Thursday, May 07, 2015

O DISCURSO COMO INSTRUMENTO DE PROPAGAÇÃO DA FÉ

EXERCÍCIO REFLEXIVO – SERMÃO DA SEXAGÉSIMA – PADRE ANTÔNIO VIEIRA

1. O Barroco foi um movimento que apresentou especificidades complexas e de difícil compreensão, como a oposição do mundo material com o espiritual. Um exemplo é a representação da pintura Vênus e Adonis, de Rubens (1577 - 1640):




Como esses contrapontos aparecem no Sermão da Sexagésima, de Padre Antônio Vieira, sabendo que o texto apresenta elementos clássicos e barrocos?

2. “A unidade barroca não é a mesma que a clássica que nos induz a ver em detalhe. A unidade barroca convida a ver como um todo. Teríamos no caso uma “unidade absoluta em que as partes perderam seus direitos individuais” pois que o barroco abole a independência uniforme das partes em favor de um motivo total mais uniforme.” (VIEIRA, Antônio. Sermões. Prefácio de Jamil Almansur Haddad. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1954)

A partir do parágrafo acima, discorra sobre a limitação de assunto nos sermões de Vieira.

23 comments:

Anonymous said...

Aline Santos e Diego Mattos Santos

01 - Aparecem no sermão como algo contraditório, homem como o centro de tudo. Sobre a imagem, no sermão pode ser interpretada como desejo carnal e espiritualidade, o anjo representa a força das palavras ditas no Sermão da Sexagésima. Os elementos contraditórios aparecem com retóricas, e associações do material com o espiritual.
02 - O Padre Vieira faz uma crítica aos outros religiosos,em especial aos Dominicanos que, segundo ele, não sabiam pregar. Falavam de vários assuntos que se tornavam ineficazes, pois não tinham força em sua palavra como semeador, como se quisessem agradar as vontades dos homens e não a de Deus. Ele coloca a culpa nos pregadores, ressaltando que a palavra de Deus é muito eficaz, não surtindo de causa devido ao método dos Padres.
Em seus sermões, Vieira parte do conceptismo, com o intuito de convencer e ensinar pelo jogo de ideais, com uma retórica aprimorada e uma ótima argumentação.

Anonymous said...

Aline Bianca Kuroiwa, Ana Flávia Boldt, Léia de Oliveira Santos e Nayara Araújo dos Santos

01 - No Sermão da Sexagésima existe a visão realista do cotidiano do clero e dos fiéis, ocorre a união do racional (questionamentos, refutações quanto a forma de condução da vida cristã) com o irracional (fé, evangelho).
No texto existem muitas figuras linguísticas com o intuito de fazer analogias da doutrina com o mundo material para a melhor compreensão dos fiéis.
O Padre Antônio Vieira trata a oposição do mundo material e espiritual de uma forma interativa, onde há aplicação da palavra de Deus em situações hipotéticas de caráter "mundano".

"O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e neste afoga-se a palavra de Deus."

02 - Por ser conceptista, o Padre Antônio Vieira usa muitas figuras de linguagem. O Barroco analisa as coisas como um todo. Por essas duas características, colaboram para a limitação do assunto, pois se a compreensão do texto não fosse como um todo, haveria confusão.
O Padre tinha como objetivo diante dos Sermões, a mudança de atitude da comunidade católica. Por esse motivo, se torna resistente no mesmo assunto, pois teve a intenção de enfatizar o tema pregado, para a melhor fixação do conteúdo na mente dos fiéis.

" Usa-se hoje o modo que chamam de apostilar o Evangelho, em que tomam muitas matérias, levantam muitos assuntos e quem levanta muita caça e não segue nenhuma, não é muito quem se recolha com as mãos vazias".

Anonymous said...

Ananda Graciele P. Martins, Ariele Helena Holz Nunes, Bianca Andrade Dias Costa, Lucas Bertoldi

01 - Refletindo sobre a estrutura e a maneira como o Padre Antônio Vieira construiu seu Sermão, é possível observar que ele o sustenta com muitas metáforas, essas que fazem analogia com o mundo material e espiritual. Há uma concepção a ser feita em relação às metáforas impostas por Vieira, pode-se dizer que elas são relacionadas para com os ouvintes e pregadores de sermões, onde refere-se a doutrina e a fé dos mesmos como coisas materiais.
Além disso, é de fácil observação que uma das maiores intenções do jesuíta era persuadir os indivíduos a possuírem uma boa conduta cristã.
Ao pregador refere-se como semeador, ou seja, aquele que dissemina a semente, tratada por Vieira como a palavra de Deus. Aos ouvintes, como espinho, pedra, terra boa e terra má, que seriam as formas como as pessoas tem a capacidade de receber a semente.
Nas palavras de Vieira:
“O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta fecundidade e abundância, que se colhe cento por um.”
Além disso, O Sermão da Sexagésima comporta muitas características Barrocas: o cultismo, por meio da escolha do autor em utilizar palavras polidas, uma linguagem rebuscada, metáforas e hipérboles; o conceptismo, pelo uso da lógica (pensamento linear) e o interessepersuadir o leitor e criar provocações.

