IMPPRESSÕES DE LEITURA – POEMAS CONCRETOS DE ARNALDO ANTUNES Poema VEJO MIRO O poema VEJO MIRO de Arnaldo Antunes, traz profundo impacto aos corações apaixonados de plantão. O autor relata de forma artística a maior pegadinha do amor: o sentimento não correspondido. Arnaldo Antunes ao citar "Vejo como um beijo" mostra ao leitor a sensação e a visão que ocupa a mente do indivíduo apaixonado. O verso "Miro como um tiro" está posicionado de cabeça para baixo, retratando uma tentativa frustrada de acertar o alvo; é como se os planos ficassem de pernas para o ar, do avesso. Assim,o poeta caracteriza e simplifica o processo do amor solitário.
No poema NORMAL Arnaldo Antunes faz uma brincadeira colocando em 5 idiomas diferentes o seguinte verso "perder a fala diante do abismo é normal", sendo que o normal é colocado abaixo de todos os versos, assim quando iniciada a leitura da primeira linha, o leitor se surpreende por não compreender o outro idioma, e ao percorrer com os olhos as outras linhas lhe parecem estranhas. O leitor chega assim até a última palavra, “normal”, e percebe um impacto diante da palavra abismo, que significa a não compreensão de um e outro idioma.
Os abismos que encontramos pelo caminho são muitos. O abismo começa no segundo verso escrito em alemão... que expressa um grande vazio para aqueles (como eu) que não compreendem a língua alemã. Esse abismo será maior ou menor, dependendo da compreensão linguistica dos versos, ou seja, se você tem conhecimento do português + alemão + inglês + espanhol + francês. Perder a fala diante do abismo é natural... a fala, a palavra... o normal... em qualquer língua, porém, a palavra NORMAL tem um significado semelhante, uma esperança, uma saída desse abismo, por isso, se você reconhece apenas a sua língua poderá compreender o poema. O ritmo de cada língua é diferente, a entonação é modificada, pois cada língua possui sua própria entonação, o que não quer dizer que a maneira de se expressar seja, necessariamente, distinta.
O poema RIOIR de Arnaldo Antunes, pode ser entendido como um rio analisando-o de fora para dentro ou então se analisarmos de dentro para fora chegamos à palavra "o ir". O Azul é usado como cor predominante, fazendo alusão ao rio. O sistema de círculo ilustra um rio, e principalmente evidencia o ciclo da vida, pois sempre andamos em círculo, nossa vida é um ciclo. O ciclo de ir e vir torna-se mais claro, quando a palavra rio vai se mesclando, com o deslocamento do R para o O, formando assim uma palavra só, ou seja, interligando rio com o movimento de ir.
Julia C. Cardoso e Sara M. S. da Silveira – 2º ano Letras
Poema METADE, 2002 O poema METADE (2002) é construído com um jogo de palavras e formas sobre a ideia quantitativa das coisas, em que a palavra METADE é dividida na metade, assim como o DOBRO da METADE inicial, que traz uma ideia de que esta METADE está sendo dobrada. Porém, o final é surpreendente, pois o dobro aparece como resultado do dobro, que é um DE SI...
Camila Ferreira de Oliveira e Marcele Kirschbauer – 2º ano Letras
O primeiro impacto ao ler o poema foi o de que somos máscaras, as que nós imprimimos e as que a sociedade nos impõe. O poema transmite ao leitor a sensação de como várias imagens nos são vendidas e como as compramos. Somos formados a partir de regras e preconceitos e quando nos sujeitamos a eles, acabamos nos esquecendo quem somos ou quem éramos, propondo a indagação: O que sou? Algum dia fui? Por que nos permitimos a usar tantas máscaras? Vivemos questionando e condenando o uso de máscaras de nossos amigos e da sociedade, mas esquecemos que somos mascarados, vestimos uma, ou várias, em situações diferentes. Se tirarmos todas, o que restará? Quanto mais uso fizermos delas, mais difícil será para descobrir um identidade.
Poema SUMO DE MIM, 1986 O poema SUMO DE MIM (1986) gera impressões de um momento de angústias íntimas. O movimento de letras que se distorcem se encobrem, nos remete à perda de sentido, de ordem, de confusão, sentimento embaralhado. Pode-se fazer uma relação desse poema com textos de Clarice Lispector em função do sentimento de angústia expresso pelas palavras.
