Tuesday, May 08, 2012

Leituras de poemas líricos/amorosos de Gregório de Matos (1636-1695)


Leia os poemas líricos de Matos no site do Núcleo de Pesquisas em Informática, Linguística e Literatura – NUPILL e selecione três poemas e analise os seguintes aspectos:


•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
•Identifique o perfil da musa.
•Situe os poemas no momento histórico.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.



Deixe seu comentário analítico.
Prazo: 09/05/2012.



Para acessar o site http://www.nupill.org/

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36 comments:

Anonymous said...

Alunas: Zilda Cristine Modesto, Amanda Souza
Série: 1º Ano de Letras
Professora: Taiza

ANICA

Achei Anica na fonte
lavando sobre uma pedra
mais corrente, que a mesma água,
mais limpa, que a fonte mesma.
Salvei-a, achei-a cortês,
falei-a, achei-a discreta
namorei-a, achei-a dura,
queixei-me, voltou-se em penha.
Fui dar à Ilha uma volta,
tornei à fonte, e achei-a:
riu-se, não sei se de mim,
e eu ri-me todo p'ra ela.
Dei-lhe segunda investida,
e achei-a com mais clemência,
desculpou-se com o amigo,
que estava entonces na terra.
Conchavamos, que eu voltasse
na segunda quarta-feira,
que fosse à costa da Ilha,
e não pusesse o pé em terra,
Que ela viria buscar-me
com segredo, e diligência,
para na primeira noite
lhe dar a sacudidela.
Depois de feito o conchavo
passei o dia com ela,
eu deitado a uma sombra,
ela batendo na pedra.
Tanto deu, tanto bateu
co'a barriga, e co'as cadeiras,
que me deu a anca fendida
mil tentações de fodê-la.
Quando lhe vi a culatra
tão tremente, e tão tremenda,
punha eu os olhos em alvo,
e dizia, Amor, paciência.
O sabão, que pelas coxas
corria escuma desfeita,
dizia-lhe eu, que seriam
gotas, que Anica já dera.
Porque segundo jogava
desde a popa à proa, a perna,
antes de eu lhe ter chegado,
entendi, que se viera.
De quando em quando esfregava.”
a roupa ao carão da pedra,
e eu disse "mate-me Deus
com puta, que assim se esfrega."
Anica a roupa torcia,
e torcendo-a ela mesma,
eu era, quem mais torcia,
que assim faz, quem não pespega.
Estendeu a roupa ao sol,
o qual, levado da inveja
por quitar-me aquela glória,
lha enxugou a toda a pressa.
Recolheu Anica a roupa,
dobrou-a, e pô-la na cesta,
foi para casa, e deixou-me
a la Luna de Valencia.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado à uma musa (mulher), que ao longo do poema, é cortejada pelo poeta, sendo assim criado uma homenagem para ela.
•Identifique o perfil da musa.
É uma mulher graciosa de classe baixa e recatada, que estava a lavar suas roupas em uma ilha chamada Cajaiba.
•Situe o poema no momento histórico.
Este poema foi escrito em 1600, uma época em que a mulher era desvalorizada quando comparada ao homem, pois o mesmo trabalhava fora enquanto ela atuava nas tarefas domésticas. Era uma mulher do povo, pois na elite não seria autorizada de aparecer em público ou olhar para homens.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema.
O poeta demonstra sua dificuldade em se aproximar da sua musa (mulher),
pois o poeta repete a rogativa duas vezes.

Anonymous said...

Alunas: Zilda Cristine Modesto, Amanda Souza
Série: 1º Ano de Letras
Professora: Taiza


JOANA

Dão agora em contender
sobre qual Moça é mais bela,
Joana, se a parentela,
e eu me não sei resolver:
se eu pudera a Páris ser
de tão diversos Zagalos,
de tais garbos, de tais galas,
não só Joana julgara,
que as mais prefere na cara
mas a Vênus, Juno, e Palas.

2 Se Páris julgou com risco,
pois pela sentença dada
vemos a Tróia abrasada,
arda embora São Francisco:
reduzida a cinza, ou cisco
o sítio de idade a idade
dê assunto à posteridade;
arda ao sítio, o mundo arda,
viva Joana galharda,
e eu morra pela verdade.

3 As mais são muito formosas,
mui graves, e mui atentas,
nas Joana entre as Parentas
é Almirante entre as rosas:
as estrelas luminosas
sendo à Lua paralelas
são belas, mas menos belas,
e assim Joana em rigor
sendo a Luminar maior
és mais bela, que as estrelas.

4 Um Céu a Igreja se viu,
onde em luzido arrebol
brilham astros, veio o Sol,
e as estrelas desluziu:
qual sol Joana subiu,
e os astros escureceu;
se o que sucede no Céu,
sucede na Terra enfim,
bem haja eu, que o julgo assim
porque assim me pareceu.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado a uma musa (mulher), que é admirada pelo poeta devido ao seu encanto e perfeições das suas galhardas.
•Identifique o perfil da musa.
A musa (mulher) é uma mulher do povo, que dança e frequenta lugares públicos, que segundo o autor, tem características formosas e singulares.
•Situe o poema no momento histórico.
Este poema foi escrito em uma época em que quando um homem tinha interesse em uma mulher ele a cortejava por um longo tempo antes de assumir um compromisso. Já atualmente, isso acontece muito mais rápido, com menos cortesia e romantismo.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
Após a conquista da musa (mulher), seu encanto é perdido ao olhar do poeta.


BELETA

Jactou-se o meu alvedrio
de nascer com isenção
contra a dura escravidão
de Amor, e seu Senhorio:
como neste altivo brio
vivo, desde que nasci,
agora que me rendi,
confessa com suma dor,
que é já vassalo de Amor,
Desde que, Isabel, te vi.

E como não sei contar-te,
nem posso formar conceito
qual foi primeiro em meu peito
se o ver-te, se o adorar-te,
e sei, que de ver-te, e amar-te
foi tudo uma ocasião,
por resolver a questão
de quando entrei a querer-te,
digo, que ao tempo de ver-te
Tal fiquei, que desde então.


Tal fiquei, e tão absorto,
Quando vi tua beleza,
que a minha menor fineza
é amar, a quem me tem morto:
e como a viver me exorto
só por lograr a ocasião
de pensar meu coração,
tendo-se visto, quem já
por não penar morrerá,
em mim se verá, quem não.

Em mim se verá cumprida
a mor afeição de sorte,
que porque dure até à morte,
por padecer guarde a vida:
afeição jamais ouvida,
amor não visto até aqui
ficará, Isabel, de ti,
mas como enfim to diria,
quem por nenhum modo, ou via
Sabe já parte de si.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado a uma musa (mulher), que o rejeitou.
•Identifique o perfil da musa.
É uma mulher que rejeita os homens à procura de satisfação.
•Situe os poemas no momento histórico.
Mesmo sendo desvalorizada, a mulher tinha uma personalidade forte pois negou um homem, algo que não era comum na época, ao contrário de hoje.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
O poeta namorava a musa (mulher) mas não era correspondido, pois não a satisfazia, então, foi trocado por outro, e consequentemente, fez o soneto como uma expressão de seus sentimentos.

Anonymous said...

Acadêmica: Mariza Carolina Menegaro


MARIANA, APELIDADA A ROLA (Gregório de Matos)

"Também você tem licença
(me disse a Môça) porque ,
onde há lei de cortesia
não vai comigo outra lei"
“Era uma estrela”? pior,
A estrela que tem que ver?”“.

FOI VISTA ESTA DAMA PELO POETA EM CASA DE HUA AMIGA INDO DIVERTIR-SE AO CAMPO COM CERTO SUGEYTO.