02- Apesar de ter sido escrito na época da Contra-Reforma, esse fato não impediu de que o Padre Antonio Vieira contemplasse seu Sermão com uma grande critica direcionada aos padres Dominicanos. A critica foi construída pelo autor, pois ele acreditava que a maneira como eles redigiam e apresentavam seus Sermões era muito exagerada, com uma linguagem de difícil compreensão, o que ocasionava o mau entendimento dos fiéis.
Além disso, pode-se dizer que o Sermão de Vieira pode ser considerado um compartimento de diversas vozes, onde em cada uma das dez partes do escrito ele encontra uma maneira de trazer o outro a tona. Logo na primeira parte, ele compara o estilo de pregar dos Jesuítas com o dos Dominicanos.
Nas palavras do autor:
‘’Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem semear, há outros que semeiam sem sair... Os de cá, achar-vos-eis com mais paço; os de lá, com mais passos.’’(parte I) Isto é, os Dominicanos buscavam alcançar cada vez mais Palácios onde pregar (no mesmo território), enquanto os Jesuítas almejavam cada vez mais lugares diferentes para pregar.
Em contrapartida, Vieira também aponta a maneira como os Sermões devem ser discorridos e construídos.
‘’Não nego nem quero dizer que o Sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão-de-nascer todos da mesma matéria e continuar nela.’’ (parte VI)
Desta forma, a limitação de assuntos nos Sermões de Vieira, deve-se ao fato de que o autor defende que esses escritos devem manter uma forma de apresentação linear. Isto é, o pregador deve se preocupar em enfatizar somente em um assunto, ou, se abordar mais de um, fazer com que eles se interliguem e o ouvinte absorva o conteúdo, fazendo com que o Sermão seja semeado e posteriormente, gere frutos.

Anonymous said...

Bruna Fernandes de Souza

01 - No contexto histórico de conflito entre a cultura renascentista e as imposições contra-reformistas, entre fé e razão, entre dogma e livre exame e entre progresso e tradição, o Barroco, como arte, apresenta-se também como a marca do contraste. Os artistas barrocos, em meio a esse conflito, expressam a angústia daí decorrente. O resultado é um estilo que vaza para o exagerado e, na literatura, evidencia-se o uso excessivo de figuras de linguagem, como, por exemplo, comparações, metáforas, hipérbatos e hipérboles, bastante presentes em Vieira.

02 - Vieira critica o estilo de outros pregadores contemporâneos seus, considerando que pregavam mal, pois pregavam sobre vários assuntos ao mesmo tempo, logo o resultado era a pregação de nenhum assunto, em decorrência disso, para Vieira, a pregação tornava-se ineficaz, a agradar aos homens ao invés de agradar a Deus. Possivelmente, tal visão decorre de que é mais fácil pregar para agradar aos homens do que a Deus, pois que está a ouvir, a seguir a religião, e a construir novos templos, são os homens e não Deus. Quem tem o poder para seduzir com bens materiais aqueles que pregam em nome de Deus, é o homem, e não o próprio Deus. Talvez seja daí o interesse demasiado em pregar para agradar aos homens.

Anonymous said...

Bruna Rabock e Gabriela Elenita Tureck.

01 - No sermão, Vieira transparece clareza, força e sentido de unidade muito forte. Tais elementos se referem ao pensamento clássico. Acresce que Vieira foi representante do pensamento barroco, o que pode ser identificado na parte espiritual, no referencial de alma, contidos do sermão. No texto Vieira fala sobre a palavra de Deus não frutificar em todos os corações dos fiéis. Ou seja, pode-se perceber a parte espiritual e o referencial barroco presente nessa questão. E ainda defendia que o sermão deveria possuir apenas um assunto, uma matéria de forma clara. “O sermão deve ter um só assunto e uma só matéria”. Assim é possível notar que o sermão possui algumas características ainda do pensamento clássico, porém ainda predominando o pensamento barroco, com a visão mais espiritualista.

02 - Vieira aponta a maneira com que os sermões são desenvolvidos, e é através disto que Vieira defende a ideia de que nos escritos, todos os autores devem apenas se preocupar em escrever sobre um só assunto, como um único objetivo. Caso o autor desejar abordar mais de um assunto, o mesmo deverá fazer parte do assunto principal.

Anonymous said...

Bruno Dietrick Rodrigues
01 - Esses contrapontos aparecem em formas de metáfora, o sermão se trata de um tema fazendo alusões a “Parábola do Semeador”, dizendo que, pregar seria o mesmo que semear. Então, o semeador/pregador, semeia/prega suas sementes/palavras em lugares/pessoas diferentes, cada lugar, ou pessoa reagindo de uma forma diferente, do que se foi dito.
02 - Nos sermões, Vieira abrange todo um conteúdo em si, discutindo todos os aspectos possíveis, para uma reflexão mais elaborada do leitor. Não deixando de lado, um tema sem esclarecimento. Discutindo o todo de uma forma completa.

Anonymous said...

