Tuesday, December 06, 2011

Exercício reflexivo sobre BURABAS – Adolfo Boos Júnior

DATA DE POSTAGEM – 05/12
EQUIPES ATÉ 5 COMPONENTES


Boos Jr em BURABAS segue a tradição euclidiana de desenterrar fatos sufocados pela história oficial, o primeiro faz emergir em sua escrita o massacre de Canudos, enquanto que o segundo ilumina a Guerra do Contestado, mostrando a complexidade de fatores que envolveram essas lutas.
Discorra exemplificando como a Guerra do Contestado é abordada romanescamente em BURABAS.

10 comments:

Rafaela said...

Através da literatura, podemos usar um fato histórico e romantiza-lo, porém ele não precisa necessariamente falar sobre o amor entre um homem e uma mulher, mas tambem pode fazer o uso de criação de personagens e através destes personagens narrar a vivência social e os problemas que a guerra trazia para as pessoas locais.

Anonymous said...

Adolfo Boos Júnior, antes de mais nada, trabalha a guerra do Contestado pela percepção que os personagens possuem deste acontecimento. O autor ao traçar o caminho dos dois amigos que estavam juntos na guerra, traz à tona todos os anseios, sofrimentos, angústias, medos, dúvidas e restrições vividas por quem está distante de sua família e na constante alerta que exige uma guerra.
O livro Burabas não apresenta este episódio em uma perspectiva puramente histórica, onde somente o que conta são os fatos, mas o que levou as pessoas, que incorporaram esta luta, a tomar esta atitude, o que as moveu. E aí se percebe que há, como sempre, questões políticas e de poder, porém está é a luta de um ou outro, a grande massa dos que lutam, e estes são os que realmente lutam e se expõem ao risco, muitas vezes nem sabem o real motivo que está por trás da guerra. E ainda há os que lutam para defenderem seus interesses, defenderem o que lhes é de direito, como no caso os caboclos que lutavam para buscar aquilo que todos deveriam possuir: um pedaço de terra para morar e tirar seu sustento. Assim o escritor, a partir de uma história conhecida, contada superficialmente nos livros, traz para esse romance mais humanidade. Percebe-se claramente isso em determinada parte do livro, quando o comandante, que nos passa a imagem de ser uma pessoa desumana e cruel, faz questão de ver o rosto de seu inimigo.
Boos enfatiza muito a questão da fé como algo que fortifica as esperanças e a coragem para enfrentar a guerra, pois os caboclos somente revidaram a partir do momento que tiveram entre eles a presença de monges, que pode ser considerado como um talismã da sorte ou uma força além humana para uma possível vitória.
Portanto pelo que se concluiu no seminário, pode-se dizer que Boss através da literatura faz história muito mais do que a própria história, pois além de se comprometer com os fatos do evento ele aborda as motivações e mostra a guerra não somente na perspectiva dos fatos e interesses, mas das reais motivações e do processo que ela, supostamente, implica na vida de quem realmente viveu esta guerra (ou qualquer outra guerra).

Caroline Zanoni Braz,Marcia Aparecida Grison e Marilcha L. dos Santos

Anonymous said...