ROMANCE

Eu vi Senhores Poetas,
Quarta-feira pelas três
Do presente mês, que corre,
O prodígio, que direi.
Ia eu por certo bairro,
Que agora calar convém,
Porque o lanço me não furtem,
Ao campo a espairecer.
Acompanhava-me Entonces
Um amigo, que à mi fe.
E douto disto de fêmeas,
Porque as conhece el por el.
Eis que em frente de uma porta,
Que sua urupema tem,
Ouvimos um ruge-ruge
Da seda de um guarda-pé
Chegou logo o tal amigo,
Que no que toca, a saber,
Segredo, de quem será,
e grandíssimo corcês.
Chegou, como tenho dito,
e mesurado de pés
abriu a urupema, e disse,
sois vos, Dona Bersabé!
Ao que ela respondeu logo,
esta sou: entre você;
ia ele ja quase entrando,
quando eu da rua gritei:
"Tá, que não é cortesia
entrar só vossa mercê,
deixando-me a mim na rua,
que de inveja morrerei"
"Também você tem licença
(me disse a Môça) porque
onde há lei de cortesia
não val comigo outra lei."
Palavras não eram ditas,
quando eu logo a quatro pés
me emboquei pela urupema,
tomei vênia, e me assentei.
Fitei os olhos na Môça
e embasbacado de a ver
estive co'a alma no papo
morrerei não morrerei.
Mas subindo-me a memória,
que era obrigado por fé
servir ao menos sete anos
Jacó a bela Raquel;
Acordei do paracismo,
e fiz tanto por viver,
que estou capaz de pintar-vos
quao jeitosa a Môça é.
Era, se creio a meus olhos,
e e crível o meu pincel,
Anjo disfarçada em Dama,
ou flor mentida em mulher.
Era um sol: mal a comparo:
porque o sol que tem que ver,
tendo a caraça redonda
mascarada de ouropel?
Era uma estrêla: pior,
a estrêla que tem que ver?
é pisca em anoitecendo,
e vesga ao amanhecer.
Era uma jóia; mal disse;
porque com quatro vinténs
se compra uma boa jóia,
e esta Môça nem com dez.
Era um diamante; tampouco,
que o diamante vem a ser
um parto bruto da terra,
e ela imagem de Deus é.
Eu digo desta vez: era
Maria: mas não sei, em que
se me pega a voz, que enfim
não acabo de o dizer.
Digo, que era Mariana
"disse-o?" que remédio tem?
já dei co segredo em terra;
mal fiz: mas aliviei.
É linda; e que manso o digo:
tem garbo: e como que o tem,
e bonita, não sei como,
e tem gravea como quê.
Mais que o favor, e o carinho
da mais formosa mulher
val de Mariana um riso:
que digo um riso? um desdém.
Neste estado ia o debuxo
dêste meu tosco pincel,
quando pela porta entrou
todo o firmamento a pé.
Entrou uma linda Môça,
que mora logo através,
pela porta do quintal,
traidoramente fiel.
Fizemos-lhe a reverência,
e ela com gentil prazer
nos disse "as de vossarcedes,
e nos as de vossarcê."
Foi-se a ela o meu amigo
quel Pirata Dunquerqué,
e a rendeu a bom partido,
porque pediu bom quartel.
Estimei a ocasião,
porque co'a outra fiquei
tão só, que os meus segredinhos
lhe pude Entonces dizer.
Fretam-nos finalmente
para a semana, que vem,
que por estar achacada,
de achaque se quis valer
A outra Môça do amigo
ficou fretada também
para qualquer outro dia,
porque bem sabe em qualquer.
Isto, Senhores Poetas,
é, o que a quarta passei,
e o que suceder à quinta
direi a vossas mercês.

Anonymous said...

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.

R: Desejo, paixão, beleza.
• Identifique o perfil da musa.
R: A musa se chama Mariana, moça simples, muito educada, muito bonita e desdenhosa.

• Situe os poemas no momento histórico.

R:Os poemas são do ano de 1.600. Percebe-se a linguagem e até o fato de que a moça é muito reservada.

Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas

O poeta fala da moça, comparando com a imagem de Deus e ao mesmo tempo existe o desejo de tê-la, a sensualidade da mulher.

Anonymous said...

MARIQUITA
Minha rica Mulatinha
desvelo, e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha.

CONTINUA EM GALANTEAR AQUELLA MARIQUITA FILHA
DA ZABELONA, QUE JA ADIANTE DICEMOS.

Quita, São Pedro me leve,
se eu me não morro por vós,
e por ser da vossa boca
um perpétuo Pica-flor.
Por isso me escandalizam
respostadas tão sem som,
pois aquilo, que mais quero,
nunca o acho a meu favor.
Mal me vai co'a vossa boca,
cos dentes inda pior,
pois dos dentes para dentro
nunca este amor vos entrou.
Servi-vos, Senhora Quita,
de ter-me um pouco de amor,
ao menos de consentir,
que eu vos tenha amor a vós.
Já me contento com pouco,
só quero, Quita, de vós,
que passemos a Catala,
e seja isto quando for.
Que quem esperou cinco anos
por um pequeno favor,
esperará por chegar-vos
mais, do que esperou Jacó.
Porém falai-me verdade,
que a uma mulher de primor
costumo pagar co'a vida
um carinho, um favor só.
Zombai vós da Zabelinha,
que me tem mortal rancor,
e odiosa a Portugal
só de Castela gostou.
Zombai vós de todo o mundo,
que o mundo nunca falou
verdade, e eu vo-la trato
nesta confissão de amor.

Anonymous said...

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
R: Paixão platônica
• Identifique o perfil da musa.
R: Percebe-se que a moça é fina, bela e também desdenhosa.

• Situe os poemas no momento histórico.
R: As moças daquela época eram muito reservadas, não podiam falar com homens, não tinham esse contato.

Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas
R: O poeta fala de São Pedro, do desejo de possuir a moça e de não conseguir.

Anonymous said...

MARIA
À SUA MULHER ANTES DE CASAR.


1 Os dias se vão,
os tempos se esgotam,
para todos trotam,
só para mim não:
tanta dilação
quem há de curtir?
O tempo a não vir,
e eu por meu pesar
sempre a esperar,
o que tanto foge;
casemo-nos hoje,
que amanhã vem longe.

2 O tempo sagrado
vem com tal vagar,
que deve de andar
manco, ou aleijado:
eu com meu cuidado
morto por vos ver,
e o tempo a deter
a dita, que espero,
da qual eu não quero,
que ele me despoje;
casemo-nos hoje,
que amanhã vem longe.

3 Por uma hora mera,
que Píramo andara,
e à Fonte chegara,
onde Tisbe o espera,
nunca acontecera
colar-se de emboque
no seu mesmo estoque,
deixando uma ponta,
onde a Moça tonta
a morrer se arroje;
casemo-nos hoje,
que amanhã vem longe.

4 Por uma hora avara,
por um breve instante,
que Leandro amante
no mar se arrojara,
nunca se afogara,
e Eros de tão alto
não dera tal salto;
porque quis o fado,
que ela, e o afogado
a praia os aloje:
casemo-nos hoje,
que amanhã vem longe.

5 Hoje poderei
convosco casar,
e hoje consumar,
amanhã não sei:
porque perderei
a minha saúde,
e em um ataúde
me podem levar
o corpo a enterrar,
porque vos enoje:
casemo-nos hoje,
que amanhã vem longe.

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

Anonymous said...

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
R: Paixão e desejo.
• Identifique o perfil da musa.
R: Moça muito jovem, pele branca, discreta e formosa.

• Situe os poemas no momento histórico.
R: Aqui nesse poema o autor refere-se como se estive no auge da idade.

• Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas
R: O poema expressa a beleza, o tempo que deve ser aproveitado, morte e juventude.

Anonymous said...

Anica
Achei Anica na fonte
lavando sobre uma pedra
mais corrente, que a mesma água,
mais limpa, que a fonte mesma.
Salvei-a, achei-a cortês,
falei-a, achei-a discreta
namorei-a, achei-a dura,
queixei-me, voltou-se em penha.
Fui dar à Ilha uma volta,
tornei à fonte, e achei-a:
riu-se, não sei se de mim,
e eu ri-me todo p'ra ela.
Dei-lhe segunda investida,
e achei-a com mais clemência,
desculpou-se com o amigo,
que estava entonces na terra.
Conchavamos, que eu voltasse
na segunda quarta-feira,
que fosse à costa da Ilha,
e não pusesse o pé em terra,
Que ela viria buscar-me
com segredo, e diligência,
para na primeira noite
lhe dar a sacudidela.
Depois de feito o conchavo
passei o dia com ela,
eu deitado a uma sombra,
ela batendo na pedra.
Tanto deu, tanto bateu
co'a barriga, e co'as cadeiras,
que me deu a anca fendida
mil tentações de fodê-la.
Quando lhe vi a culatra
tão tremente, e tão tremenda,
punha eu os olhos em alvo,
e dizia, Amor, paciência.
O sabão, que pelas coxas
corria escuma desfeita,
dizia-lhe eu, que seriam
gotas, que Anica já dera.
Porque segundo jogava
desde a popa à proa, a perna,
antes de eu lhe ter chegado,
entendi, que se viera.
De quando em quando esfregava.”
a roupa ao carão da pedra,
e eu disse "mate-me Deus
com puta, que assim se esfrega."
Anica a roupa torcia,
e torcendo-a ela mesma,
eu era, quem mais torcia,
que assim faz, quem não pespega.
Estendeu a roupa ao sol,
o qual, levado da inveja
por quitar-me aquela glória,
lha enxugou a toda a pressa.
Recolheu Anica a roupa,
dobrou-a, e pô-la na cesta,
foi para casa, e deixou-me
a la Luna de Valencia.



Joana

Dão agora em contender
sobre qual Moça é mais bela,
Joana, se a parentela,
e eu me não sei resolver:
se eu pudera a Páris ser
de tão diversos Zagalos,
de tais garbos, de tais galas,
não só Joana julgara,
que as mais prefere na cara
mas a Vênus, Juno, e Palas.

Se Páris julgou com risco,
pois pela sentença dada
vemos a Tróia abrasada,
arda embora São Francisco:
reduzida a cinza, ou cisco
o sítio de idade a idade
dê assunto à posteridade;
arda ao sítio, o mundo arda,
viva Joana galharda,
e eu morra pela verdade.