Daiane Bitencourt

01- Em uma parte já da conclusão do texto o autor escreve: É o tempo em que principalmente se semeia a palavra de Deus na igreja, e que ela se arma contra os vícios. Preguemos e armemo-nos todos contra os pecados, contra as soberbas, contra os ódios, contra as ambições, contra as invejas, contra as cobiças, contra a sensualidade. Veja o céu que ainda tem na terra quem se põe da sua parte. Saiba o inferno que ainda há na terra que faça guerra com a palavra de deus, e saiba a mesma terra que ainda está em estado de reverdecer e dar muito fruto.
Fala da importância do pregador para semear a palavra de deus nos homens para ter mais espiritualidade, ele convida as pessoas a ter esta palavra afim de se livrar dos problemas mundanos, qual ele coloca em seu texto o fato disso acontecer de não ter bons pregadores que não sabem persuadir as pessoas com a palavra “Divina” então os ouvintes perdendo o interesse e se voltando para os interesses do mundo. E cita sobre os ouvintes também “Os ouvintes ou são maus ou são bons, se são bons, faz neles grande fruto da palavra de Deus; se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito” e faz uma comparação dos tempos passados com os presentes sobre as histórias eclesiásticas e suas admiráveis pregações cheio de efeitos da pregação de Deus, falando de “ tantos pecadores convertidos, tanta mudança de vida de tanta reformação de costumes e os grandes desprezando as riqueza e as vaidades do mundo” e na sequência ele fala que no atual presente não se consegue mais fazer isso!!

02 - O assuntos eram somente sobre a pregação da palavra de Deus e na maioria das partes do texto de vieira, ele tenta persuadir o leitor com seus sermões, não deixando de ser seu tipo de pregação, e julga os mal pregadores que era a mesma coisa que falar a palavra de deus em “vão”, pois não estavam servindo a Deus, sem conseguir colher novos “frutos” e o texto sempre se baseando em passagens Bíblicas.

Anonymous said...

Daniela Fernanda Bauer

01-Vieira descreve, ao discutir as características do bom pregador/orador, coloca-as em ação em seu próprio discurso. Vieira constrói argumentações de como se deve pregar, ele presta mudar a maneira como os pregadores de sua época pregavam. Os sermões que se tornaram a expressão máxima do barroco em prosa sacra, e uma das principais expressões ideológicas literárias da contra-reforma. O argumento de princípio é usado quando o padre apresenta verdades indiscutíveis, como, por exemplo, quando ele afirma que o problema dos sermões não poderia jamais estar na palavra de Deus, uma vez que Deus não falha nunca, os argumentos são retirados da bíblia.
02- Viera discorre sobre cada ponto e faz chegar a um todo é muito vago porque ele somente quer saber por que a força da palavra é quase inexistente ele só diz a palavra que utiliza que é limitado.
Exemplos:
Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes
Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e ornados de palavras. Há de ter esta árvore varas, que são a repreensão dos vícios, há de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há de ter frutos, que é o fruto e o fim a que se há de ordenar o sermão.
eis aqui o devemos pretender nos nossos sermões: não que os homens saiam contentes de nós, senão que saiam muito descontentes de si; não que lhes pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhe pareçam mal os seus costumes..

Vieira afirma que “uma coisa é expor, e outra pregar; uma ensinar, e outra persuadir, É a partir da definição do objetivo da palestra que o palestrante organiza todo o resto. Em outras palavras, tudo aquilo que foi aqui anteriormente exposto está hierarquicamente submisso àquilo que se pretende alcançar com a fala. É o objetivo da palestra que define a pessoa, a matéria, o estilo, a ciência e a voz. Muitos pecam ao não ter clareza e, com isso, não deixar claro também ao ouvinte, qual o objetivo do sermão.

Anonymous said...

Daniela Cristina Galdino

01 - Não vejo no Sermão esses contrapontos.
O sermão na verdade tem como missão evangelizar, e o Padre usa apenas da sua fé para isso, ele não se preocupa em se opor a um lado.
Para mim não há então essa oposição do mundo material com o espiritual, como tem na representação da pintura Vênus e Adônis, em relação a características barrocas o sermão apresenta a precariedade no mundo e a grandeza no divino, além das figuras de linguagem.


02 - Mesmo sendo considerada uma obra barroca O Sermão da Sexagésima apresenta características classicistas, como o rigor. Já que Vieira fica repetindo em praticamente toda a obra a questão da unidade. Ele dá voltas e voltas para nos deixar claro que um bom sermão deve ter apenas um objetivo e prover de um só assunto, demonstrando nessa construção elíptica que é barroco.

Anonymous said...

Diego Petry Vieira e Luiz Gustavo Retzlaff

01 - O barroco é um estilo extremamente afetado por dicotomias: Deus x diabo; corpo x alma; fé x razão, e, especialmente pela oposição do mundo material frente ao espiritual. No sermão da Sexagésima, de Padre Antônio Vieira, podemos encontrar algumas figuras que evidenciam esse conflito. O Padre Vieira faz uso da “Parábola do Semeador” durante todo o seu sermão, e aproveita dessa metáfora para criticar os pregadores que estão mais interessados em agradar a nobreza (mundo material), a agradar o próprio Senhor Deus. Padre Viera critica severamente tais pregadores, pois esses se encobriam sob o poder da igreja católica para defender intenções terrenas: “Eles pregam a palavras de Deus, mas não pregam a palavra de Deus (Sermão da Sexagésima)”. Para o Padre Antônio Vieira, o pregador não deve pregar o evangelho de modo que agrade somente aos homens, mas sim, de forma verdadeira, ao ponto que satisfaça primeiramente a Deus, porque isso significa a conquista de um bem espiritual, e não somente mundano; efêmero.