Marcia Aparecida Grison e Caroline Zanoni Bráz - 2º ano Letras
A forma do poema nos leva em primeiro momento ao riso. Porém quando nos deixarmos levar pela reflexão, percebemos que o ser humano, não passa de um saco de ossos que ri ao deparar-se com a perplexidade da vida. De outra forma vemos a morte sorridente nos observando, pois por mais que queiramos fugir dela, algum dia escutaremos suas piadas. Poema INVENTO
O poema expressa que os maiores inventores são os maiores cabeça de vento. Eles permitem que seus pensamentos sejam levados pelo tempo. Poema METADE O interessante do poema é nos imaginarmos no esforço básico de cumprirmos as tarefas sociais (trabalho, estudo, etc.) A necessidade do capital de vendemos nosso tempo e nos dobrarmos em diversas situações. Porém muitas vezes não conseguimos nem ao menos aplicar a metade do que podemos fazer. Em suma, o poema deixa transparecer as angústias de um ser que se inventa e, reinventa a cada dia, mas se limita a fórmula matemática proposta pelo poeta: metade do dobrodesi.
Atualmente vivemos correndo contra o tempo. Na maioria das vezes atrás dele. Estamos sempre atrasados, quando nas melhores situações que nos encontramos estamos ao seu lado, na hora certa, e raramente em outros casos sem pressa... Percebe-se neste poema pela disposição gráfica das palavras no espaço, um efeito de desaceleração “calma, não tenha pressa". Tanto a disposição das palavras como também o formato grande das letras enfatizam a ideia de calma.
Rodrigo Fagundes Geremias e Marilcha Luciano dos Santos – 2º ano Letras
No poema ASAS a liberdade está presente pelas linhas que se movimentam na sua estrutura. A palavra “asas”, escrita em diferentes formas reflete vários significados como sutileza, leveza, esvaziamento do eu... Causando no leitor um estado de transcender o aqui e o agora. A inclinação das linhas gera outro movimento de leitura, conduzindo o leitor para valores da imortalidade.
Poema PLACENTA PLANETA, 2002.
No poema PLACENTA PLANETA, a sombra gerada pelas palavras e as letras que se fundem transmitem sonoridades parecidas e significados diferentes simultaneamente interligados. O sentido de PLACENTA NO PLANETA, A PLACENTA DAS PESSOAS, DA MULHER, DA VIDA se constituem como uma enorme placenta, o ecossistema.
O poema INFINITOZINHO de Arnaldo Antunes traz a sensação de infinitude através das misturas de linhas retas com círculos que faz com que o leitor pare para tentar buscar uma saída em meio há tantas linhas entrelaçadas. O infinito proposto é organizado por apenas uma palavra, mas a reflexão que o leitor consegue fazer observando as linhas é muito maior e mais instigante do que se fosse apenas uma palavra crua e "normal".
Poema CROMOSSOMOS O poema CROMOSSOMOS faz um jogo de palavras interessante, pois0 ao mesmo tempo em que estamos lendo a palavra cromossomos percebemos outros sentidos parecidos: "como somos" é um deles, que nos leva a refletir sobre nossa existência e sobre como somos constituídos por pequenas partículas que formam um todo.
Arnaldo Antunes é um grande produtor de poesia concreta. Um de seus trabalhos, “Normal”, publicado em 2002, é um bom exemplo de como ela é ao mesmo tempo imediata e profunda. Ele faz um interessante jogo semântico utilizando o adjetivo que dá nome ao poema. A palavra tem a mesma grafia e o mesmo significado em diversas línguas, portanto, mesmo quem só domina o português conseguirá entender o texto. Além disso, a frase “perder a fala diante do abismo é normal” é facilmente compreendida, uma vez que pode simbolizar algo pelo qual as pessoas já devem ter passado na vida. O poema não só aproxima as pessoas linguisticamente, como também as aproxima sentimentalmente, demonstrando que elas têm mais coisas em comum do que podem imaginar.
Na contemporaneidade, um representativo artista do movimento concretista é o músico e escritor Arnaldo Antunes. Seu jogo de palavras, muitas vezes indecifrável à primeira vista, exige novas perspectivas do olhar para a imagem e a palavra. O poema “Invento” (2002) é um bom exemplo. Ao separar “in” com hífen, Antunes faz referência ao prefixo “in” - fenômeno da palavra “imigrar”, por exemplo -, neste ponto ele trabalha com a palavra, mas ao completar ou “traduzir” com “vento dentro” ele trabalha com a ideia, a semântica, como se a invenção fosse para ele um sopro, brisa de inspiração dentro do sujeito, dessa forma justificando a divisão de ordem linguística antes feita.
Ana Paula Kinas Tavares – 2º ano de Letras (Única habilitação)
15 comments:
IMPPRESSÕES DE LEITURA – POEMAS CONCRETOS DE ARNALDO ANTUNES
Poema VEJO MIRO
O poema VEJO MIRO de Arnaldo Antunes, traz profundo impacto aos corações apaixonados de plantão.
O autor relata de forma artística a maior pegadinha do amor: o sentimento não correspondido.