As mais são muito formosas,
mui graves, e mui atentas,
nas Joana entre as Parentas
é Almirante entre as rosas:
as estrelas luminosas
sendo à Lua paralelas
são belas, mas menos belas,
e assim Joana em rigor
sendo a Luminar maior
és mais bela, que as estrelas.

Um Céu a Igreja se viu,
onde em luzido arrebol
brilham astros, veio o Sol,
e as estrelas desluziu:
qual sol Joana subiu,
e os astros escureceu;
se o que sucede no Céu,
sucede na Terra enfim,
bem haja eu, que o julgo assim
porque assim me pareceu.



Inácia, Apolônia e Mariana
Pretende o poeta introduzir-se com a primeira, ou segunda

Dá-me Amor a escolher
de duas uma demônia,
ou Inácia, ou Apolônia,
e eu me não sei resolver:
a ambas hei de querer,
porque depois de as lograr
mais fácil será acertar,
que nos riscos da eleição
o seguro é lançar mão
de tudo por não errar.

Assim será: mas que monta
isto que fazer pertendo,
se dirão, que estou fazendo
sem a hóspeda esta conta:
qual delas será tão tonta,
que se acomode aos desares
de partir com seus pesares
amor, assistência, e tratos,
se as Damas não são sapatos,
que se hajam de ter aos pares.

Mas se debaixo da Luz
não val mais esta, que estoutra
eu não deixo, uma por outra,
nem escolho outra por uma,
não há dúvida nenhuma,
que ambas são moças de porte,
e se não mo estorva a morte,
ambas me hão de vir à mão,
Inácia por eleição,
e Apolônia pela sorte.

Isto que remédio tem,
sejam entre si tão manas,
que repartindo as semanas,
vá uma, quando outra vem;
que eu repartirei também
jimbo, carinho, e favor,
porque advirta algum Doutor,
que sendo à lógica oposto,
na aritmética do gosto
pode repartir-se o amor.

Anonymous said...

Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Os poemas selecionados fazem sempre uma homenagem à amada e são caracterizados pela sensualidade, desejo carnal, paixão. As musas são comparadas com elementos belos.
Identifique o perfil da musa.
No poema Anica, nota-se um desejo sexual, o eu poético expressa uma “paixão” por sua beleza e o desejo de tê-la por um momento.
No poema Joana, o eu poético compara a musa com elementos belos, porém o desejo da carne é associado a uma admiração.
Inácia e Apolônia são exploradas platonicamente, as duas provocavam prazeres e sensações diferentes, gerando dubiedade de sentimentos.
Situe os poemas no momento histórico.
Os poetas clássicos eram detalhistas, tratavam de temas conservadores, eram reservados, enquanto Gregório como barroco quebra com os padrões clássicos, demonstrando sensualidades.

Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
Gregório como poeta barroco manifesta um novo homem, sensual, as musas são adoradas pelo prazer corporal, os temas são mais “humanos”, o artista é mais liberto dos pudores.


Acadêmicos: Carolina Gomes e Norberto Cezar Corrêa Júnior 1º ano de Letras

Anonymous said...

JOANA
Huma Moça galharda, e formosa, que morara na Villa de San Francisco com duas Irmãas também formosas, honestas, e recatadas.

Manuel Pereira Rabelo, Licenciado

As mulatas me esqueceram
a quem com veneração
darei o meu beliscão
por amoroso


- O poeta dedica o poema para uma musa chamada Joana.
- Joana é descrita por Gregório de Matos como uma mulher galharda e formosa.
- Percebe-se que o poema não é contemporâneo pelos vocábulos adotados pelo autor como: galharda, recatadas, irmãas, huma.
- Gregório relata primeiramente que tinha em vista uma mulher formosa, que morava com suas duas irmãs, aparentemente gostava delas, mas se contradiz dizendo que elas esqueceram dele e por isso queria dar-lhe um beliscão.

MARIQUITA
Aquella Mariquita flha da Zabelona.

Manuel Pereira Rabelo, licenciado

Minha rica Mulatinha
desvelo, e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha


- Gregório dedica o poema para a Mariquita, filha de Zabelona.
- Mariquita era uma mulata por quem ele tinha muito carinho.
- Percebe-se que o poema não é contemporâneo pela linguagem. Exemplos: flha, aquella.

RECATAVA-SE ANICA DEYXANDO-SE VER POR INDULGENCIA.
Não te posso ver, Anica,
por mais que Amor me desperte,
que tu és muito tirana,
e serás ingrata sempre.
Se foras compadecida,
não cessara de querer-te,
pois a beleza humanada
adquire mil interesses.
Inda assim eu quero, Anica,
que tu me mates mil vezes
com os raios da tua ira
mais do que com te esconderes.
Porque és, Anica, tão bela
que a alma, que por ti se perde,
não pode deixar de ter
muitas glórias aparentes.
Permite por esta vez,
que o teu resplendor contemple,
para ofertar-lhe mil vidas
hoje em holocausto breve.
E se acaso é divindade
a beleza, quem se atreve,
sendo bela, a ser ingrata,
se os atributos desmente?
Havemos de acomodar-nos
na porfia de querer-te,
matem-me embora os teus raios,
porém aparece sempre.
Mate-me a tua isenção,
que eu não cesso de querer-te,
consumam-se os teus rigores
com condição de me veres.

- O poema é dedicado à musa Anica.
- Anica era uma mulher bela, tirana e ingrata.
- O poema não é contemporâneo pois, percebe-se concordâncias diferentes das quais usamos hoje "que o teu resplendor contemple", "que tu me mates mil vezes".
- A discordância que percebemos no contexto do poema é que primeiro, o eu poético expressa que não pode mais vê-la pois ela sempre será ingrata ao seu amor, mas logo ele volta a dizer que ainda ele a quer, expressando a dubiedade barroca.

Acadêmicas: Vitoria da Silva Eing e Jéssica Luiz de Carvalho
1º ano de Letras

Anonymous said...

MARIANA, APELIDADA A ROLA

"Também você tem licença
(me disse a Môça) porque,
Onde há lei de cortesia
Não vai comigo outra lei"
“Era uma estrela”? Pior,
A estrela que tem que ver?”“.

FOI VISTA ESTA DAMA PELO POETA EM CASA DE HUA AMIGA INDO DIVERTIR-SE AO CAMPO COM CERTO SUGEYTO.

ROMANCE

Eu vi Senhores Poetas,
Quarta-feira pelas três
Do presente mês, que corre,
O prodígio, que direi.
Ia eu por certo bairro,
Que agora calar convém,
Porque o lanço me não furtem,
Ao campo a espairecer.
Acompanhava-me Entonces
Um amigo, que à mi fe.
E douto disto de fêmeas,
Porque as conhece el por el.
Eis que em frente de uma porta,
Que sua urupema tem,
Ouvimos um ruge-ruge
Da seda de um guarda-pé
Chegou logo o tal amigo,
Que no que toca, a saber,
Segredo, de quem será,
E grandíssimo corcês.
Chegou como tenho dito,
E mesurado de pés
Abriu a urupema, e disse,
Sois vos, Dona Bersabé!
Ao que ela respondeu logo,
Esta sou: entre você;
Ia ele ja quase entrando,
Quando eu da rua gritei:
"Tá, que não é cortesia.
Entrar só vossa mercê,
Deixando-me a mim na rua,
Que de inveja morrerei"
"Também você tem licença
(me disse a Môça) por que
Onde há lei de cortesia
Não val comigo outra lei.”.
Palavras não eram ditas,
Quando eu logo a quatro pés
Me emboquei pela urupema,
Tomei vênia, e me assentei.
Fitei os olhos na Môça
E embasbacado de a ver
Estive co'a alma no papo
Morrerei não morrerei.
Mas subindo-me a memória,
Que era obrigado por fé
Servir ao menos sete anos
Jacó a bela Raquel;
Acordei do paracismo,
E fiz tanto por viver,
Que estou capaz de pintar-vos
Quao jeitosa a Môça é.
Era se creio a meus olhos,
E crível o meu pincel,
Anjo disfarçada em Dama,
Ou flor mentida em mulher.
Era um sol: mal a comparo:
Porque o sol que tem que ver,
Tendo a caraça redonda
Mascarada de ouropel?
Era uma estrêla: pior,
A estrêla que tem que ver?
É pisca em anoitecendo,
E vesga ao amanhecer.
Era uma jóia; mal disse;
Porque com quatro vinténs
Se compra uma boa jóia,
E esta Môça nem com dez.
Era um diamante; tampouco,
Que o diamante vem a ser
Um parto bruto da terra,
E ela imagem de Deus é.
Eu digo desta vez: era
Maria: mas não sei, em que.
Se me pega a voz, que enfim
Não acabo de o dizer.
Digo, que era Mariana
"disse-o?" que remédio tem?
Já dei co segredo em terra;
Mal fiz: mas aliviei.
É linda; e que manso o digo:
Tem garbo: e como que o tem,
E bonita, não sei como,
E tem gravea como quê.
Mais que o favor, e o carinho
Da mais formosa mulher
val de Mariana um riso:
Que digo um riso? Um desdém.
Neste estado ia o debuxo
Dêste meu tosco pincel,
Quando pela porta entrou
Todo o firmamento a pé.
Entrou uma linda Môça,
Que mora logo através,
Pela porta do quintal,
Traidoramente fiel.
Fizemos-lhe a reverência,
E ela com gentil prazer
Nos disse "as de vossarcedes,
E nos as de vossarcê."
Foi-se a ela o meu amigo
Quel Pirata Dunquerqué,
E a rendeu a bom partido,
Porque pediu bom quartel.
Estimei a ocasião,
Porque co'a outra fiquei
Tão só, que os meus segredinhos
Lhe pude Entonces dizer.
Fretam-nos finalmente
Para a semana, que vem,
Que por estar achacada,
De achaque se quis valer
A outra Môça do amigo
Ficou fretada também
Para qualquer outro dia,
Porque bem sabe em qualquer.
Isto, Senhores Poetas,
É, o que a quarta passei,
E o que suceder à quinta
Direi a vossas mercês.

