Thursday, December 09, 2010

Análise dos Contos de Clarice Lispector



ATIVIDADE:

Letras - 2º ano



- Fazer uma análise de um dos contos estudados de Clarice Lispector, segundo a teoria de Bakhtin.
- Colocar título e nome dos integrantes.

- DATA PARA POSTAGEM: até 14/12 - terça-feira

Taiza Mara Rauen Moraes

30 comments:

Anonymous said...

Rafaela Casemiro
Sarah Fernanda de Carvalho
Stella Bousfield
Vanessa Koch

A Força do Pensamento em Clarice

O texto “Devaneio e Embriaguez duma Rapariga”, de Clarice Lispector, apresenta um discurso bivocal de orientação única que se mescla com o tipo ativo de caráter autobiográfico.
O objeto de focalização é o meio de uma família de origem Portuguesa de classe média, o que é percebido pela linguagem da personagem que usa expressões próprias da cultura e o jeito de falar: “(...) Teve a visão de seu sorriso claro de rapariga ainda nova (...)”.
A seqüência da história é não-linear, a narração hesita entre um tempo presente e acontecimentos já ocorridos, por meio das lembranças: “(...) Acordou com o dia atrasado, as batatas por descascar, os miúdos que voltariam à tarde das titias (...). No sábado à noite, embriaga na Praça Tiradentes , embriagada mas com o marido ao lado a garanti-la (...)”.
A estilização aparece na narrativa na cena do jornaleiro, que interrompe o pensamento da personagem a chamando para a realidade: “’A Noite!’, gritou o jornaleiro ao vento brando da Rua do Riachuelo”.
A força do discurso, nesse texto, está no fluxo de consciência da personagem, pois o conflito da narração só existe nesse espaço velado.
O skaz também aparece no texto através da linguagem utilizada, que remete ao universo lingüístico luso.

Philipe Macedo Pereira said...

Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE
Teoria Literária
Professora: Taíza Mara Rauen Moraes
Acadêmico: Philipe Macedo Pereira
Letras – 2º ano

Clarice Lispector e a denúncia da condição humana

A partir de uma parte do capítulo 5 da obra “Problemas da Política de Dostoiévski”, de autoria de Mikhail Bakhtin, destrincharei no presente ensaio aspectos do conto “A Menor Mulher do Mundo”, de autoria de Clarice Lispector, presente no livro “Laços de Família”.
No conto lispectoriano não se observa uma grande diferenciação linguística, nada que delimite personagens, há o uso da mesma variante linguística em todas as falas, entre todas as personagens, até por não ser uma obra centrada no monólogo. Por muits vezes a autora utiliza-se da paródia, do dialogismo e da polifonia. Através da análise do conto “A Menor Mulher do mundo”, pode-se perceber presente a utilização dos recursos polifônicos através das falas das várias personagens a respeito da foto de Pequena Flor estampada no jornal.

Como na cena em que mãe e filha analisam a matéria:
“-Mamãe, olhe o retratinho dela, coitadinha! ”

Ou então, em outra passagem, um filho contando à mãe suas ideias com relação a pequena criatura:
“-Mamãe, e se eu botasse eessa mulherzinha africana na cama de Paulinho enquanto ele está dormindo? Quando ele acordasse, que susto, hein! Que berro, vendo ela sentada na cama! E então a gente brincava tanto com ela! A gente fazia ela o brinquedo da gente, hein!”

Também no diálogo entre marido e esposa:
“-Imagine só ela servindo a mesa aqui em casa! E de barriguinha grande!”

Dessa forma, percebe-se que não há limites entre a fala do outro, numa relação intrínsecamente polifônica. Não há uma única voz nem um único ponto de vista, tanto que alguns se compadecem da estranha criatura, despertando sinais de compaixão e proximidade, enquanto outros a imaginam como mero brinquedo para atender a uma diversão humana, nada mais que isso. Já outras personagens vêem o ser como mais um criado, remetendo à condição humana de ver os outros como mercadoria, apenas força de trabalho, e de certa forma com requintes de crueldade, uma vez que a personagem, ao reportar-se ao marido sobre o caso da pequena mulher, lança também o comentário de que seria simpelsmente lindo ter uma criada tão pequena servindo-os, o que daria a ela, essa mulher de casa, um ‘status’ superior às outras, possuindo uma empregada diferenciada ajudando-a nos afazeres domèsticos.