Arnaldo Antunes ao citar "Vejo como um beijo" mostra ao leitor a sensação e a visão que ocupa a mente do indivíduo apaixonado.
O verso "Miro como um tiro" está posicionado de cabeça para baixo, retratando uma tentativa frustrada de acertar o alvo; é como se os planos ficassem de pernas para o ar, do avesso.
Assim,o poeta caracteriza e simplifica o processo do amor solitário.
Jéssica Moura e Samara Amaral - 2º ano Letras
Poema NORMAL
No poema NORMAL Arnaldo Antunes faz uma brincadeira colocando em 5 idiomas diferentes o seguinte verso "perder a fala diante do abismo é normal", sendo que o normal é colocado abaixo de todos os versos, assim quando iniciada a leitura da primeira linha, o leitor se surpreende por não compreender o outro idioma, e ao percorrer com os olhos as outras linhas lhe parecem estranhas. O leitor chega assim até a última palavra, “normal”, e percebe um impacto diante da palavra abismo, que significa a não compreensão de um e outro idioma.
Gustavo Grein - 3º ano - História
Poema: NORMAL
Os abismos que encontramos pelo caminho são muitos. O abismo começa no segundo verso escrito em alemão... que expressa um grande vazio para aqueles (como eu) que não compreendem a língua alemã. Esse abismo será maior ou menor, dependendo da compreensão linguistica dos versos, ou seja, se você tem conhecimento do português + alemão + inglês + espanhol + francês.
Perder a fala diante do abismo é natural... a fala, a palavra... o normal... em qualquer língua, porém, a palavra NORMAL tem um significado semelhante, uma esperança, uma saída desse abismo, por isso, se você reconhece apenas a sua língua poderá compreender o poema.
O ritmo de cada língua é diferente, a entonação é modificada, pois cada língua possui sua própria entonação, o que não quer dizer que a maneira de se expressar seja, necessariamente, distinta.
Tabita Maier - 2º ano Letras
Poema RIOIR
O poema RIOIR de Arnaldo Antunes, pode ser entendido como um rio analisando-o de fora para dentro ou então se analisarmos de dentro para fora chegamos à palavra "o ir". O Azul é usado como cor predominante, fazendo alusão ao rio. O sistema de círculo ilustra um rio, e principalmente evidencia o ciclo da vida, pois sempre andamos em círculo, nossa vida é um ciclo. O ciclo de ir e vir torna-se mais claro, quando a palavra rio vai se mesclando, com o deslocamento do R para o O, formando assim uma palavra só, ou seja, interligando rio com o movimento de ir.
Julia C. Cardoso e Sara M. S. da Silveira – 2º ano Letras
Poema METADE, 2002
O poema METADE (2002) é construído com um jogo de palavras e formas sobre a ideia quantitativa das coisas, em que a palavra METADE é dividida na metade, assim como o DOBRO da METADE inicial, que traz uma ideia de que esta METADE está sendo dobrada. Porém, o final é surpreendente, pois o dobro aparece como resultado do dobro, que é um DE SI...
Camila Ferreira de Oliveira e Marcele Kirschbauer – 2º ano Letras
Poema MÁSCARA, 1993
O primeiro impacto ao ler o poema foi o de que somos máscaras, as que nós imprimimos e as que a sociedade nos impõe. O poema transmite ao leitor a sensação de como várias imagens nos são vendidas e como as compramos.
Somos formados a partir de regras e preconceitos e quando nos sujeitamos a eles, acabamos nos esquecendo quem somos ou quem éramos, propondo a indagação: O que sou? Algum dia fui? Por que nos permitimos a usar tantas máscaras?
Vivemos questionando e condenando o uso de máscaras de nossos amigos e da sociedade, mas esquecemos que somos mascarados, vestimos uma, ou várias, em situações diferentes. Se tirarmos todas, o que restará? Quanto mais uso fizermos delas, mais difícil será para descobrir um identidade.
Evandro Gruber - 2º ano Letras
Poema SUMO DE MIM, 1986
O poema SUMO DE MIM (1986) gera impressões de um momento de angústias íntimas. O movimento de letras que se distorcem se encobrem, nos remete à perda de sentido, de ordem, de confusão, sentimento embaralhado. Pode-se fazer uma relação desse poema com textos de Clarice Lispector em função do sentimento de angústia expresso pelas palavras.
Marcia Aparecida Grison e Caroline Zanoni Bráz - 2º ano Letras
Poema A CAVEIRA RI
A forma do poema nos leva em primeiro momento ao riso. Porém quando nos deixarmos levar pela reflexão, percebemos que o ser humano, não passa de um saco de ossos que ri ao deparar-se com a perplexidade da vida.
De outra forma vemos a morte sorridente nos observando, pois por mais que queiramos fugir dela, algum dia escutaremos suas piadas.