Anonymous said...

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
O poema Mariana, apelidada a rola expressa desejo, paixão e beleza.
• Identifique o perfil da musa.
A musa se chama Mariana, moça simples, muito educada, muito bonita, desdenhosa.
• Situe o poema no momento histórico.
Percebe-se uma linguagem rebuscada.

• Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema
O poeta fala da moça, comparando com a imagem de Deus e ao mesmo tempo existe o desejo de tê-la, enaltecendo a sua sensualidade de mulher.

MARIQUITA
Minha rica Mulatinha
Desvelo, e cuidado meu,
Eu já fora todo teu,
E tu foras toda minha.

CONTINUA EM GALANTEAR AQUELLA MARIQUITA FILHA
DA ZABELONA, QUE JA ADIANTE DICEMOS.

Quita, São Pedro me leve,
Se eu me não morro por vós,
E por ser da vossa boca
Um perpétuo Pica-flor.
Por isso me escandalizam
Respostadas tão sem som,
Pois aquilo, que mais quero,
Nunca o acho a meu favor.
Mal me vai co'a vossa boca,
Cos dentes inda pior,
Pois dos dentes para dentro
Nunca este amor vos entrou.
Servi-vos, Senhora Quita,
De ter-me um pouco de amor,
Ao menos de consentir,
Que eu vos tenha amor a vós.
Já me contento com pouco,
Só quero, Quita, de vós,
Que passemos a Catala,
E seja isto quando for.
Que quem esperou cinco anos
Por um pequeno favor,
Esperará por chegar-vos
Mais, do que esperou Jacó.
Porém falai-me verdade,
Que a uma mulher de primor
Costumo pagar co'a vida
Um carinho, um favor só.
Zombai vós da Zabelinha,
Que me tem mortal rancor,
E odiosa a Portugal
Só de Castela gostou.
Zombai vós de todo o mundo,
Que o mundo nunca falou
Verdade, e eu vo-la trato
Nesta confissão de amor.

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Paixão platônica
• Identifique o perfil da musa.
Percebe-se que a moça é fina, bela e também desdenhosa.
• Situe o poema no momento histórico.
A musa é descrita como uma pessoa reservada. As mulheres da época não podiam falar com os homens. A falta de contato com os homens, as tornavam inibidas.
• Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas
O poeta fala de São Pedro, do desejo de possuir a moça e de não conseguir.

Anonymous said...

MARIA
À SUA MULHER ANTES DE CASAR.

1 Os dias se vão,
Os tempos se esgotam,
Para todos trotam,
Só para mim não:
Tanta dilação
Quem há de curtir?
O tempo a não vir,
E eu por meu pesar
Sempre a esperar,
O que tanto foge;
Casemo-nos hoje,
Que amanhã vem longe.

2 O tempo sagrado
Vem com tal vagar,
Que deve de andar
Manco, ou aleijado:
Eu com meu cuidado
Morto por vos ver,
E o tempo a deter
A dita, que espero,
Da qual eu não quero,
Que ele me despoje;
Casemo-nos hoje,
Que amanhã vem longe.

3 Por uma hora mera,
Que Píramo andara,
E à Fonte chegara,
Onde Tisbe o espera,
Nunca acontecera
Colar-se de emboque
No seu mesmo estoque,
Deixando uma ponta,
Onde a Moça tonta
A morrer se arroje;
Casemo-nos hoje,
Que amanhã vem longe.

4 Por uma hora avara,
Por um breve instante,
Que Leandro amante
No mar se arrojara,
Nunca se afogara,
E Eros de tão alto
Não dera tal salto;
Porque quis o fado,
Que ela, e o afogado
A praia os aloje:
Casemo-nos hoje,
Que amanhã vem longe.

5 Hoje poderei
Convosco casar,
E hoje consumar,
Amanhã não sei:
Porque perderei
A minha saúde,
E em um ataúde
Me podem levar
O corpo a enterrar,
Porque vos enoje:
Casemo-nos hoje,
Que amanhã vem longe.

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Paixão e desejo platônicos.
• Identifique o perfil da musa.
Moça muito jovem, pele branca, discreta e formosa.
• Situe o poema no momento histórico.
Nesse poema o eu poético expressa o desejo pleno pela musa.
• Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema
O poema expressa a beleza da musa, o tempo que deve ser aproveitado, morte e juventude.


Aluna: Mariza Carolina Menegaro
1° ano de Letras

Anonymous said...

ANICA

INDO O POETA PASSEAR PELA ILHA DA CAJAIBA, ENCONTROU LAVANDO ROUPA A MULATA ANNICA E LHE FEZ ESTE ROMANCE.

Achei Anica na fonte
lavando sobre uma pedra
mais corrente, que a mesma água,
mais limpa, que a fonte mesma.
Salvei-a, achei-a cortês,
falei-a, achei-a discreta
namorei-a, achei-a dura,
queixei-me, voltou-se em penha.
Fui dar à Ilha uma volta,
tornei à fonte, e achei-a:
riu-se, não sei se de mim,
e eu ri-me todo p'ra ela.
Dei-lhe segunda investida,
e achei-a com mais clemência,
desculpou-se com o amigo,
que estava entonces na terra.
Conchavamos, que eu voltasse
na segunda quarta-feira,
que fosse à costa da Ilha,
e não pusesse o pé em terra,
Que ela viria buscar-me
com segredo, e diligência,
para na primeira noite
lhe dar a sacudidela.
Depois de feito o conchavo
passei o dia com ela,
eu deitado a uma sombra,
ela batendo na pedra.
Tanto deu, tanto bateu
co'a barriga, e co'as cadeiras,
que me deu a anca fendida
mil tentações de fodê-la.
Quando lhe vi a culatra
tão tremente, e tão tremenda,
punha eu os olhos em alvo,
e dizia, Amor, paciência.
O sabão, que pelas coxas
corria escuma desfeita,
dizia-lhe eu, que seriam
gotas, que Anica já dera.
Porque segundo jogava
desde a popa à proa, a perna,
antes de eu lhe ter chegado,
entendi, que se viera.
De quando em quando esfregava.”
a roupa ao carão da pedra,
e eu disse "mate-me Deus
com puta, que assim se esfrega."
Anica a roupa torcia,
e torcendo-a ela mesma,
eu era, quem mais torcia,
que assim faz, quem não pespega.
Estendeu a roupa ao sol,
o qual, levado da inveja
por quitar-me aquela glória,
lha enxugou a toda a pressa.
Recolheu Anica a roupa,
dobrou-a, e pô-la na cesta,
foi para casa, e deixou-me
a la Luna de Valencia.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado à uma musa (mulher), que ao longo do poema, é cortejada pelo poeta, sendo assim criado uma homenagem para ela.
•Identifique o perfil da musa.
É uma mulher graciosa de classe baixa e recatada, que estava a lavar suas roupas em uma ilha chamada Cajaiba.
•Situe o poema no momento histórico.
Este poema foi escrito em 1600, uma época em que a mulher era desvalorizada quando comparada ao homem, pois o mesmo trabalhava fora enquanto ela atuava nas tarefas domésticas. Era uma mulher do povo, pois na elite não seria autorizada de aparecer em público ou olhar para homens.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema.
O poeta demonstra sua dificuldade em se aproximar da sua musa (mulher),
pois o poeta repete a rogativa duas vezes.

Anonymous said...

JOANA

ACHANDO SE O POETA EM HUMA FESTIVIDADE NA IGREJA DE SAM FRANCISCO DAQUELLA VILLA, VIIU ESTAS TREZ MOÇAS; E ENTRANDO EM QUESTÃO COM OUTROS AMIGOS, QUE ALI ESTAVÃO SOBRE QUAL ERA A MAIS FORMOSA, ELLEGE ENTRE AS TREZ A JOANA POR MAIS FORMOSA E SINGULAR.