02 - O Barroco enfatiza o todo, e não a soma das partes de uma obra. Vieira, em seu Sermão da Sexagésima, defende o ideal de espalhar a palavra de Deus, e não de que os pregadores devem focar em uma nuance ou outra para propagar assuntos de acordo com seus interesses, fazendo discursos vagos.
Vieira usa diversas analogias para convencer seus ouvintes de que a culpa da diminuição de fieis é dos pregadores. Vieira, então, argumenta a respeito da forma como um pregador deve se comunicar com seu público: com lógica, entendimento do assunto, paixão pela fé e, também, exemplos pessoais de como ser um bom seguidor das palavras de Deus.

Anonymous said...

Elisandra Lima de Melo

01 - No Sermão da Sexagésima o padre Antônio Vieira começa criticando os padres que ficam no conforto dos templos e não saem a campo em busca das almas, quando ele diz: “tudo que padeceu aqui o trigo, padeceram também lá os semeadores”, ele refere se aos missionários que saíram a campo em busca das almas e foram comidos, morreram afogados, ou foram mirrados pela fome, a sede, o contraponto aqui encontra se no fato de que os semeadores que saíram a semear perdendo suas próprias vidas estavam empenhados em um bem maior focados na missão e na recompensa espiritual que teriam, porém os pregadores da pátria, apenas se acomodavam com o luxo, a segurança e a mordomia dos templos da corte ainda que almejassem uma recompensa espiritual não se desvencilhavam do conforto material.


02 - Os Sermões de Vieira são todos voltados à espiritualidade, onde o assunto central é Deus ou a maneira como o servimos, em Sermão da Sexagésima ele fala sobre o comportamento dos pregadores e o que eles realmente estão fazendo para ganhar almas, no entanto ele discorre esse assunto de maneira dividida como uma árvore, um só tronco mas com muitos galhos, pois dentro de um único assunto ele aborda vários problemas, porém sem fugir do problema central que é a falta de frutos gerados das pregações, ao mesmo tempo em que ele esmiúça o assunto ele mostra uma visão geral do todo na situação da igreja.

Anonymous said...

Fernanda Maria da Silva Araújo
01 - No Sermão da Sexagésima existe a relação absolutista do cotidiano entre o Clero e os fiéis. Existe também a aderência da lógica, que seriam os questionamentos e as contradições do caminho (rota, destino) da vida Cristã, e do irracional, que seria a fé e/ou Evangelho.
Foram usadas muitas figuras de linguagem no texto, com a intenção de fazer os fiéis entenderem o mundo material.
O Padre A. Vieira vê o mundo material e o espiritual de uma forma mais interativa, onde ele usa “Deus” em situações duvidosas.

02 - O Padre A. Vieira usa com intensidade o jogo de linguagens. O barroco vê tudo como um só. Por essa razão ambos tem sentido se juntarmos, pois se não pudéssemos compreender o Sermão da Sexagésima com “um só” iria haver muitos problemas.
Com esse Sermão, Vieira pretendia mudar a atitude de comunicação Cristã, por isso se torna obstinada no mesmo argumento, pois tinha como objeto fixar o assunto falado na mente dos fiéis.

Anonymous said...

Gabriela Luiza Soares, Fernanda Maitê dos Passos e Xayra Eduarda Oliveira Couto.

01- Na imagem de Rubens podemos ver Vênus tentando segurar Adonis, demonstrando a contradição barroca entre o físico e o espiritual, o desejo carnal contraposto à geração religiosa. Entre eles há um anjo representando o lado religioso, o qual segura Adonis enquanto Vênus tenta puxá-lo representando o desejo físico. Na imagem há características barrocas no contraste de cores claras e escuras, a representação da mulher nua e a forma do movimento da imagem. Assim como na imagem, Vieira se contrapõe em seus sermões, pois vive um conflito com sua alma. Ao mesmo tempo em que o homem é o centro do mundo, Deus é quem o motiva. Vieira herdou do classicismo a clareza e a força, porém da forma mais aberta do barroco. As coisas são o que parecem ser. O anjo da imagem representa a força da palavra do pregador para as pessoas e impedi-las de cair no pecado

02- Vieira, em seu sermão, ressalta a importância da palavra para a propagação da fé. Segundo ele, para que a fé se fortaleça é necessário que o pregador utilize corretamente as palavras, levando em conta a diversidade social e a vivência de cada um de seus ouvintes. Para haver força na fé é preciso haver força na palavra. "Tal deficiência pode provir de Deus, coma graça, ou do pregador, com a doutrina, ou do ouvinte, com entendimento. Deus porém não falta: ele é o sol e a chuva, e o Evangelho não fala das sementes que se perdem por falta das influências do céu. A culpa portanto é ou do pregador ou dos ouvintes. Mas mesmo os piores ouvintes, os espinhos e as pedras, hão de aceitar a palavra de Deus. Segue-se pois que a culpa é do pregador". Neste trecho é feita a ideologia de que é necessário plantar boas sementes em um bom terreno para colher bons frutos. Vieira escreve de forma mais aberta, caracterizada pelo conceptismo, comparando a outros sermões do período. Acredita que a palavra precisa ser bem clara para os ouvintes.