Philipe Macedo Pereira said...

Clarice também lança mão do recurso da estilização ao tratar dos jornais, ao retratar a foto de Pequena Flor como se realmente parte de um artigo jornalístico, e com todo o enfoque emocional e sensacionalista que possui uma grande reportagem destinada à comoção geral e consequente venda em massa do produto, mas sem constituir-se em paródia pois usa-se o discurso presente no meio jornalístico para outro meio, que no caso do conto não é o de informar, e sim retratar a condição humana. Contudo, nesse meio nota-se presente também a polêmica velada, uma vez que ao associar-se ao discurso de outro, ataca a prática jornalística de mercantilizar com o diferente, de tornar algo banal e corriqueiro. Da mesma forma que nota-se que o uso do recurso da paródia se dá ao retratar o explorador Pretre, “caçador e homem do mundo”, e seu encontro com a menor mulher do mundo, pois tal passagem se ambienta como se de fato fosse vivida por um explorador real que entra em contato com o diferente. O dialogismo se dá na narração do contato do homem com o estranho. Dessa forma, tal discurso está presente durante todo o conto, uma vez que o aspecto humano de lidar com a situação de encontro e aceitação do incomum é registrado durante todo o texto:

“Nesse domingo, num apartamento, uma mulher, ao olhar no jornal aberto o retrato de Pequena Flor, não quis olhar uma segunda vez ‘porque me dá aflição’.”

“Em outro apartamento uma senhora teve tal perversa ternura pela pequenez da mulher africana que — sendo tão melhor prevenir que remediar — jamais se deveria deixar Pequena Flor sozinha com a ternura da senhora. Quem sabe a que escuridão de amor pode chegar o carinho.”

“Nesse instante Pequena Flor coçou-se onde uma pessoa não se coça. O explorador — como se estivesse recebendo o mais alto prêmio de castidade a que um homem, sempre tão idealista, ousa aspirar — o explorador, tão vivido, des¬viou os olhos.”

Todos as passagens acima citadas dialogam entre si, por vezes opondo-se, por vezes complementando-se, tratando, no âmago do texto, de como a humanidade lida com o desconhecido, como procura esconder, por vezes se aproveitar, não se importar ou até mesmo como muitas vezes se mostra inapta para tratar do que não conhece, despreparada.

BIBLIOGRAFIA

LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA

BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

Sites consultados:

http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/dialogismo-N1-2003.pdf

http://www.ucm.es/info/especulo/numero31/clispect.html

Anonymous said...

Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE
Teoria Literária
Acadêmicas:Ana Paula Martins,Aline Cordeiro,Emiliana Santos,Natalia Rosa,Priscila Martins

Clarice e a Vida Cotidiana

Clarice trabalha muito o conflito interno, a reflexão e isso faz parte do dialogismo.Com base no texto “Problemas da Política de Dostoiévski”, de autoria de Mikhail Bakhtin segue uma análise do conto "Uma galinha" de Clarice Lispector. Ela começa o conto fazendo o leitor pensar e refletir usando do primeiro tipo de discurso, onde se nomeia, comunica, enuncia e representa: “Era uma galinha de domingo. Ainda estava viva porque não passava de nove horas da manhã.” Nota-se a estilização presente, ao que percebemos ser simples rotina (tarefas convencionais). Pouco adiante nota-se a narração feita pelo narrador: “...parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha...quando a escolheram apalpando sua intimidade com indiferença...” Neste trecho é notório que o narrador traz em si a idéia do autor, não se desviando do caminho direto e mantendo o tom e entonação.
No decorrer da narrativa (conto) podemos observar que esta é feita na forma da Icherzählung (narração da primeira pessoa), pois é completamente conduzida pela autora como podemos notar no trecho: “...estúpida, tímida e livre...A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada...”, novamente é possível perceber o autor por traz do narrador.
Em um trecho raro neste conto, aparece um diálogo rápido: “ Se você mandar matar essa galinha nunca mais comerei galinha na minha vida! Eu também juro! Jurou a menina com ardor.” Aí encontramos um traço em que o autor incluiu no seu plano o discurso do outro, mesmo que no sentido de suas próprias idéias.
Clarice utilizou desses fenômenos para retratar o cotidiano familiar, trata-se de uma ficção em que narra-se a história dos sentimentos através de uma galinha, que representa o “ser” (nasce, reproduz e morre) e o ser humano representa o “vir a ser” (transformação), exemplificando assim, a questão do existencialismo.
Através dessa análise percebe-se uma alteração do cotidiano atuando nos sentimentos do personagem e vale acrescentar que mesmo que a rotina se quebre com o passar do tempo ela volta e os sentimentos e emoções são esquecidos.