Dão agora em contender
sobre qual Moça é mais bela,
Joana, se a parentela,
e eu me não sei resolver:
se eu pudera a Páris ser
de tão diversos Zagalos,
de tais garbos, de tais galas,
não só Joana julgara,
que as mais prefere na cara
mas a Vênus, Juno, e Palas.

2 Se Páris julgou com risco,
pois pela sentença dada
vemos a Tróia abrasada,
arda embora São Francisco:
reduzida a cinza, ou cisco
o sítio de idade a idade
dê assunto à posteridade;
arda ao sítio, o mundo arda,
viva Joana galharda,
e eu morra pela verdade.

3 As mais são muito formosas,
mui graves, e mui atentas,
nas Joana entre as Parentas
é Almirante entre as rosas:
as estrelas luminosas
sendo à Lua paralelas
são belas, mas menos belas,
e assim Joana em rigor
sendo a Luminar maior
és mais bela, que as estrelas.

4 Um Céu a Igreja se viu,
onde em luzido arrebol
brilham astros, veio o Sol,
e as estrelas desluziu:
qual sol Joana subiu,
e os astros escureceu;
se o que sucede no Céu,
sucede na Terra enfim,
bem haja eu, que o julgo assim
porque assim me pareceu.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado a uma musa (mulher), que é admirada pelo poeta devido ao seu encanto e perfeições das suas galhardas.
•Identifique o perfil da musa.
A musa (mulher) é uma mulher do povo, que dança e frequenta lugares públicos, que segundo o autor, tem características formosas e singulares.
•Situe o poema no momento histórico.
Este poema foi escrito em uma época em que quando um homem tinha interesse em uma mulher ele a cortejava por um longo tempo antes de assumir um compromisso. Já atualmente, isso acontece muito mais rápido, com menos cortesia e romantismo.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
Após a conquista da musa (mulher), seu encanto é perdido ao olhar do poeta.


BELETA

NAMORA-SE DE OUTRA CHAMADA BELETA, OU IZABEL, A QUEM FAZ O SEGUINTE.

MOTE
Desde que, Isabel, te vi
tal fiqvei, qve desde então
em mim se verá quem não
sabe já parte de si.

Jactou-se o meu alvedrio
de nascer com isenção
contra a dura escravidão
de Amor, e seu Senhorio:
como neste altivo brio
vivo, desde que nasci,
agora que me rendi,
confessa com suma dor,
que é já vassalo de Amor,
Desde que, Isabel, te vi.
E como não sei contar-te,
nem posso formar conceito
qual foi primeiro em meu peito
se o ver-te, se o adorar-te,
e sei, que de ver-te, e amar-te
foi tudo uma ocasião,
por resolver a questão
de quando entrei a querer-te,
digo, que ao tempo de ver-te
Tal fiquei, que desde então.

Tal fiquei, e tão absorto,
Quando vi tua beleza,
que a minha menor fineza
é amar, a quem me tem morto:
e como a viver me exorto
só por lograr a ocasião
de pensar meu coração,
tendo-se visto, quem já
por não penar morrerá,
em mim se verá, quem não.
Em mim se verá cumprida
a mor afeição de sorte,
que porque dure até à morte,
por padecer guarde a vida:
afeição jamais ouvida,
amor não visto até aqui
ficará, Isabel, de ti,
mas como enfim to diria,
quem por nenhum modo, ou via
Sabe já parte de si.

Anonymous said...

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Este poema é determinado como lírico/amoroso devido ao seu título relacionado a uma musa (mulher), que o rejeitou.
•Identifique o perfil da musa.
É uma mulher que rejeita os homens à procura de satisfação.
•Situe os poemas no momento histórico.
Mesmo sendo desvalorizada, a mulher tinha uma personalidade forte pois negou um homem, algo que não era comum na época, ao contrário de hoje.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
O poeta namorava a musa (mulher) mas não era correspondido, pois não a satisfazia, então, foi trocado por outro, e consequentemente, fez o soneto como uma expressão de seus sentimentos.


Acadêmicas: Zilda Cristine Modesto, Amanda Souza
1º Ano de Letras

Anonymous said...

Joana:

As mulatas me esqueceram
A quem com veneração
Darei o meu beliscão
Por amoroso

Análise:
Nesse poema, o autor caracteriza sua musa como sendo uma esnobe, pois apesar dele ter “beliscado com amor” sua musa e de a ter venerado, ela esqueceu-se dele.
O eu poético demonstra estar decepcionado com a amante, por ela o ter rejeitado.
Um beliscão é normalmente algo que dói, porém, poeticamente o beliscão é uma demonstração de amor. É provável, devido ao contexto histórico, o beliscão representasse o ato sexual de forma implícita, talvez até mesmo a primeira vez da Joana.
O possível ato sexual com dor, não seria uma prática comum entre a maioria dos casais. E o uso do plural, que indicaria a participação de mais mulheres em um único ato sexual, apenas tornaria o assunto do poema um tabu ainda maior.



Maria:

Mas eu não me queixo delas
Que de nenhuma mulher
Má, ou boa há de queixar-se
Homem de juízo tem

Análise:
Neste poema o eu poético dá a entender que foi traído por sua musa. Sendo assim, ele a caracteriza como sendo uma mulher má ou apenas uma adúltera.
Apesar disso, o eu poético não a culpa, ou melhor, ele não guarda rancores dela. Pois, sendo boa ou má, como homem de juízo, não seria capaz de reclamar da musa.
Dado o contexto histórico, a traição era normalmente escondida, diferente do que está expresso no poema, de forma sutil.



Mariquita:

Minha rica Mulatinha
Desvelo, e cuidado meu,
Eu já fora todo teu.
E tu foras toda minha

Análise:
A musa é uma mulata. O eu poético demonstra que teve relações carnais com a moça, usando-a somente, enquanto ela também o usava.
O eu poético demonstra carinho pela musa e expressa a libido juvenil.
No período barroco dizer claramente sobre sexo, não era comum, daí a linguagem metafórica.

Acadêmico: Marcelo Hagemann dos Santos
1º ano de Letras

Anonymous said...

Achei Anica na fonte
lavando sobre uma pedra
mais corrente, que a mesma água,
mais limpa, que a fonte mesma.
Salvei-a, achei-a cortês,
falei-a, achei-a discreta
namorei-a, achei-a dura,
queixei-me, voltou-se em penha.
Fui dar à Ilha uma volta,
tornei à fonte, e achei-a:
riu-se, não sei se de mim,
e eu ri-me todo p'ra ela.
Dei-lhe segunda investida,
e achei-a com mais clemência,
desculpou-se com o amigo,
que estava entonces na terra.
Conchavamos, que eu voltasse
na segunda quarta-feira,
que fosse à costa da Ilha,
e não pusesse o pé em terra,
Que ela viria buscar-me
com segredo, e diligência,
para na primeira noite
lhe dar a sacudidela.
Depois de feito o conchavo
passei o dia com ela,
eu deitado a uma sombra,
ela batendo na pedra.
Tanto deu, tanto bateu
co'a barriga, e co'as cadeiras,
que me deu a anca fendida
mil tentações de fodê-la.
Quando lhe vi a culatra
tão tremente, e tão tremenda,
punha eu os olhos em alvo,
e dizia, Amor, paciência.
O sabão, que pelas coxas
corria escuma desfeita,
dizia-lhe eu, que seriam
gotas, que Anica já dera.
Porque segundo jogava
desde a popa à proa, a perna,
antes de eu lhe ter chegado,
entendi, que se viera.
De quando em quando esfregava.”
a roupa ao carão da pedra,
e eu disse "mate-me Deus
com puta, que assim se esfrega."
Anica a roupa torcia,
e torcendo-a ela mesma,
eu era, quem mais torcia,
que assim faz, quem não pespega.
Estendeu a roupa ao sol,
o qual, levado da inveja
por quitar-me aquela glória,
lha enxugou a toda a pressa.
Recolheu Anica a roupa,
dobrou-a, e pô-la na cesta,
foi para casa, e deixou-me
a la Luna de Valencia.
O poeta descreve o corpo de sua musa de forma muito sensual e detalhada, o momento de coito entre o poeta e sua musa, que conheceu ao vê-la lavar roupas. Em poucos dias já estavam fazendo amor. Ao fim do ato, a moça se vai, deixando-o só.