Anonymous said...

Grace de Montreuil

01 - Analisando os elementos Clássicos do Sermão manifestam-se os seguintes:
­ Simplicidade e clareza - Ainda que no texto existam palavras que não são mais usadas pode-se ver que existe simplicidade e clareza nos parágrafos clássicos, como podemos ver nas seguintes palavras: “Porque o sol, e a chuva são as influências da parte do Céu, é de deixar de frutificar a semente da palavra de Deus nunca é por falta do Céu, sempre é por culpa nossa.”
­ Equilíbrio e firmeza – como pode ver nas seguintes palavras: “Se os ouvintes ouvem ua cousa, e vêem outra, como se hão-de converter?”
­ Construção acabada e unidade do elemento – como se pode ver nas seguintes palavras: “Assim há-de ser o sermão: há-de ter raízes fortes, e solidas porque há de ser fundado no Evangelho; há-de ter um tronco, porque há-de ter um só assunto e tratar ua só matéria..”

Analisando os elementos Barrocos do Sermão indicam-se os seguintes:
­ A existência do Dualismo como a arte do conflito, do contraste Deus x homem, Corpo x alma, bons x maus e outros, como se podem ver nas seguintes palavras: “Se Deus dá o seu sol, e a sua chuva aos bons, e aos maus, que se quiserem fazer bons, como a negará?”
­ A existência da Fugacidade. Sabemos que de acordo com a concepção Barroca, no mundo todo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o mundo muda, como se pode ver nas palavras: “O ano tem tempo para as flores, e tempo para os frutos. Por que não terá também o seu outono a vida?”.
­ A Existência do Pessimismo. Ela da transitoriedade à vida e conduz frequentemente à ideia de morte tida como expressão máxima da fugacidade da vida, como se pode nas palavras: “Já que se perderam as três partes da vida, já que ua parte a levaram os espinhos, já que outra parte a levaram as pedras, já que outra parte a levaram os caminhos, e tantos caminhos, esta quarta, e última parte, este último quartel da vida, porque se perderá também? Porque não dará fruto?”
­ A existência do Feísmo. No Barroco encontramos uma atração por cenas trágicas, por aspectos cruéis e dolorosos, como pode-se vem nas seguintes palavras: “..houve missionários mirrados, porque tais tornaram os da Jornada dos Tocantins, mirrados da fome e da doença..”
­ A existência do Conceptismo. No Barroco jogasse com o duplo sentido da palavra “conceito” – uma como termo técnico na arte de pregar do estilo conceptista e outra como opinião que se tem sobre alguém, como se pode ver nas palavras: “O melhor conceito, que o pregador leva ao púlpito, qual cuidais que e? É o conceito, que de sua vida têm os ouvintes.”
­ A existência da Literatura moralista, muito usada pelos padres Jesuítas para pregar a fé e a religião, como se pode verificar nas seguintes palavras: “os ouvintes, ou são maus ou são bons: Se são bons faz neles grande fruto a palavra de Deus, se são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito.. ”.

Anonymous said...

­Grace de Montreuil

(...)A existência de Antropocentrismo x Teocentrismo (Deus x homem, carne x Espírito..) como se pode ver no seguinte exemplo: “Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos que é o conhecimento..”
­ A existência do Conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o prazer pagão e a fé religiosa, como podemos ver nas seguintes palavras: “Grande miséria por certo, que se achem maiores documentos para a vida nos versos de um poeta profano e gentio, que nas pregações de um orador cristão, e muitas vezes sobre cristão, religioso!”
­ A existência de cultismo usando a linguagem rebuscada e trabalhada usando muitos recursos estilísticos, figuras de linguagem, e outros, como se pode ver nas seguintes palavras: “Para o homem se ver a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho, e é cego não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos e é de noite não se pode ver por falta de luz. Logo a mister luz, a mister espelho, e a mister olhos.”



02 - Tendo como base a análise do Sermão da Sexagésima de Antônio Viera, podemos notar que o autor limita o assunto a um determinado tema a ser tratado e explanado. Pode este tema ainda ser subdividido em subtemas os quais possuem diversos componentes que trabalham a favor do tema principal. No sermão pode ver que o tema principal é a “Pregação que deve existir tendo como base a parábola do Semeador” o tema que lhe serve para falar da ação dos Jesuítas e da posição que ele assumiu em conflito com os interesses dos colonos. Nesse tema existem varias partes que a compõem visando a atingir o tema principal, tais como: Qualidades que devem existir no bom pregador, discurso, sermão; Atitudes que deve ter o pregador, ouvinte; Diversos conselhos e comparações para que a comunicação seja clara e eficaz na mensagem dada aos ouvintes. Existe uma preocupação do autor pela reflexão do ouvinte em função do objetivo a ser atingido pelo tema principal de forma a que o ouvinte possa analisar e refletir sobre o que foi tratado.