O discurso representado pelos personagens Pedrinho e Simão, além de mostrar a guerra do Contestado além de uma batalha política territorial, o autor tem a intenção primordial de mostrar o real sentimento da batalha, por seus defensores. Como ele mesmo diz: "Eu queria enfatizar o lado social, mostrando esse povo pobre que lutava contra grandes empresas e o governo, que tinha esperanças de que ressuscitariam se fossem vitoriosos.”. (ANEXO, Jornal ANotícia - http://www1.an.com.br/2005/ago/23/0ane.htm, por Deluana Buss).
O uso do discurso indireto no texto – sem uso de travessões e aspas, por exemplo, diferenciando a fala dos personagens pela a maneira de expressar algumas palavras, enquanto um diz “mecê”, o outro expressa “vancê”.
Ao pensarmos na prosa romanesca a obra de Adolfo Boos Junior, levaremos em conta seus discursos e a história em si, que carrega mais significados que o próprio pano de fundo – a Guerra do Contestado. Esses significados estão expressos na condição do ‘soldado’ caboclo, que defende o que é seu por direito, tendo uma ajuda ‘divina’ – o padre José Maria – e claro, seus devaneios sobre a batalha.
A narrativa transcende o lado histórico da guerra, pois lida com sentimentalismos num discurso diferenciado entre dois principais personagens, Pedrinho e Simão.
Ao contar a história do ponto de vista de um desses caboclos, Adolfo chega em um ponto fundamental na prosa romanesca, o discurso direto do Autor, tratando de uma narrativa monologa, como o personagem fizesse a voz do narrador. Além do discurso representado dos personagens, onde eles falam diretamente suas ideias, pensamentos e principalmente sobre seus sentimentos. E por último, o discurso bivocalizado, onde o autor utiliza da fala de seu personagem para refletir uma idéia própria, ficando a sombra do enunciador personagem.

Tabita Maier

Anonymous said...

É incrivel como Boos Jr consegue inserir um romance dentro de um fato histórico veridico como a guerra do contestado alem disso ele consegue manter uma riqueza de detalhes no seu texto sobre os acontecimentos passando a fazer não só uma contribuição na literatura, mas tambem na historiografia. Dentro de seu texto ele aborda questões socias importantes ao falar do direito a terra tambem a questão religiosa até como um fanatismo.
Boos Jr consegue de maneira simples em sua escrita fazer a junção do romance com a história,mas sem romantizar a história.

Emanoel Querino Maria 3° ano História

Anonymous said...

O romance Burabas, Adolfo Boss Junior, autor catarinense, de Florianópolis, consegue mostrar aspectos da história da guerra do contestado sufocados pela história oficial, pois ele foge daquela história que é feita para o conhecimento de uma disciplina, pois ele apresenta a essência literária em sua obra e através disso ele consegue recuperar com sua obra a tradição pela leitura. Boss consegue mostrar como ocorreu um fato importante da história envolvendo não apenas fatos históricos, mas também romance em sua obra. O contestado não foi apenas uma guerra, mas foi uma guerra santa em virtude da participação de 3 monges, dois deles de nome João Maria e um com o nome de José Maria. Nas páginas 82/88 o dialogismo é essencial. Na 82 é o último parágrafo. Na página 112 podemos perceber como a mulher sonha no sonho do homem. Isso é o dialogismo. Há também na obra de Boss o determinismo, e que podemos lembrar o que é com o exemplo do conto de Guimarães Rosa, A terceira margem do rio, em que ao mesmo tempo em que condenava o pai, estava reproduzindo as atitudes dele.
A sintonia entre literatura e história se encaixa perfeitamente em Burabas, pois no decorrer da obra percebemos a essência de literatura no ar.

Camila Ferreira de Oliveira, Marcele Kirschbauer e Naiara Barbosa

Anonymous said...