Querem matar-me os teus olhos,
Anica, e sinto somente,
que se hão de ver-me, e matar-me,
que me matem com não ver-me.
Já que o não ver-te me mata,
deixa morrer-me de ver-te,
porque o morrer a teus olhos
dá gosto, ao que se padece.
Se a morte minha há de ser,
tu por que o achaque eleges?
de não ver-te qués, que eu morra,
de ver-te por que não queres?
Se virás como me morro,
morrera eu assim contente,
vendo-me morto por ti,
e a ti sem asco de ver-me.
Dos mais te guarda, e não vivam,
eu morra de ver-te sempre,
porque tão gloriosa morte
quero para mim somente.
Já que Deus te deu bom rosto,
Anica ingrata, aparece,
muda antes de parecer,
do que não de aparecer-me.
Pelos teus olhos te peço,
que este romance contemples,
que inda farás nisso menos,
do que eu fizera por eles.
ESTRIBILHO
Não Anica, te escondas,
aparece sempre,
que o ser bem parecida
disso depende.
O poeta chega ao ponto de falar na morte se não tiver o amor de sua musa. Diz que ficaria feliz com o simples fato dela o ver morrer, fixando um amor platônico e incondicional.


Acadêmica: Caroline Zoefdeld Treml
1º ano de Letras

Anonymous said...

DESCREVE COM GALHARDA PROPRIEDADE O LABIRINTO CONFUSO DE SUAS DESCONFIANÇAS.


Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio amando,
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte, aonde estou vivendo!

Ó voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada fantasia, sono brando,
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando,
Onde o próprio, que escuto, não entendo!

Sempre és certeza, nunca desengano,
E a ambas propensões, com igualdade
No bem te não penetro, nem no dano.

És ciúme martírio da vontade,
Verdadeiro tormento para engano,
E cega presunção para verdade.

AO MESMO ASSUNTO E NA MESMA OCASIÃO.


Corrente, que do peito desatada
Sois por dois belos olhos despedida,
E por carmim correndo desmedida
Deixais o ser, levais a cor mudada.

Não sei, quando caís precipitada
As flores, que regais, tão parecida,
Se sois neves por rosa derretida,
Ou se a rosa por neve desfolhada.

Essa enchente gentil de prata fina,
Que de rubi por conchas se dilata,
Faz troca tão diversa, e peregrina,

Que no objeto, que mostra, e que retrata,
Mesclando a cor purpúrea, e cristalina,
Não sei, quando é rubi, ou quando é prata.

REMETE À SUA ESPOSA A SEGUINTE OBRA, CHOVENDO PRÊMIOS À AQUELA DEMONSTRAÇÃO DE AMOR.


Não sei, em qual se vê mais rigorosa
A força desta nossa despedida,
Se em mim, que sinto já perder a vida,
Se em vós, a quem contemplo tão chorosa.

Vós com incêndios d'alma piedosa
Mostrais a dor em água convertida,
Eu com ver-me tão longe da partida,
Nem água me deixou dor tão forçosa.

Vós, pelo que entendeis do meu sentido,
Obrais, a causa tendo inda presente;
Pagando-me antemão, quanto mereço.

Eu logo, que me vir de vós partido,
N’alma satisfarei estando ausente
Esse amor, que nos olhos vos conheço.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
Os poemas descrevem a musa de forma contraditória de maneira luxuosa e delicada, ora a descrevendo como rosa derretida ou neve desfolhada, ora a retratando como um rubi atraente, preciosa e vigorosa ou ainda gentil como prata fina. O eu poético expressa o seu amor, o ciúme da amada, a dor da partida sem luz e duras penas em um labirinto horrendo em função de sua ausência.
•Identifique o perfil da musa.
Cheia de formosura Maria era delicada e também cheia de vigor, de face rosada, jovial como uma flor sem perder a sedução.
•Situe os poemas no momento histórico.
Os poemas não tinham datas, mas a forma como a musa era descrita, não deixando totalmente explicito suas intenções e seus interesses carnais sobre Maria, e também a modo com é construídos os versos e o uso de palavras como: galharda - o que mostra não ser um poema contemporâneo.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
Gregório de Matos era um genuíno poeta barroco, não se preocupava com as normas literárias ou as regras impostas na época. Era um poeta ousado ao descrever suas musas e às vezes, a forma dolorosa do intenso amor ou de sua partida.

Acadêmica: Tamara Ferreira dos Santos
1º ano de Letras

Anonymous said...

RETRATA O POETA AS GALHARDAS PERFEIÇÕES DESTA DAMA SEM HIPERBOLE DE ENCARECIMENTO.

Retratar ao bizarro
quero Joanica,
por ser Moça, galharda
sobre bonita.

Que os cabelos são d'ouro,
não se duvida,
porque o Sol é Joana,
que o certifica.

São seus olhos por claros
alvas do dia,
que põem de ponto em branco
a rapariga.

Certo dia encontrei,
que alegre ria,
mas não vi, que de prata
os dentes tinha.

Por entre eles a língua
mal se divisa,
mas é certo, que fala
como entendida.

A boquinha bem feita,
e pequenina
a pedir vem de boca
por bonitinha.

Que tem mãos liberais,
quem o duvida.
que as mãos sempre lavadas
dá como rica.

Da camisa o cambrai
tem rendas finas,
e eu lá vi, que os peitinhos
me davam figas.

Ser de peito atacado
me parecia
porque muito delgada
a cinta tinha.

Com um guarda-pé verde
Os pés cobria,
sendo que tomou pé
para ser vista.

Sim julguei, que pequenos
os pés teria,
quando vi que de firme
mui pouco tinha.

E com isto vos juro
minha Menina,
que vos quero, e vos amo
por minha vida.

• Levantamento dos elementos líricos/amorosos:

“Que os cabelos são d’ouro (...) porque o sol é Joana”. Gregório enaltece sua musa Joana, criando um ser especial. Ela não tem apenas cabelos loiros, mas é o sol.
“Mas não vi, que de prata os dentes tinha” Mais uma vez, traz esse ser diferente ao afirmar que seus dentes luzem como prata.


NAMORA-SE DE OUTRA CHAMADA BELETA, OU ISABEL, A QUEM FAZ O SEGUINTE.

Jactou-se o meu alvedrio
de nascer com isenção
contra a dura escravidão
de Amor, e seu Senhorio:
como neste altivo brio
vivo, desde que nasci,
agora que me rendi,
confessa com suma dor,
que é já vassalo de Amor,
Desde que, Isabel, te vi.

E como não sei contar-te,
nem posso formar conceito
qual foi primeiro em meu peito
se o ver-te, se o adorar-te,
e sei, que de ver-te, e amar-te
foi tudo uma ocasião,
por resolver a questão
de quando entrei a querer-te,
digo, que ao tempo de ver-te
Tal fiquei, que desde então.


Tal fiquei, e tão absorto,
Quando vi tua beleza,
que a minha menor fineza
é amar, a quem me tem morto:
e como a viver me exorto
só por lograr a ocasião
de pensar meu coração,
tendo-se visto, quem já
por não penar morrerá,
em mim se verá, quem não.

Em mim se verá cumprida
a mor afeição de sorte,
que porque dure até à morte,
por padecer guarde a vida:
afeição jamais ouvida,
amor não visto até aqui
ficará, Isabel, de ti,
mas como enfim to diria,
quem por nenhum modo, ou via
Sabe já parte de si.

• Levantamento dos elementos líricos/amorosos:

“E como não sei contar-te, nem posso formar conceito qual foi primeiro em meu peito se o ver-te, se o adorar-te, e sei, que de ver-te, e amar-te foi tudo uma ocasião, por resolver a questão de quando entrei a querer-te, digo, que ao tempo de ver-te. Tal fiquei, que desde então”. Nesse trecho do poema, o autor expressa a vulnerabilidade que o amor traz às pessoas.

Anonymous said...

À MESMA MULATA MANDANDO AO POETA UM PASSARINHO.

Este favor, que é valia,
diz Amor, porque se afoite,
que, o que me destes de noite
quisestes mandar de dia:
foi favor por simpatia,
porém, que seja, me espanta
esse pássaro, que encanta,
quando de músico aposta,
de noite uma ave, que gosta,
de dia uma ave, que canta.

Certo, que amor presumiu,
quando o pássaro apalpei,
que, o que de noite vos dei,
pela manhã vos fugiu:
mas se este efeito vos viu,
meus amores, certifico,
que o tal passarinho rico
foi por singular razão
de noite a buscar o grão,
de dia a molhar o bico.

És galharda Mariquita
desvelo dos meus sentidos,
pois em continos gemidos
vivo por lograr tal dita:
meu coração me palpita.
quando te vejo passar
com tal garbo, e com tal ar,
que deixas-me alma perdida,
e se me pode dar vida,
porque me queres matar?

Minha rica Mulatinha
desvelo, e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha:
juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino
pois por ti já perco o tino,
e ando para morrer.

• Levantamento dos elementos líricos/amorosos:
“Esse pássaro, que encanta”. Percebe-se a comparação do autor de sua musa a um pássaro, afirmando que sua voz é tão bela quanto o soar de uma ave.



• Perfil da Musa:
Nos três poemas, o eu poético exalta a musa, sendo ela loira ou mulata, ela é sempre muito bela. E de um jeito ou de outro, o autor acaba amando-a pelas suas características físicas.
• Momento Histórico:
Há o deslocamento do atual para o barroco nos poemas apresentados acima. Como barroco, Gregório de Matos faz com que os leitores percebam os conflitos barrocos, entre a fé e a carnalidade.
• Conflitos Barrocos:
Em cada poema, percebe-se que o autor usa de coisas tocáveis, concretas. Ele humaniza o amor, não fixa em seus poemas o divino, mas os valores humanos.