Poema INVENTO
O poema expressa que os maiores inventores são os maiores cabeça de vento. Eles permitem que seus pensamentos sejam levados pelo tempo.
Poema METADE
O interessante do poema é nos imaginarmos no esforço básico de cumprirmos as tarefas sociais (trabalho, estudo, etc.) A necessidade do capital de vendemos nosso tempo e nos dobrarmos em diversas situações. Porém muitas vezes não conseguimos nem ao menos aplicar a metade do que podemos fazer. Em suma, o poema deixa transparecer as angústias de um ser que se inventa e, reinventa a cada dia, mas se limita a fórmula matemática proposta pelo poeta: metade do dobrodesi.
Antônio Augusto Pereira Hille – 3º ano História
Poema SEMPRESSA, 2002.
Atualmente vivemos correndo contra o tempo. Na maioria das vezes atrás dele. Estamos sempre atrasados, quando nas melhores situações que nos encontramos estamos ao seu lado, na hora certa, e raramente em outros casos sem pressa...
Percebe-se neste poema pela disposição gráfica das palavras no espaço, um efeito de desaceleração “calma, não tenha pressa". Tanto a disposição das palavras como também o formato grande das letras enfatizam a ideia de calma.
Rodrigo Fagundes Geremias e Marilcha Luciano dos Santos – 2º ano Letras
Poema ASAS, 1991
No poema ASAS a liberdade está presente pelas linhas que se movimentam na sua estrutura. A palavra “asas”, escrita em diferentes formas reflete vários significados como sutileza, leveza, esvaziamento do eu... Causando no leitor um estado de transcender o aqui e o agora. A inclinação das linhas gera outro movimento de leitura, conduzindo o leitor para valores da imortalidade.
Poema PLACENTA PLANETA, 2002.
No poema PLACENTA PLANETA, a sombra gerada pelas palavras e as letras que se fundem transmitem sonoridades parecidas e significados diferentes simultaneamente interligados. O sentido de PLACENTA NO PLANETA, A PLACENTA DAS PESSOAS, DA MULHER, DA VIDA se constituem como uma enorme placenta, o ecossistema.
Nayara Taina Peters - 2°ano Letras
Poema INFINITOZINHO
O poema INFINITOZINHO de Arnaldo Antunes traz a sensação de infinitude através das misturas de linhas retas com círculos que faz com que o leitor pare para tentar buscar uma saída em meio há tantas linhas entrelaçadas. O infinito proposto é organizado por apenas uma palavra, mas a reflexão que o leitor consegue fazer observando as linhas é muito maior e mais instigante do que se fosse apenas uma palavra crua e "normal".
Naiara Barbosa – 2º ano Letras
Poema CROMOSSOMOS
O poema CROMOSSOMOS faz um jogo de palavras interessante, pois0 ao mesmo tempo em que estamos lendo a palavra cromossomos percebemos outros sentidos parecidos: "como somos" é um deles, que nos leva a refletir sobre nossa existência e sobre como somos constituídos por pequenas partículas que formam um todo.
Emanoel Querino Maria - 3° ano História
Arnaldo Antunes é um grande produtor de poesia concreta. Um de seus trabalhos, “Normal”, publicado em 2002, é um bom exemplo de como ela é ao mesmo tempo imediata e profunda. Ele faz um interessante jogo semântico utilizando o adjetivo que dá nome ao poema. A palavra tem a mesma grafia e o mesmo significado em diversas línguas, portanto, mesmo quem só domina o português conseguirá entender o texto. Além disso, a frase “perder a fala diante do abismo é normal” é facilmente compreendida, uma vez que pode simbolizar algo pelo qual as pessoas já devem ter passado na vida. O poema não só aproxima as pessoas linguisticamente, como também as aproxima sentimentalmente, demonstrando que elas têm mais coisas em comum do que podem imaginar.
Lorena Fernandes - Letras - 2º ano
Na contemporaneidade, um representativo artista do movimento concretista é o músico e escritor Arnaldo Antunes. Seu jogo de palavras, muitas vezes indecifrável à primeira vista, exige novas perspectivas do olhar para a imagem e a palavra. O poema “Invento” (2002) é um bom exemplo. Ao separar “in” com hífen, Antunes faz referência ao prefixo “in” - fenômeno da palavra “imigrar”, por exemplo -, neste ponto ele trabalha com a palavra, mas ao completar ou “traduzir” com “vento dentro” ele trabalha com a ideia, a semântica, como se a invenção fosse para ele um sopro, brisa de inspiração dentro do sujeito, dessa forma justificando a divisão de ordem linguística antes feita.
Ana Paula Kinas Tavares – 2º ano de Letras (Única habilitação)
Post a Comment