Referências Bibliográficas:
BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA

Anonymous said...

UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville
Acadêmicas: Amanda
Jessica

As formas de dialogismo no conto “Feliz Aniversário” de Clarice Lispector

Partindo do fundamento da teoria do dialogismo de Mikhail Bakhtin, trabalhando a língua como algo concreto e vivo, as práticas discursivas através do discurso sem fazer uso da língua de modo abstrato, identificamos no conto “Feliz Aniversário”, de Clarice Lispector, como são caracterizadas as linguagens das personagens de diferentes grupos sociais; interseção com outros discursos e através de quais formas as citações das personagens são dotadas de voz.
Em “Feliz Aniversário”, o ápice do conto reside na revolta da personagem protagonista, uma velhinha aniversariante. Percebe-se que quem menos importa no conto é a aniversariante. Há um conflito social, sobre o qual nota-se nas falas das personagens que se cruzam, constituindo um discurso. Discurso este que revela o jeito de tratar idosos: a velhinha é tratada como criança.
A cena que corresponde ao ápice possui um conflito. É neste momento que reside o monólogo interior, citado por Bakhtin, em que a aniversariante reflete as atitudes de seus parentes e quando faz um “pacto” com um neto: “só é verdadeiro aquele que bate olho no olho”. Pacto este que ficou estabelecido pela sinceridade, segundo a protagonista, de seu neto para com ela. Durante toda esta cena, o que interessa é o que a personagem pensa, somente.

BIBLIOGRAFIA

LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA

BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

Anonymous said...

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE
DEPARTAMENTO DE LETRAS
TEORIA DA LITERATURA II
PROFESSORA TAIZA MARA RAUEN DE MORAES
SEGUNDO ANO
ACADÊMICOS:
CAMILA CRISTINE CORREA
ERIKA CESCHIN SKROBOT
JENNIFER RODRIGUES
PAULA DE LIMA ROSA
WILLIAN EVERTON DALAGNOLO

Clarisse e Mikhail

Neste ensaio sobre o conto “A menor mulher do mundo” de Clarisse Lispector, utilizaremos do texto “Problemas da política de Dostoievski”, por Mikhail Bakhtin e tentaremos analisar todos os aspectos do discurso dialógico criado por Clarisse.
Fica clara logo no começo da leitura a visão metaliguística, não trabalhando assim os princípios da lingüística. No texto a trama se desenrola conforme a relação do personagem com o mundo, e como as pessoas reagem a tal feito ou a tal personagem. A enunciação, que é o produto da interação entre dois indivíduos que possuem uma natureza social. A enunciação não existe fora de um contexto social, portanto a enunciação procede de alguém e se destina a alguém, qualquer enunciação propõe uma réplica, uma resposta para aquela já construída. Esse fenômeno está presente no conto “A menor mulher do mundo” de Clarisse Lispector como podemos ver no trecho:

“— Mamãe, olhe o retratinho dela, coitadinha! olhe só como ela é tristinha!
— Mas — disse a mãe, dura e derrotada e orgulhosa — mas é tristeza de bicho, não é tristeza humana.
— Oh! mamãe — disse a moça desanimada.”
Nesse trecho do conto, podemos perceber a ausência de um limite entre as duas falas e também como os personagens antagonistas do conto aparentam ter personalidade e história própria. O texto é não-linear, já que se misturam os acontecimentos do presente e passado, como:
“...A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo de orfanato. Não ten¬do boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guarda¬ram o cadáver num armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta...”
Essas duas vozes no discurso são o exemplo do discurso parodístico, ou seja, o Skaz estilizado. A maneira como a autora trabalha os conflitos internos e a reflexão dos mesmos é puramente dialógica. Por ser um texto metalingüístico a palavra no discurso tem duplo sentido, dupla orientação e tem necessidade de diferenciação, pois englobam fenômenos próprios, como a paródia e o diálogo, ambos presentes no conto analisado.
Durante todo texto aparecem inúmeros conflitos internos dos personagens em relação á notícia no jornal sobre a pequena “Flor” (nome que o pesquisador da á pigméia de 45cm de atura). Esses conflitos, monólogos internos, citados por Bakhtin são nítidos em alguns momentos: “No coração de cada mem¬bro da família nasceu, nostálgico, o desejo de ter para si aquela coisa miúda e indomável, aquela coisa salva de ser comida, aquela fonte permanente de caridade. A alma ávi¬da da família queria devotar-se. E, mesmo, quem já não desejou possuir um ser humano só para si? O que, é verda¬de, nem sempre seria cômodo, há horas em que não se quer ter sentimentos...”
Em apenas um momento, uma das pessoas que está lendo sente-se diferente de uma forma positiva sobre a sua própria vida depois de ouvir sobre a pequena “Flor”, a mãe que estava se arrumando na frente do espelho em súbito pensa:
“E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que quere¬mos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felicidade”