Acadêmicas: Jênifer Aline e Letícia Danner
1º ano Letras

Anonymous said...

BELETA
Desde que, Isabel, te vi,
tal fiquei; que desde então
em mim se verá quem não
sabe já parte de si
1. O eu lírico fala de como se sentiu desde que conheceu a musa do poema.
2. O eu lírico descreve que não se sente igual a antes de ter conhecido a musa.
3. O eu lírico descreve o amor como um sentimento que o consome.
4. Conflito com o sentimento, que ao mesmo tempo é desejado, mas também o consome.

JOANA

Huma Moça galharda, e formosa, que morara na Villa de San Francisco com duas Irmãs também formosas, honestas, e recatadas.

1. O eu lírico descreve a beleza de sua musa e de suas irmãs.
2. O eu lírico menciona o quanto a musa e as irmãs são formosas, honestas e recatadas.
3. O eu lírico expressa seu amor a partir da aparência da musa, e de suas irmãs.
4. Conflito de escolha entre a musa e as irmãs, igualmente formosas.

TERCEIRA VEZ IMPACIENTE MUDA O POETA O SEU SONETO NA FORMA SEGUINTE.


Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria:

Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria:

Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.

Que passado o zenite da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.

1. O eu lírico fala da beleza da musa enquanto jovem, e lhe pede que a preserve.
2. O eu lírico descreve a musa como sendo discreta, formosa e jovem.
3. O eu lírico descreve seu amor através da juventude da musa.
4. Conflito da efemeridade da vida, ocorrendo entre a beleza jovial da musa, e a potencial perda dessa beleza na idade madura.

Acadêmico: Bruno Pacheco Ferreira
1º ano de Letras

Anonymous said...

LISONJEIA OUTRA VEZ IMPACIENTE A RETENÇÃO DE SUA MESMA DESGRAÇA, ACONSELHANDO A ESPOSA NESTE REGALADO SONETO.


Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


TERCEIRA VEZ IMPACIENTE MUDA O POETA O SEU SONETO NA FORMA SEGUINTE.


Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria:

Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria:

Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.

Que passado o zenite da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.


DESCREVE COM GALHARDA PROPRIEDADE O LABIRINTO CONFUSO DE SUAS DESCONFIANÇAS.


Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio amando,
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte, aonde estou vivendo!

Ó voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada fantasia, sono brando,
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando,
Onde o próprio, que escuto, não entendo!

Sempre és certeza, nunca desengano,
E a ambas propensões, com igualdade
No bem te não penetro, nem no dano.

És ciúme martírio da vontade,
Verdadeiro tormento para engano,
E cega presunção para verdade.


ANÁLISE:

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso: Gregório de Matos fala nos seus poemas sobre Maria através de um amor carnal, evidenciando a corporalidade sendo que cita as suas qualidades físicas demonstrando o seu desejo de tê-la.

•Identifique o perfil da musa: Linda, discreta, formosa, gentil, em plena jovialidade, de cabelos compridos com cores reluzentes, de um admirável sorriso, em geral sendo uma mulher extremamente causadora da atração masculina.

•Situe os poemas no momento histórico: Barroco. Século XVI. Notadamente em seus primeiros 25 anos, pode ser considerado o período áureo de Portugal, não é menos verdade que os 25 últimos anos desse mesmo século podem ser considerados o período mais negro de sua história, e desenvolve a estética barroca, notadamente nos anos que se seguem ao domínio espanhol, já que a Espanha é o principal foco irradiador do novo estilo. O quadro brasileiro se completa, no século XVII, com a presença cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e, finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar.


•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas: Os conflitos se baseiam em que na época relacionava-se a mulher pela sua espiritualidade, porém com Gregório de Matos houve uma mudança do cenário literário da época evidenciando o amor não em sua espiritualidade, mas em sua corporalidade. O poeta foi inovador e corajoso devido ao preconceito que o mesmo sofreria no momento em que os seus poemas fossem lidos. A mulher nos poemas é elogiada pela sua beleza corporal dando ênfase as suas qualidades provocativas, pela atração física, considerada pecado na visão Quinhentista.

Acadêmicos: Jeferson Luis da Silva, Jaqueline Rocha de Leao e Camila Zoellner
1º Ano de Letras

Anonymous said...

TERCEIRA VEZ IMPACIENTE MUDA O POETA O SEU SONETO NA FORMA SEGUINTE.


Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria:

Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria:

Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.

Que passado o zenite da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
- O eu lírico descreve sua musa de uma forma carinhosa e respeitosa, enquanto a observa a sua aparência com detalhes.
•Identifique o perfil da musa.
O perfil da musa é: discreta, formosa, face rosada, beldade e uma moça jovem.
•Situe os poemas no momento histórico.
Gregório diz que a moça era mais fechada, discreta em relação ao amor, hoje as moças estão mais a vontade para se expressar em relação a esse sentimento.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema.
Enquanto o eu poético admirava o vigor da musa, desejava sua mocidade.









TORNA O POETA A INSTAR SEGUNDA VEZ SEM SE AFASTAR DO SEU ENCARECIMENTO

DÉCIMA

Maricas, quando te eu vi,
tanto a minha alma roubastes,
que não sei, se me acabastes,
ou se eu fui, que me perdi:
porém sempre presumi,
que êste amor, que há entre nós,
causa pena tão atroz,
que a mim no fim me tem pôsto,
porque nada me dá gôsto
quando me vejo sem vós.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
O eu poético menciona que teve sua alma roubada, a vida não tem sentido nem gosto sem ela.
•Identifique o perfil da musa.
Pessoa que ele ama muito, roubou sua alma, sem ela não vê sentido a vida.
•Situe os poemas no momento histórico.
É um amor platônico, a vida só faz sentido se ele a tiver. Hoje o amor não é mais tão importante, as pessoas não valorizam mais o amor como antes, às vezes, bens materiais são mais valorizados do que os espirituais.
•Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema.
O poeta desejava ter ela para si, junto a sua alma.












RECOLHIDO O POETA A SUA CASA ASSASMENTE NAMORADO QUE HAVIA VISTO: NAO PÓDE SOCEGAR SEU AMANTE GENIO, QUE LHE NÃO MANDASSE NO OUTRO DIA ESTE ENCARECIMENTO DE SEU AMOR.

SONETO

Ontem quando te vi, meu doce emprêgo,
Tão perdido fiquei por ti, meu bem,
Que parece, êste amor nasce, de quem
Por amar-te já vive sem sossêgo,

Essa luz de teus olhos me tem cego,
E tão cego, Senhora, êles me têm,
Que é fineza o adorar-te, e assim convém,
A ti, ó rica prenda, o desapêgo.

Eu buscar-te, meu bem, isso é fineza,
Tu deixares de amar-me é desfavor,
Eu amar-te com fé, isso é firmeza.

Tu ausente de mim, vê, que é rigor,
Nota pois, que farei, rica beleza,
Quando amar-te desejo com primor.

•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
O eu poético fala que depois que a viu vive sem sossego, é encantado por seus olhos, a ama com fé e a adora.
•Identifique o perfil da musa.
A musa é descrita pelos belos olhos que cegam, possui uma rica beleza.
•Situe os poemas no momento histórico.
O eu poético expressa sua adoração pela musa, vive sem sossego por sua causa e a deseja. Hoje o amor é desejo
•Identifique os conflitos Barrocos contidos no poema.
Mistura a crença com o amor porque ele diz que a ama com fé e a deseja amá-la com primor.

Alunas: Evelin Thaiara Stenghen e Vanessa Symbalista.
1º ano de Letras

Anonymous said...

Retratar ao bizarro
quero Joanica,
por ser Moça, galharda
sobre bonita.

Que os cabelos são d'ouro,
não se duvida,
porque o Sol é Joana,
que o certifica.

São seus olhos por claros
alvas do dia,
que põem de ponto em branco
a rapariga.

Certo dia encontrei,
que alegre ria,
mas não vi, que de prata
os dentes tinha.

Por entre eles a língua
mal se divisa,
mas é certo, que fala
como entendida.

A boquinha bem feita,
e pequenina
a pedir vem de boca
por bonitinha.

Que tem mãos liberais,
quem o duvida.
que as mãos sempre lavadas
dá como rica.

Da camisa o cambrai
tem rendas finas,
e eu lá vi, que os peitinhos
me davam figas.

Ser de peito atacado
me parecia
porque muito delgada
a cinta tinha.

Com um guarda-pé verde
Os pés cobria,
sendo que tomou pé
para ser vista.

Sim julguei, que pequenos
os pés teria,
quando vi que de firme
mui pouco tinha.

E com isto vos juro
minha Menina,
que vos quero, e vos amo
por minha vida.


