio vejo,
contemplo, Sílvio, deste amor errado,
quão grave é a malícia do pecado,
quão violenta a força de um desejo.

Mal creio, e de lembrar-me ainda me pejo,
que pudesse caber em meu cuidado
o último degrau do desprezado,
o termo, enfim, de mal tomado ensejo.

Eu bem quisera, quando chego a ver-te,
vendo este infame amor, poder negá-lo;
porém logo a razão justa me adverte

de que só há remédio em publicá-lo:
porque do grão delito de querer-te
só é pena bastante o confessá-lo.