Wednesday, July 31, 2013

IRACEMA: ALENCAR E BUARQUE

“[...] escreveu o que é mais poema
Que romance, e poema menos
Que um mito, melhor que Vênus.”

Manuel Bandeira sobre o romance Iracema


Analisar comparativamente o romance "Iracema", de José de Alencar, e a canção "Iracema voou", composta por Chico Buarque, considerando o contexto histórico e social em que foram escritos. Chico Buarque retoma a figura de Iracema, construída romanticamente por José de Alencar, e a apresenta sob a ótica da contemporaneidade. Analise os olhares dos dois autores sobre a personagem Iracema. 

Link para acessar o romance "Iracema":
http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=27776

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Iracema Voou  - Chico Buarque (1998)

Iracema voou
Para a América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá
Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudade do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita
Me liga a cobrar
É Iracema da América




12 comments:

Anonymous said...

Flávia, Letícia Carolina, Yara

Ao fazer uma análise comparativa entre o texto de José de Alencar, ''Iracema'', e a letra da música ''Iracema voou'' de Chico Buarque, nota-se que são construídas duas ''Iracemas'', enquanto o romancista retrata uma mulher dócil, amorosa, sensível, e ligada à natureza, Buarque traz uma mulher cuja liberdade está acima de tais características, mostra uma mulher solta, descontraída e não tão ligada aos sentimentos: ''Tem saudade do Ceará. Mas não muita..''
Mostra-se também que o tema América surge tanto no livro quanto na música, seja no anagrama construído por José de Alencar no nome da protagonista (Iracema), quanto em todo o enredo que trata de uma metáfora sobre a colonização americana,e que são desconstruídos por Chico Buarque, que traz a palavra ''América'' livremente em seus versos,e uma mulher que ambiciona seus direitos de ''mulher moderna'' e que já não está mais no Brasil, e sim, voou para a América.



Edwin de Paula, Greyce Kelly e Thais Calazans said...

A canção “Iracema voou” do nosso grande mestre Chico Buarque resgata a personagem Iracema, de José de Alencar. Na obra de José de Alencar, além de ser a protagonista da narrativa, Iracema tem um valor metafórico que transcende as páginas do romance. A começar pela escolha do nome da personagem, que é um anagrama à palavra “América”, Iracema é um símbolo do Brasil pré-colonial e das tradições indígenas, que foram fortemente modificadas graças à colonização. O romance marca a procura por uma identidade brasileira, a “brasilidade”. No romance, Alencar cria a lenda do nascimento do primeiro brasileiro. Para Alencar, o brasileiro tem sangue indígena, porém vive de acordo com a cultura e com os costumes herdados dos portugueses. Iracema vê-se obrigada a abdicar de seu povo para poder viver com Martim – que é o símbolo da cultura branca – e ela sofre por ter sido obrigada a abandonar sua cultura. Martim e Iracema têm o filho Moacir, que também tem uma nome metafórico: Moacir significa filho do sofrimento (Moaci = dor, ira = saído de). Com a morte de Iracema, Alencar reafirma a sua concepção de povo brasileiro: Tem sangue indígena, mas vive de acordo com a cultura branca. Chico Buarque resgata essa identidade da personagem, símbolo da cultura brasileira, que também tem que abdicar de sua cultura, seu povo. Diferentemente da Iracema de Alencar, que abandona sua cultura por amor, a Iracema de Chico abandona sua cultura por liberdade – tendo em vista o período em que a canção foi escrita, no qual o Brasil passava por forte repressão política e vários brasileiros iam para os Estados Unidos em busca de liberdade e novas oportunidades.

Anonymous said...

Alunas: Ananda Abel, Ana Carolina Lino e Julia Graziela Lopes



Na canção de Chico Buarque, pode-se observar as escolhas de Iracema, que se depara com uma política corrosiva e influenciável e que a muitos corrompia, por esse motivo Iracema vai em busca de uma vida melhor fora do Brasil, decide que tentará a sorte na América e mesmo enfrentando problemas, ela não pensa em voltar. Foi a escolha dela para melhorar de vida, mesmo sentindo saudade do lugar onde cresceu, seu lugar agora era outro.
No livro, Iracema também faz uma escolha, porém por motivo diferente, ela escolhe abandonar tudo, inclusive seu povo, por amor. Um amor proibido, que não foi bem visto diante o povo que vivia.
Ambas Iracemas fazem escolhas difíceis, mesmo que as escolhas tenham sido por motivos diferentes, ambas almejavam uma vida melhor. E as duas tinham a música em sua vida, enquanto Iracema de Alencar cantava sua tristeza, Iracema de Buarque foi para América para tentar ser cantora.