Anonymous said...

Mesmo depois disso a mãe engole o próprio medo de criar um pacto com o filho e assim fortalecer os laços tão frágeis, que não apenas ela possuía e sim a grande maioria que lia a notícia naquele domingo pela manha, ela apenas ignora: “Mas, com anos de prática, sabia que este seria um domingo em que teria de disfarçar de si mesma a ansiedade, o sonho, e milênios perdidos.” Por fim podemos dizer que o dialogismo presente cria a ponte entre o pensamento do personagem, a maneira como ele age, o enunciado e as palavras do autor.


REFERÊNCIAS:

LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA

BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/dialogismo-N1-2003.pdf

Anonymous said...

Faltaram as nossas referências,seguem:

LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA. Editora Rocco, 1998

BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

Rafaela Casemiro
Sarah Fernanda de Carvalho
Stella Bousfield
Vanessa Koch

Anonymous said...

Acadêmicos: Paulo, Paula Ribeiro, Débora, Carina e Natali.

Um porre para se analisar

Ao analisarmos o conto “Devaneios e Embriaguez duma Rapariga” – de Clarice Lispector, teremos como base a análise de discurso dialógico segundo Bakhtin.
Para Bakhtin, só existe diálogo quando dois juízos são absolutamente idênticos, formando essencialmente um único juízo escrito ou pronunciado por nós na materialização da palavra. Se esse juízo puder expressar-se em duas enunciações de dois diferentes sujeitos, entre esses enunciados surgirão relações dialógicas.
No conto analisado, prevalece o discurso concreto (discurso da pessoa representada), com predomínio da definição sociotípica.
Existe um narrador que descreve os percursos de uma personagem feminina. Essa personagem dialoga consigo mesma e se questiona sobre a vida: o passado, o casamento... e sobre o “porre” tomado na noite passada, que a levou ao diálogo.
Quando estava embriagada, essa personagem mudava completamente. De uma simples dona-de-casa, ela se transformava em uma palestrante, uma mulher expressiva e “dona-de-si”.
Entre as morais de uma sociedade do século passado e as morais internas, aprendidas durante a vida, vivia essa personagem.

Referências bibliográficas:

> LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA
> BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

Anonymous said...

PROFESSORA: Taíza
DISCIPLINA: TLI
ACADÊMICO: Claudinei Fernandes
Sirlene Ap. Guilermino
Thays Ribeiro Freitas

CLARICE LISPECTOR: A FORÇA DO MONÓLOGO ATRAVÉS DO DIALOGISMO INTERNO.

Bakhtin trata a língua em sua integridade como algo concreto e vivo, sempre dando ênfase as práticas discursivas, ou seja, ele análise se há diálogo, e este diálogo se deve dar sempre através de um conceito em comum entre interlocutores, ou seja, através de questionamentos, sob o regimento da Metalingüística: se voltando para língua pela língua (por meio do discurso). Podemos perceber esta característica no conto que analisaremos “O crime do professor de matemática” de Clarice, é o dialogismo monológico onde ela trabalha muito o conflito interno, ex: a reflexão e a autopunição: “Todos são meus cúmplices, José. Eu teria que bater de porta e porta e mendigar que me acusassem e me punissem: todos me bateriam a porta com uma cara de repente endurecida. Este crime ninguém me condena. Nem tu, José, me condenarias. Pois bastaria, esta pessoa poderosa que sou, escolher de te chamar - e, do teu abandono nas ruas, num pulo me lamberias a face com alegria e perdão. Eu te daria a outra face a beijar.”
Com base no texto “Problemas da Política de Dostoievski”, de autoria de Mikhail Bakhtin segue uma análise desse conto onde o elemento da orientação do discurso se dará pela contraposição dos diálogos internos. Notamos isso no trecho que narra quando ele chega ao alto da colina e começa a se questionar onde enterraria “o outro cachorro”. Este fluxo de consciência do professor de matemática (arrependimento, remorso pelo que não fez pelo o outro cachorro) possibilita um monólogo interno caracterizando o skaz discurso em Dostoievski sob a análise do texto “Problemas da Política de Dostoievski”. O skaz descreve uma forma particularmente oral da narrativa. É onde o discurso faz uso do dialeto e gírias, a fim de assumir a persona de um

