"Um certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre
quando pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie de necessidade universal de ficção e de fantasia, que de certo é coextensiva ao homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como
grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. [...] Portanto, por via oral ou visual; sob formas curtas e elementares, ou sob
complexas formas extensas, a necessidade de ficção se manifesta a cada instante; aliás, ninguém pode passar um dia sem consumi-la, ainda que sob a forma de palpite na loteria, devaneio, construção ideal ou anedota. E assim se justifica o interesse
pela função dessas formas de sistematizar a fantasia, de que a literatura é uma das
modalidades mais ricas.
A fantasia quase nunca é pura. Ela se refere constantemente a alguma realidade: fenômeno natural, paisagem, sentimento, fato, desejo de explicação, costumes,
problemas humanos, etc. Eis por que surge a indagação sobre o vínculo entre fantasia e realidade, que pode servir de entrada para pensar na função da literatura." (p. 82)
CÂNDIDO, Antônio. A literatura e a formação do homem. São Paulo: Unicamp, 2002.
A partir da reflexão de Antônio Cândido sobre o papel da literatura na constituição do homem, elabore um memorial* da disciplina de Literatura Brasileira I, resgatando as leituras realizadas durante o ano e destacando o que lhe foi mais significativo.
*Memorial: gênero que visa resgatar e narrar uma trajetória.