Apesar de rigorosamente baseado em documentos históricos sobre a Guerra do Contestado, o romance Burabas, de Adolfo Boos Júnior, faz uma abordagem literária, usando ficção para apresentar seus personagens. Boos não se prende à história oficial da guerra e não constrói um livro de estatísticas e informações históricas. A guerra é contada através do olhar de seus guerreiros esquecidos, através dos sentimentos, das sensações, das transformações que tal ambiente acarreta a um ser humano. O conflito é retratado sob uma ótica inédita e social, mais humana. Nas palavras do autor, em entrevista ao jornal A Notícia em 2005: "Eu queria enfatizar o lado social, mostrando esse povo pobre que lutava contra grandes empresas e o governo, que tinha esperanças de que ressuscitariam se fossem vitoriosos". A questão dos monges João e José Maria, por exemplo, é tratada de forma a servir apenas como complemento aos fatos históricos que estão como pano de fundo da história e não toma uma dimensão prioritária na narrativa.
Algumas características destacam-se neste tratamento romanesco da Guerra do Contestado na obra de Boos, como a polifonia, a sensibilidade e o constante fluxo de consciência dos personagens. A ausência de delimitações entre diálogos e narrativa deixa em aberto sensações e expressões e em alguns momentos não fica muito claro se se trata de uma fala do personagem ou apenas de uma reflexão. Tal característica fornece um ritmo mais frenético e tenso ao romance, remetendo às sensações dos personagens reais que vivenciaram o campo de batalha da guerra.
O mesmo clima tenso vivenciado pelos personagens é sublimado pelos prazeres obtidos inicialmente nas lembranças (Simão vive durante todo o percurso da história lembrando-se de Ana, vendo-a em todas as situações e em todas as mulheres que cruzam o seu caminho) e depois no cigarro, como fuga, em parte, daquela situação.
A história oficial dá espaço à narrativa focada nas experiências de Simão e Pedrinho Mecê, que passam de local em local onde a guerra ocorreu. Neste aspecto de luta por seus espaços, de reconhecimento do que é seu, a obra de Boos remete a São Bernardo, de Graciliano Ramos, no qual os conflitos de Paulo Honório possuem a mesma força motriz, só que em dimensão mais ampla no romance de Boos. Burabas também pode ser associado com o conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, que trata de como se assume e se herda “papéis” sem questioná-los. No caso de Burabas, assume-se a luta pelas terras contestadaspor divergências entre caboclos, imigrantes e governo.
As palavras “memórias”, “lembranças” e “saudade” são constantes na narrativa, possivelmente expondo uma característica essencial do romance: a de que a obra é formada por experiências humanas. A guerra esconde atrás do fato histórico relações humanas, suas histórias, seus anseios e cada um a enxerga por um ponto de vista determinado pelas suas ideologias.
Pelas suas indagações e ensaios filosóficos, por seus medos e incertezas, Simão e Pedrinho Mecê introduzem uma Guerra do Contestado feita de seres humanos com histórias e esperanças, diferente da contada na escola, que é “exata” e repleta de fatos e, mas sem vida.

Amanda C. Buzzi da Rocha, Esther Petruk Eachimenco, Evandro Gruber e Lorena Fernandes

Anonymous said...

Em Burabas, Adolfo Boos Junior retrata de forma sensível e filosófica a antes, apenas, Guerra do Contestado.
Com uma linguagem totalmente coloquial, e com um vocabulário “caboclo”, as falas aproximam o leitor da realidade dos personagens. As falas separadas por ponto e vírgula trazem pausas ao texto e remetem a sensação de temor e as pausas que uma guerra traz às falas daqueles que a vivem.
Simão e Pedrinho são os personagens que dividem o abrigo e o tempo, mas que com o decorrer da nativa iniciam a divisão dos temores, das vontades, das lembranças e principalmente, das saudades. Neste ponto que Adolfo chega aonde deseja: nos sentimentos primitivos ele toca e desmitifica a alma do homem.
Simão, caboclo forte e muito homem, parte para a guerra sem se despedir de Ana, sua esposa, e seus filhos; pelo menos não como deveria. As lembranças ao encontrar-se com o medo tornam-se remorsos, culpa, e arrependimento. Entretanto, no desenrolar do romance percebe-se que suas atitudes estão todas baseadas em uma cultura, em um espalhamento, uma vez que seu pai também era assim, e por conhecer os erros do pai com sua mãe, Simão acredita que se não deu certo com o homem que é seu referencial, jamais dará certo com ele.
As lembranças de Ana, as perguntas incessantes de Pedrinho, o medo e um pouco mais de lembranças fazem do valente caboclo um medroso, um sensível. A sensibilidade do caboclo é retratada ficcionalmente por Adolfo demonstrando a humanidade despojada de preconceito. O amor de Simão por Ana se tornou maior pelo medo da perda, do nunca mais ver, e Pedrinho, de alguma maneira sabe que um sentimento desses pode matar qualquer homem. Com o pensamento ocupado pelas lembranças Simão pode ser facilmente pego em uma armadilha dos inimigos, ou ainda pode morrer das lembranças, e é por essas possibilidades que Pedrinho não para de tagarelar, ele busca incessantemente ocupar a cabeça do companheiro com outras coisas, outras lembranças, talvez mais felizes, ou apenas menos cruéis, o fato é que Pedrinho tenta desesperadamente manter o amigo desperto e assim garantir também sua segurança.
Apenas diante da guerra fora que Simão descobriu o que realmente precisava, o que sempre desejara mas nunca havia percebido: um pedacinho de terra, um lugar para viver, para trabalhar e ser. Foi no auge do medo que ele se tornou sábio, e de alguma forma, fora diante da morte que aquele caboclo (e todos nós leitores) descobriu o real sentido da vida e a verdadeira face da morte.