Anonymous said...

Camila Cristina

A Iracema da música de Chico Buarque é retratada por ele com a forma de uma forte mulher brasileira que lava chão e “vê um filme de quando em vez”, mas ainda sim uma Iracema, mais voltada a ser como uma mulher contemporânea. A Iracema original de Alencar é completamente idealizada. Sendo José de Alencar um escritor romântico ele idealiza o índio e a mulher. O amor de Martim e Iracema. Quando Iracema oferece mulheres a Martim, ele recusa pela idéia de fidelidade com ela, a qual ele já estava apaixonado. E ela é virgem, o ideal para o livro romântico, mas incomum para uma índia da época, então o autor a colocou como a guardiã do segredo de jurema. Jurema era uma planta alucinógena e para ser a guardiã dela era necessário se manter virgem, o que também é o motivo pelo qual ela não podia casar-se. Iracema e Martim fogem para viver seu amor. Ela abanda sua família, seu povo, e sua religião. Tem um parto difícil e sofrido sozinha no qual dá a vida pelo filho seu e de Martim.

Anonymous said...

É possível perceber ao analisar os dois textos, que Alencar trata Iracema como uma mulher idealizada, uma versão mais romântica, que está muito presa ao seu "chão", suas raízes, pode-se dizer frágil e um tanto dependente. O autor faz uma ligação, para enfatizar essas características, com elementos da natureza e busca a mulher nativa encontrada aqui por colonizadores europeus, ao mesmo tempo ele une isso aos "padrões" românticos.
Já Buarque traz uma Iracema moderna mais desprendida de suas raízes e independente, não tão meiga/sentimental. Essa Iracema não está presa a nada e não possui ligação com elementos românticos, é mais material, desapegada aos bens sentimentais e mais apegada aos bens materiais. Retrata o quadro da brasileira moderna que se muda para o exterior sem dominar a língua para tentar uma vida melhor do que a que vive em sua terra.
Comparando as duas obras, pode-se dizer que uma Iracema retrata a colonização e a segunda mostra a descolonização do/das Brasil/Américas. E nos dois casos mostra a perda da cultura de um povo. Iracema - de Alencar -, porque morreu e seu filho apenas aprendeu a cultura portuguesa e Iracema - de Buarque-, porque deixou sua cidade natal para viver em outro país em busca de melhoria de vida.
Carolina

Anonymous said...

Ana Cláudia, Maristela e Thaynara.

O romance "Iracema" de José de Alencar e a canção "Iracema voou" de Chico Buarque são compostos por diferentes olhares dos dois autores sobre a personagem Iracema.
José de Alencar criou uma "lenda" sobre a história de amor entre Martim e Iracema, a união entre o branco colonizador e o índio, entre a cultura europeia e os valores indígenas.
Através deste romance nasce o primeiro brasileiro, Moacir, nome que carrega o significado de filho da dor, sendo ele fruto da integração das duas etnias segundo Alencar.

A letra da canção "Iracema voou' de Chico Buarque representa uma nordestina também chamada Iracema, como a da obra de José de Alencar, que migrou para os Estados Unidos e traz o título de Iracema da América. Chico coloca a condição vivida pela migrante ao contrário da personagem principal de José de Alencar que fica restrita ao seu lugar de nascimento e acaba condenada à morte.
Chico Buarque escreve esta canção em 1998, momento em que o País passava por uma repressão política e era extremamente proibitivo.
Há pontos comuns e divergentes entre as duas Iracemas. A figura de Iracema continua presente em nossa história, com novas personalidades em outros contextos, mas representando o brasileiro e suas raízes.

Anonymous said...