Anonymous said...

Jéssica Duarte de Oliveira

Padre Antônio Vieira apresenta elementos do barroco em seu Sermão da Sexagésima a partir do momento em que utiliza de figuras de linguagem para chamar a atenção dos fiéis. Através do conceptismo, outro elemento do barroco, ele expressa suas ideias, trabalhando temas e conceitos.
Vieira exercia de uma rigorosa lógica de pensamento, era a favor da contra reforma e fazia críticas a maneira de pregar dos padres da época, inclusive a Sexagésima é um exemplo disso, pois a partir de uma parábola bíblica, a do Semeador, Antônio Vieira expõe diversos fatores como por exemplo, “se a palavra de Deus é tão eficaz e onipotente, por que ela não surte tanto efeito”? Já que a palavra é a mesma algo está errado, seriam os fiéis? Seria a própria palavra ou algo a mais? E ele termina o sermão com a conclusão de que na verdade o problema está em como esta palavra está sendo passada aos fiéis, afirmando assim, que a culpa está no pregador.
No barroco houve uma fuga, o que antes era considerado único passou a ser questionado (contraposição entre fé e razão, clássico e barroco).
Vieira aborda o assunto de diversas faces, porém, contempla-o em um todo. Discorre de diversas facetas para enfim determinar uma só unidade, utilizando-se de versos, antíteses, em oposição aos outros padres que falavam de diversos assuntos sem querer dizer nada, ele unificava seu discurso pregando sobre diversas coisas mas, com somente um propósito.

Anonymous said...

Laiza Caroline Guerreiro Castelar

01 - Esta imagem de Vênus e Adonis, representa muito bem esta comparação do Padre Vieira e do barroco principalmente o cultismo, que demonstra metáforas, ambos tanto o sermão quanto a figura, possuem jogo de palavras, uma forma culta de representação, Padre Vieira relacionava em seus sermões comparado ao barroco, uma critica aos exageros da oratória exemplo que marcou muito para mim que no decimo capitulo , ele cita “Que subir ao púlpito seria uma peça de teatro “, relaciona sátira em sermões muitas vezes pregados ,utilizava trocadilhos como “picar” que seria não estar nem ai com as pregações, realmente neste terceiro capitulo ele comprova através de uma linguagem bem culta, a indignação, na imagem de Vênus e Adônis demonstra talvez um amor não correspondido por ele, Vênus olha com olhar bem apaixonada, o cupido tentado com sua inocência fazer algo, mais não consegue, adônis parece estar muito distante talvez em questões conflituosas dentro de si , já que pela mitologia ele expunha de grande beleza, mas também relacionamos com o barroco esta forma metafórica, Padre Antonio Vieira e a imagem de Vênus e adônis causam uma forma de persuadir o receptor para o que estava acontecendo naquele momento, ensinando ,comovendo.

Ex: na parte 4 dos sermões de Padre Vieira o pregador corresponde em 5 elementos pessoa, estilo, matéria, voz, ciência, comparado ao professor de hoje o Padre naquela época culpa os pregadores como as pessoas culpam os educadores, entretanto para concluir estas duas comparações com o barroco ambos tinham seus ideais para demonstrar possíveis hipóteses, sentimentos sensualizados , tanto para o padre quanto para o pintor o significado é que não era só aqueles que tinham conhecimento que deveriam possuir regalias, ambos o pintor e o padre sustenta o fato da comparação entre estas nobrezas e simplicidade de um determinado povo,o padre relacionava a defensoria dos negros , índios, entre outros e o pintor talvez a burguesia da época que idealizava mas a beleza
o egocentrismo, o padre demonstrava também em prosa, e formas dissertativas suas descrições sobre as pregações que talvez muitos não levavam a serio e isso deixava ele criar varias hipóteses ofensivas, ele já comparava o passado com o presente.

02 - Padre ele tinha muita firmeza no que dizia e com certeza as pessoas entendiam o que ele queria passar, porém ele fazia muitas metáforas para relacionar as coisas porque ele não podia ser direto em dizer as coisas porque a santa inquisição poderia puni-lo e devido a isso ele tinha que se limitar ao falar ao defender negros e índios.

Anonymous said...

Lucas Amorim

01 - Vieira se opõe aos pregadores católicos dominicanos em seu sermão. Ele deixa claro em sua obra que a Palavra de Deus não frutifica na Terra, isto é, não ganha espaço e é afogada, por conta dos seus rivais gongóricos dominicanos. A forma com a qual eles articulavam a palavra e distorciam trechos da Bíblia e até mesmo metaforizavam de forma complexa demais para o povo, afastava os fiéis da igreja, pois num certo momento a ausência da prova material da existência do espiritual falava mais alto do que a oratória dos pregadores. Em contrapartida, Vieira apresentava em todos os seus sermões uma forma de pregar mais aberta e com metáforas mais ligadas ao contexto social do povo ao qual ele dirigia a palavra. Expressões mais usadas em meio ao povo e alusões à realidade daquelas pessoas as faziam se sentirem especiais, tanto pelo fato de elas entenderem o ditado do pregador, mas também de perceberem que a Palavra de Deus ainda mantinha conexões com suas vidas. O Sermão da Sexagésima de Padre Antônio Vieira nada mais é uma crítica muito bem fundamentada à forma complexa de pregação dos dominicanos e uma aula perfeita para os mesmos que apesar de exercerem, ainda não sabiam de fato dar sermões como Jesus.