Anonymous said...

determinado personagem . O personagem “o professor” tem um discurso que lhe é peculiar, que embora fazendo uso de termos próprios está integrado na narrativa envolvente. Para fundamentar este ponto de vista, já no fim do conto podemos notar a voz do autor por traz da do narrador: “E agora, mais matemático ainda, procurava um meio de não se ter punido. Ele não devia ser consolado. Procurava friamente um modo de destruir o falso enterro do cão desconhecido.” Ou seja o skaz é onde um pode ocupar o lugar do outro, transpondo essas relações para o mundo da vida, (o autor mostra o seu comportamento afetivo através do personagem) é onde podemos até admitir ai a uma disfarçada presença do autor, interferindo na construção narrativa, seja com um posicionamento pessoal, seja através das vozes das personagens e, assim, chegamos ao que caracteriza o skaz. Outro ex: "não era necessário enterrar no centro, eu também enterraria o outro, digamos, bem onde eu estivesse neste mesmo momento em pé".
A paródia também está presente neste conto, embora sutilmente possamos perceber isso na hora em que o autor usa a fala do narrador de forma antagônica: "Dei-te o nome de José para te dar um nome que te servisse ao mesmo tempo de alma. E tu - como saber jamais que nome me deste? Quanto me amaste mais do que te amei", refletiu curioso”.
Podemos notar aí, a idéia de que o ser humano é um ser de ação, uma ação de auto valorização humana, onde o professor age orientado por uma motivação, caracterizando a idéia de prática como ação orientada, é por essa ação que o professor se constitui é reconhecido, ou seja, não pelo ato de ele enterrar o cachorro e sim pela consciência ideologia e linguística utilizada naquele local e espaço físico. A intenção, neste caso, é a de construir uma conclusão ideológica. Assim, o romance monológico é incapaz de representar uma idéia, pois a separa da personagem. Em outras palavras, esta prática discursiva (monólogo) que o professor sustenta dentro do conto é a prática de ação que Bakhtin em Dostoievski, entende que a idéia não existe por si; ela só é possível no homem, e por isto também podemos caracterizar-lo como um conto bivocal onde as vozes do personagem (professor) e do narrador misturam-se, realizando uma escritura bivocal, notamos aí uma fronteira tênue, em que se misturam o narrador ficcional (personagem) e o autor do conto, possibilitando-nos obter conhecimentos acerca do nosso “eu”, acerca dos outros e sobre a realidade existencial dos outros. Porém nas relações entre o “eu” e o “outro” são relações que não garantem o espaço de dizer e de

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Anonymous said...

ser ouvido, ou seja, podemos ver aí que o professor é submisso ao seu auto-criador, onde o diálogo constrói um discurso a qual transpõe aquele mundo.
Bakhtin assim mostra que o personagem (professor) não tem uma idéia própria, somente assimila as idéias do autor. Afastando a idéia de que este é um romance polifônico onde cada personagem funcionaria como um ser autônomo com visão de mundo, voz e posição própria.



Referências Bibliográficas: .
LISPECTOR, Clarice; LAÇOS DE FAMÍLIA
BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA PRÁTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tr. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1993.