Alunas: Maria Augusta Drechsel e Tuane Ramos.
Análise:

José de Alencar retrata em seu romance “Iracema” uma nativa chamada Iracema (anagrama de América), jovem inocente, virgem e subjugada, que se envolveu em um romance proibido com um europeu branco, fugindo de sua tribo. Desse laço, deu à luz ao “primeiro brasileiro”. A índia, muito abatida, entregou o filho ao pai e pediu para que o marido a enterrasse aos pés de um coqueiro de seu apreço. Após isso, deu seu último suspiro e sua vontade foi feita. O lugar onde foi enterrada chamou-se Ceará.
A Iracema do romance tem costumes próprios da tribo e da vida em comunhão com a natureza; não consegue viver fora de seu habitat natural e de sua convivência coletiva. Oposta à Iracema da canção “Iracema voou” de Chico Buarque (escrita aproximadamente 100 anos após o romance de Alencar), mulher contemporânea que se adapta facilmente às mudanças e costumes novos. Por mais que sinta saudade, ela sobrevive e supera a ausência de seu lar (“Tem saudade do Ceará, Mas não muita”). É ousada em suas escolhas e mesmo não dominando o inglês, tem coragem de conhecer uma nova cultura (“Não domina o idioma inglês, Lava chão numa casa de chá”). Não tem medo das consequências de suas escolhas (“Não dá mole pra polícia, Se puder, vai ficando por lá”).

Anonymous said...

Leonardo, Letícia Krema

“Iracema”, seu nome é um anagrama da palavra América. A Iracema relatada por José de Alencar nos mostra uma mulher submissa, idealizada, dócil, “apegada” a seu povo e suas raízes, o que é a marca do romantismo. Já Chico Buarque nos descreve uma Iracema independente e desprendida.
Ambas tem escolhas a serem feitas, tem objetivos e desejos, porém com finalidades diferentes. A Iracema de Alencar tem como foco buscar o amor proibido, já a de Chico está em busca da liberdade.
Enquanto Alencar descreve o amor impossível e toda a luta pelo mesmo, entre Iracema e Martim, Chico traz à tona a “viagem” de Iracema a um novo mundo, uma nova realidade e consequentemente a uma nova vida, uma vida de liberdade!

Lutrícia said...

Iracema de José de Alencar, o autor retrata o indianismo, retratando a natureza brasileira (virgem dos lábios de mel).
Já na canção de Chico Buarque "Iracema voou", retrata uma Iracema cujo é uma personagem miscigenada, urbana e moderna, procurando por uma melhor condição de vida.
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Os autores ressaltam que a personagem quer mudar de vida, porém, em diferentes contextos. Na Iracema de Alencar, sendo uma mulher mais sensível, é em amor por Martin, e com esse amor proibido, nos mostra uma traição de sua cultura indígena. E na canção de Chico é por melhores condições de vida na América, aonde ela lava chão e deseja estudar. Ou seja, é uma personagem mais ambiciosa, como diz na letra "É Iracema da América".

Anonymous said...

Bruno, Karoline e Juliano

A Iracema de Alencar é um personagem romantizado que busca expressar o que é um "brasileiro de verdade", portanto ela é indígena, para mostrar a parte brasileira, e "perfeita" (virgem, linda, forte, representa o seu povo, etc) pois é uma personagem romântica. Já a Iracema do Chico Buarque é realista, se considerar a época que foi "criada". Essa Iracema mais nova vai aos EUA em busca de uma vida melhor, pois neste período a política do Brasil era repreensiva, corrompida, etc; e apesar de a vida lá não ser a melhor coisa do mundo e ela sentir saudades de casa, ainda assim prefere ficar por lá.

Anonymous said...

Ao analisar Iracema de Alencar e a de Chico Buarque, percebe-se que as duas não são compatíveis, pois cada um retrata Iracema de formas diferentes.
A Iracema de Alencar, é uma mulher sensível, Romântica e Pura (pois conserva sua virgindade mesmo fora dos dogmas cristãos)
A Iracema de Buarque representa uma ´´mulher moderna``, que tenta uma vida melhor nos EUA, que apesar de tudo, sente pouca falta de sua terra natal, o Ceará, mesmo não sabendo falar o Inglês.

Aluna: Daniela Simon

Karen Thaynara said...

Comparando “Iracema Voou” de Chico Buarque com o romance “Iracema” de José de Alencar, é possível concluir que as duas “personagens” tinham sonhos. Alencar escreve sobre o “Novo mundo”, a América. A Iracema de Alencar seria a “mais perfeita”, era uma índia, bonita, forte, sensível, retrata como era a mulher da época, mas acabou se apaixonando por um Europeu, então largou o próprio povo em busca do amor, acabando com um final trágico. A Iracema de Chico Buarque é uma mulher mais independente, com uma mente mais aberta, que larga a terra natal em busca de conhecimento, já que ambiciona o estudo fora – mesmo sabendo que sentirá saudade. No momento em que a música “Iracema Voou” foi lançada, muitos brasileiros saiam do país em busca de melhores condições – trabalho, estudo – e não pelo amor, romance.