02 - Como Vieira afirma, no barroco há uma “unidade absoluta em que as partes perderam seus direitos individuais”, ou seja, a unidade absoluta aplica mudança em todos os detalhes relacionados. Dependendo da forma que essa unidade absoluta fosse analisada e tratada, os pequenos detalhes seriam vistos apenas como detalhes, e estes perante o problema maior, seriam mais facilmente resolvidos. Limitar um sermão inteiro em apenas um assunto gera maior reflexão e foco no assunto abordado. Entretanto, se limitar o sermão apenas à um detalhe, o problema macro não será resolvido, apenas o detalhe. É comparável a uma ordem direta e uma ordem subjetiva. Em uma ordem direta como “vá lavar a louça”, o sujeito irá apenas resolver o problema apontado. Em uma ordem subjetiva como “limpe a cozinha”, o sujeito terá um foco mais amplo afinal limpar a cozinha pode incluir varrer o chão, limpar os armários e também, lavar a louça. Vieira em seus sermões tenta aplicar o exemplo da ordem subjetiva em forma de sermão e com muito mais foco nos problemas que ele aponta. Resolver detalhes o interessa, mas ele não se interessa em ficar focando nos detalhes, pois estes serão resolvidos automaticamente a partir do momento que o todo for visto pelo povo.

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Lucas Mendes

01 – Os sermões, de padre Antônio Vieira apresentam uma grande variedade no que diz respeito as suas temáticas e formas em que se posicionava perante aos temas que viriam a ser abordados. Na época em que foram escritos, ou pregados no caso, os sermões tinham um poder de influencia na sociedade como um tudo. O padre usava de elementos de diferentes épocas tais quais os elementos barrocos e clássicos. Pode ser visualizada essa diferenciação quanto na descrição em que transcorria seus escritos, algo que remete a escrita barroca. Um exemplo se emprego do barroco no sermão da sexagésima é o cultismo que é utilizado, a metáfora, uma escrita polida e uma escrita que vocalizada tem um poder muito grande sobre quem a escuta. Enquanto um exemplo de emprego do clássico pode ser retratado em sua linguagem que por vezes era de uma formalidade, ou seja, uma linguagem rebuscada.

02 - Em uma parte do sermão da sexagésima, Padre Antônio Vieira, cita o fato de uma grande abrangência trazer consigo uma grande dispersão, ou seja, fala que dentro de seus sermões ele busca seu foco dentro de uma temática central. Pretende com isso que se tenha por parte daquele ouvinte, uma maior percepção e entendimento daquilo que é o tema abordado. Tinha uma linguagem muito incisa e clara, tom de voz pujante, algo que combinado com o foco e sensibilidade que empregava em seus sermões tornavam-se algo de uma eficácia muito grande em meio aqueles que tinham acesso a seus sermões.

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Mariana Riegel Mateus

01 - Vê-se o texto do Padre Vieira como uma crítica aos pregadores, ao modo de pregar, e ao modo como a palavra de Deus é utilizada pelos próprios pregadores. O Barroco tende a abordar o religioso, tendo em vista que o mesmo ocorreu durante uma época onde a igreja católica atuava com vigor. O homem passa a ser visto como um pecador, alguém que deve renunciar os prazeres mundanos e abraçar a fé. O homem do Barroco procura racionalizar a fé, e se valer de argumentos racionais para a salvação, tal como vemos no texto de Vieira onde o Padre afirma que as palavras de Deus empregadas no verdadeiro sentido de Deus são palavras de salvação, e as palavras de Deus utilizadas no sentido do homem sem seu verdadeiro significado é tentação, palavra do Demônio.

02 - O sermão do Padre Vieira possui dez partes nas quais critica o modo de pregar. Ele utiliza da parábola do semeador, criticando a forma como a palavra de Deus é utilizada pelos pregadores para agradar aos homens e não a Deus, torcendo seu forte significado para seu deleite próprio.
Pode-se dividir os dez capítulos de seu livro em três pontos: Introdução, Argumentação e Conclusão. Durante a introdução é abordada primeiramente a parábola do semeador, e então o Padre Vieira questiona: se a palavra de Deus é tão forte, porque não vê-se muitos frutos dela? Então em seu segundo ponto ele procura responder essa questão analisando aspectos que poderia definir essa ineficiência da Palavra Divina.
Logo ele diz que a culpa seria dos pregadores. Ao terceiro ponto vê-se a forte crítica aos pregadores, ao sua forma de utilizar a palavra para fins próprios sem utilizar o significado real da Palavra de Deus. Logo, seu assunto somente corre em torno da arte de pregar e utilizar a palavra de Deus, porém o mesmo aborda de forma profunda trazendo sua análise como forma de todos chegarem à mesma conclusão.