Gustavo Grein, Jéssica Moura,Julia Caroline,Samara Amaral e Sara Silveira

Anonymous said...

A partir da Escola Nova, temos uma abrangência de fontes para o estudo e, escrita da história, que anteriormente a história oficial negava em uma narrativa pautada em documentos oficiais, excluindo histórias, que não apareciam nesses documentos. Nesse sentido a literatura, com sua devida análise e, comparação com o contexto histórico (outras fontes), pode e deve ser utilizada para se pensar a história. Boss Júnior traz em seu romance Burabás, grande contribuição para o pensamento da guerra do contestado que por tanto tempo fora esquecida. Através das narrativas dos conflitos armados, das conversas de Simão e Pedrinho, da religiosidade dos personagens, que se colocam em dúvida com medo da morte. Percebemos outra forma de se perceber a guerra, não apenas por vitoriosos e vencidos, mas pelos desejos, sonhos e, anseios das pessoas que estavam no conflito. Boss deixa ainda transparecer, o descaso social e a marginalidade relegada a uma população que o governo Republicano preferiu eliminar ao invés de dar-lhes oportunidades de vida, terras, etc. Nota-se então que os "contestadores" não eram simples arruaceiros ou, fanáticos religiosos que cairam no conto de monges pretensiosos, mas sim pessoas que tentavam se encontrarem em meio a um mundo tão desigual, que buscava favorecer os ricos (neste caso principal a empresa norte americana) e, sufocar os desejos de vida (uma terra e casa para morar) daqueles que não se encaixavam na idéia de modernidade. Em fim, o uso da literatura como fonte, permite um pensamento histórico, muito mais sensível e reflexivo.

Antônio Augusto Pereira Hille - 3° ano de História

Anonymous said...

Boos fez de Burabas um romance diferente ,pois fundamentou-o em um fato histórico- A Guerra do Contestado, narrando as vivências e os problemas que a guerra gerou nas comunidades envolvidas,Um dos personagens do livro era José Maria,ele era monarquista,e se posicionava contra a República e por estes motivos conseguia desagradaros governista e assim o romance reconstrói o episódio da Guerra do contestado através da versão de vencedores e perdedores,contribuindo para a reavaliação desta guerra.

Emanoele Matias

Anonymous said...

Em Burabas, Boos Jr. relata e detalha a Guerra do Contestado de um diferente ponto de vista.
As guerras são, em geral, "contadas" através das consequências, e baseadas naquilo que sobrou. O autor faz um acompanhamento íntimo durante o desenrolar da guerra, trazendo à tona o ponto de vista daqueles que permanecem e assistem os acontecimentos.
Boos consegue fazer-nos sensíveis ao analisar tão delicadamente uma tragédia sem igual, e com certeza sem sentido, mostrando que os "caboclos" nada sabiam sobre a guerra, muito menos queriam participar da mesma - um olhar diferente, vindo daqueles que viram, ouviram e sofreram através da guerra.

Ana Paula Kinas Tavares e Eduarda Corrêa - 2º ano Letras