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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE-UNIVILLE
DEPARTAMENTO DE LETRAS – 2° ANO
DISCIPLINA: TEORIA DA LITERATURA II
PROFESSORA: TAIZA MARA RAUEN MORAES
ACADÊMICOS: FERNANDA MONTIBELLER
ISABELE BUSS MEURER
JANAÍNA BOING DA ROCHA
JEAN DE BORBA
TAUANN CALIL MEDEIROS

Mergulhando nas vozes do discurso


Análise do conto “A imitação da rosa”, do livro “Laços de família”, de Clarice Lispector, feita a partir da teoria de Mikhail Bakhtin, proposta no texto “O discurso dialógico”.
Partindo da teoria proposta por Bakhtin, analisamos o texto de Clarice, que enquanto texto dialógico nos permite explorar e identificar inúmeros fenômenos provenientes deste tipo de texto. A análise não pode ser puramente linguística, por isso partimos da metalinguística, que seria a língua viva e concreta, ultrapassando os limites da linguística, portanto extraliguístico.
O texto a ser analisado é considerado um discurso bivocal, já que, as ideias e pensamentos do autor se juntam as de outros personagens.
O discurso dialógico nada mais é senão várias vozes dialogando, no texto, sobre as verdades e as hipóteses deste.
No trecho “... Sorriu pensativa: Carlota estranharia que Laura, podendo trazer pessoalmente as rosas, já que desejava presenteá-las, mandasse-as antes do jantar pela empregada. Sem falar que acharia engraçado receber as rosas, acharia “refinado”...
- Essas coisas não são necessárias entre nós, Laura! diria a outra com aquela franqueza um pouco bruta, e Laura diria num abafado grito de arrebatamento:
- Oh não! não! não é por causa do convite para jantar! é que as rosas eram tão lindas que tive o impulso de dar a você!
Percebemos neste trecho que há um discurso parodístico, já que ocorre na fala uma ironia, em dizer “não precisava”, “não é por causa do jantar”. Portanto este discurso é empregado com significado contrário ao realmente pensado.
Também é identificada a “língua falada”, doravante denominada skaz, observemos: “Oh não! não! não...”, “... tive o impulso de dar a você”.

Isabele said...

No trecho, “...E mesmo podia ficar com elas pois já passara aquele primeiro desconforto que fizera com que vagamente ela tivesse evitado olhar demais as rosas.
Por que dá-las, então? lindas e dá-las? Pois quando você descobre uma coisa boa, então você vai e dá? Pois se eram suas, insinuava-se ela persuasiva sem encontrar outro argu¬mento além do mesmo que, repetido, lhe parecia cada vez mais convincente e simples. Não iam durar muito — por que então dá-las enquanto estavam vivas? O prazer de tê-las não significava grande risco — enganou-se ela — pois, quisesse ou não quisesse, em breve seria forçada a se privar delas, e nunca mais então pensaria nelas pois elas teriam morrido — elas não iam durar muito, por que então dá-las?
Este trecho especifica e demonstra o fenômeno do discurso velado, em que o discurso do autor está diferenciando-se do discurso do outro, e é neste ponto que se dá o diálogo, já que os dois discursos dialogam orientados para o mesmo objeto, porém com vozes contrárias.
O discurso da autora neste trecho e em outros destes contos, choca-se com o objeto e com a voz do outro, portanto “ataca” de certa forma este outro discurso.
No trecho “Se o médico dissera: "Tome leite entre as refeições, nunca fique com o estômago vazio, pois isso dá ansiedade" — então, mesmo sem ameaça de ansiedade, ela tomava sem discutir gole por gole, dia após dia, não falhara nunca, obe¬decendo de olhos fechados, com um ligeiro ardor para que não pudesse enxergar em si a menor incredulidade. O em¬baraçante é que o médico parecia contradizer-se quando, ao mesmo tempo que recomendava uma ordem precisa que ela queria seguir com o zelo de uma convertida, dissera tam¬bém: "Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir — esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade".
O fenômeno identificado neste trecho é o incherzählung, pois um segundo discurso é influenciado pelo primeiro discurso, que logo em seguida se transforma a partir do que considera este mesmo discurso.
Um mesmo personagem desfere dois discursos contrários ao seu próprio discurso o que é, segundo a teoria de Bakhtin considerado como o fenômeno da paródia, que são vozes contrárias dentro de um mesmo texto.




BIBLIOGRAFIA

BAKHTIN, Mikhail; PROBLEMAS DA POÉTICA DE DOSTOIÉVSKI; Ed. Forense; 1981

DOSTOIÉVSKI, T. MEMÓRIAS DE SUBSOLO. São Paulo. Sem data

CINTRAN, Ismael Angelo. DISCURSO POLIFÔNICO EM VIDAS SECAS. São Paulo.
1993

LISPECTOR, Clarice. OS LAÇOS DE FAMÍLIA. Rio de Janeiro, Ed. Rocco, 2009

4:56 PM

Isabele said...
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