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Sara Isabel Kunz e Josefa Almeida

01 - Entendemos como um exemplo do contraponto material X espiritual a comparação que o Padre Antônio Vieira faz, a partir da Parábola do Semeador, entre o trigo semeado (que é algo material, deste mundo) e a Palavra de Deus (que é algo espiritual).
Outro exemplo é o contraponto homem X Deus (ou carne X Espírito), que pode ser visto quando Vieira fala da distinção entre o desejo dos homens ( ouvir uma pregação animadora que os faça sair da igreja contentes) e o desejo de Deus, que é que os ouvintes mudem a sua maneira de viver, mesmo que para isso a pregação tenha que incomodá-los.

02 - Percebemos, mais especificamente no Sermão da Sexagésima, que o Padre Antônio Vieira tem semente um objetivo ao longo de sua prédica: fazer com que os ouvintes e ele próprio entendam o porquê da não eficácia da pregação da palavra de Deus na sua época, apesar do poder que esta apresenta. Na parte X, Vieira conclui que os pregadores não devem pregar para que os ouvintes saiam contentes de si e do pregador, mas sim incomodados com a Palavra e dispostos a mudar suas atitudes pecaminosas. Para chegar a essa conclusão, ele usa muitos jogos de ideias, mas segue um raciocínio. Ele faz uma grande reflexão ao longo de seu sermão, portanto, as partes não podem ser analisadas por si próprias, mas sim consideradas como peças de um todo.
Sobre a limitação dos assuntos dos sermões, ele próprio diz, na parte VI do Sermão da Sexagésima, que a matéria do sermão deve ser uma só, pois quem semeia variedade não colhe coisa certa. Deve-se focar em um só assunto.

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Tatiana Maglia Pastre

01 - Não percebo nos sermões de Vieira um conflito com o mundano, saudosismo do paraíso ou contradição em relação a sentimentos, percebo neste texto um caráter bem evangelizador, onde ocorre a certeza de que a fé é importante e para isso a missão da Igreja seria a de evangelizar “Fazer a palavra de Deus dar fruto” com exemplos e palavras que cheguem ao coração das pessoas. Talvez a característica clássica nesse poema segundo Haddad seja mesmo o equilíbrio a firmeza e a unidade, pois em nenhum um momento me parece haver duvida e contradição.
O que se percebe são as figuras de linguagem que tornam o texto dinâmico onde aparecem as metáforas, analogias, paralelismo e paradoxo típicos do cultismo e do conceptismo. Mesmo com o jogo de palavras e de idéias o autor segue firme na idéia inicial de falar sobre a arte de pregar, não resta dúvida ao final do poema que é preciso muita coisa para ser um bom pregador.


02 - Segundo o autor, apesar da obra de Vieira ser considerada barroco, ela tinha características de clássico onde se observa segundo o autor equilíbrio, firmeza, construção acabada e unidade. Essa unidade pode ser afirmada quando ele faz uma crítica nos Sermões, em que ele afirma que o Sermão deve ter um só assunto uma só matéria, ele levanta um assunto e aprofunda, segundo Haddad, 1954 o estilo de Vieira é condicionado por um sistema de repetições. No caso do Classicismo teríamos coordenação, no do Barroco subordinação.
Vieira não nega a variedade de discurso, mas afirma que devem nascer e acabar na mesma matéria.

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Wellington Luiz Vojniek

01 - O texto apresenta contrapontos já no seu tema em si. Pois o sermão tem como tema o ato de ouvir, refletir e pronunciar o sermão. Como no barroco a ênfase no divino e na culpa moral que se acarreta sobre o homem. Reúne um conjunto de ideias sobre o mesmo tema, utilizando de parábolas como a do trigo que compara o homem as coisas mundanas que cercam o trigo. Pedras, espinhos, desejos, provocações do mundo. Como no barroco divide o ouvinte entre razão e fé. O padre faz perguntas na qual ele mesmo responde. No Inicio se pergunta a quem deve a culpa de não haver mais frutificações da palavra de Deus. Dá ao ouvinte três opções: o pregador, o ouvinte ou Deus. Em seguida inocenta Deus, afirmando a culpa total do homem. Na qual não se ouve e não se transmite a compreensão correta da sua palavra. Empregando o conceptismo, num conjunto ideias passadas de formas complexas ao ouvinte, criando conflitos internos.
02 - O sermão limita o homem como indivíduo. Não dá ao homem outra visão além da salvação através da conversão ou do pecado mundano. Traz a tona a culpa e a moral. Divide o homem do divino, mencionando o livre arbítrio como algo pequeno, ate mesmo banal. Colocando uma limitação muito forte e aparente no que é certo e o que é errado. Em certo ponto do Sermão da Sexagésima o autor Padre Antônio Vieira diz: “Há muita gente nesse mundo com que podem mais o brado que a razão.” Traz somente dois pontos de vista, o sensitivo e o racional. Não dá a possibilidade de conjunto. Pois não se é utilizado apenas um, não se vive apenas com a emoção ou com a razão. A crença é mostrada como um propósito único que leva a salvação. O padre persuade o ouvinte ao extremo, dando curiosidade e o levando a creditar naquilo que ele diz, mesmo que não seja total compreensão da verdade. Limita o sermão a somente um objeto. Não leva o ouvinte a criar e criticar, mas sim a uma única verdade contraposta por quem pronuncia o sermão.