1.O poeta define a musa com traços de um corpo sedutor, pouco desenvolvido. Não chega a ser uma menina, mas seu rosto, seus modos, e seu comportamento caracterizam seu,pois estes elementos que completam e atraem o poeta,a beleza da juventude.
2.


Willian Brendon Klopass Locks de Godói

Anonymous said...

Soneto VII

Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!

Tu, que em um peito abrasas escondido, ,
Tu, que em um rosto corres desatado,
Quando fogo em cristais aprisionado,
Quando cristal em chamas derretido.

Se és fogo como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.

Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.

Maria

Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria:
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria:

Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.

Que passado o zenite da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade.

Recatava-se Anica deixando-se ver por indulgência

Não te posso ver, Anica,
por mais que Amor me desperte,
que tu és muito tirana,
e serás ingrata sempre.
Se foras compadecida,
não cessara de querer-te,
pois a beleza humanada
adquire mil interesses.
Inda assim eu quero, Anica,
que tu me mates mil vezes
com os raios da tua ira
mais do que com te esconderes.
Porque és, Anica, tão bela
que a alma, que por ti se perde,
não pode deixar de ter
muitas glórias aparentes.
Permite por esta vez,
que o teu resplendor contemple,
para ofertar-lhe mil vidas
hoje em holocausto breve.
E se acaso é divindade
a beleza, quem se atreve,
sendo bela, a ser ingrata,
se os atributos desmente?
Havemos de acomodar-nos
na porfia de querer-te,
matem-me embora os teus raios,
porém aparece sempre.
Mate-me a tua isenção,
que eu não cesso de querer-te,
consumam-se os teus rigores
com condição de me veres.

Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico amoroso:
No poema Soneto VII o autor mostra um paradoxo, o poema é contraditório e bipolar. Percebe o mundo através dos sentidos. No poema Maria, exprime beleza e juventude, utiliza formas de mostrar a passagem da vida, fala da velhice e da morte. A preocupação com a morte aparece também no poema Anica, além da admiração da beleza feminina.
Identifique o perfil das musas:
A musa do poema Soneto VII é o amor, que é comparada tanto ao fogo quanto a água. Já no segundo poema, a musa é sua esposa Maria que era discreta e formosa, enquanto que Anica, a musa do terceiro poema, apesar de muito bela, é tida pelo autor como ingrata e tirana.
Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas:
No primeiro poema nos deparamos com sentimentos conflitantes e o poeta passa a investigá-lo racionalmente, deixando a emoção de lado. Em algumas partes do poema percebemos contradições e paradoxos. No poema Maria, vemos o dualismo entre a juventude e a velhice e a divisão entre a carne e o espírito, também visto no poema Anica.
Situe os poemas no momento histórico:
O barroco na arte marcou um momento de crise espiritual da sociedade européia. O homem do século XVII era um homem dividido entre duas mentalidades: a medieval e a renascentista, o homem do século XVII era um ser contraditório.


Alunas: Natali Rottini e Júlia Reinert.

Anonymous said...

LIZONGEA O SENTIMENTO DE FRANCISCO MONIZ DE SOUZA SEU IRMÃO FAZENDO EM SEU NOME ESTE SONETO:
Elementos determinadores lírico\amoroso: O poeta enaltece o amor do irmão pela bela Teresa, como ele a chama em um dos versos. Por exemplo:
“Porém que importa, bem que me desvela
Na flor o golpe, se maior ventura
Vos prometo o céu, bela Teresa.”
O poema, em versos, coloca em um pedestal o amor falecido.
Perfil da musa: A mulher, apesar da morte ter vindo buscá-la, é engraçada e formosa. Seus atributos, para o poeta, continuarão a existir no Céu.
Situe os poemas no momento histórico: A cultura brasileira, em meados do século XVII, era precária, não havia produção cultural significativa no país por causa da transplantação. O poema revela influência do barroco espanhol.
Conflitos barrocos contidos no poema: O poema diz que a musa será ainda mais bela no Céu, portanto, é trabalhado a questão da vida e da morte; está contido também hipérbato e uso de metáforas durante os versos, caracterizando o estilo barroco.

* NO DIA EM QUE FAZIA ANNOS ESTA DIVINA BELLEZA; ESTE PORTENTO DE FORMOSURA DONA ANGELA, POR QUEM O POETA SE CONSIDERAVA AMOROSAMENTE PERDIDO, E QUASE SEM REMEDIO PELA GRANDE IMPOSSIBILIDADE DE PODER LOGRAR SEUS AMORES: CELEBRA OBSEQUIOSA, E PRIMOROSAMENTE SUAS FLORENTES PRIMAVERAS COM ESTA LINDISSIMA CANÇÃO:
Elementos determinadores do lírico\amoroso: Gregório de Matos celebra o amor neste poema; fala de afeto, alegria, fortuna. Por exemplo: “Pois os dias, as horas, os anos Alegres e ufanos Dilatam as eras; Venham depressa aos anos felizes, que Amor festeja.”
Neste trecho percebemos que o sentimento amoroso que ele tem pela amada parece infinito de duração e tamanho.
Perfil da musa: Ângela parece trazer ao poeta sua suavidade, iluminação e felicidade.
Momento histórico: Além do momento histórico que pode ser comparado com o do poema anterior, soube-se que o poeta pretendia casar-se com esta senhora, porém a idade e a falta de bens fez com que o poeta fizesse amizade com seu irmão Francisco Moniz de Souza, tendo como objetivo a aproximação com Ângela.
Conflitos barrocos contidos no poema: Há o cultismo, jogo de palavras, rebuscamento da forma. Preocupação com a brevidade da vida (carpe diem). Emprego de figuras de linguagem para reconstruir o real.

*PONDERA AGORA COM MAIS ATTENÇÃO A FORMOSURA DE D. ANGELA:
Elementos determinadores do lírico\amoroso: Gregório de Mattos mais uma vez, em seu poema, exalta o amor, beleza; trata de exageros. Ele tematiza o amor idealizado, pois o poeta teve uma paixão não correspondida, pela filha de um senhor engenhoso, D. Ângela de Sousa Paredes

Perfil da musa: Ângela significa "anjo", era assim que ele a via, angelical,uma beleza descomunal e também a via como sol, quente e ardente como a paixão.

Momento histórico: Podemos comparar o momento com o mesmo do poema anterior.
Conflitos barrocos contidos no poema: Percebe-se um vocabulário mais erudito, e o trabalho com imagens menos carnais e mais líricas elevadas, como em “De uma Mulher, que os anjos se mentia, De um Sol, que se trajava em criatura”. Que ajudam a dar um tom de distanciamento maior entre o poeta e sua amada.


Alunas: Flávia Machado Witt e Tamires da Silva
1º ano Letras

Anonymous said...

RETRATA O POETA AS GALHARDAS PERFEYÇÕES DESTA DAMA SEM HYPERBOLE DE ENCARECIMENTO.

Retratar ao bizarro
quero Joanica,
por ser Moça, galharda
sobre bonita.

Que os cabelos são d'ouro,
não se duvida,
porque o Sol é Joana,
que o certifica.

São seus olhos por claros
alvas do dia,
que põem de ponto em branco
a rapariga.

Certo dia encontrei,
que alegre ria,
mas não vi, que de prata
os dentes tinha.

Por entre eles a língua
mal se divisa,
mas é certo, que fala
como entendida.

A boquinha bem feita,
e pequenina
a pedir vem de boca
por bonitinha.

Que tem mãos liberais,
quem o duvida.
que as mãos sempre lavadas
dá como rica.

Da camisa o cambrai
tem rendas finas,
e eu lá vi, que os peitinhos
me davam figas.

Ser de peito atacado
me parecia
porque muito delgada
a cinta tinha.

Com um guarda-pé verde
Os pés cobria,
sendo que tomou pé
para ser vista.

Sim julguei, que pequenos
os pés teria,
quando vi que de firme
mui pouco tinha.

E com isto vos juro
minha Menina,
que vos quero, e vos amo
por minha vida.


LISONJEIA OUTRA VEZ IMPACIENTE A RETENÇÃO DE SUA MESMA DESGRAÇA, ACONSELHANDO A ESPOSA NESTE REGALADO SONETO.

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

INDO O POETA PASSEAR PELA ILHA DA CAJAIBA, ENCONTROU LAVANDO ROUPA A MULATA ANNICA E LHE FEZ ESTE ROMANCE.
Achei Anica na fonte
lavando sobre uma pedra
mais corrente, que a mesma água,
mais limpa, que a fonte mesma.
Salvei-a, achei-a cortês,
falei-a, achei-a discreta
namorei-a, achei-a dura,
queixei-me, voltou-se em penha.
Fui dar à Ilha uma volta,
tornei à fonte, e achei-a:
riu-se, não sei se de mim,
e eu ri-me todo p'ra ela.
Dei-lhe segunda investida,
e achei-a com mais clemência,
desculpou-se com o amigo,
que estava entonces na terra.
Conchavamos, que eu voltasse
na segunda quarta-feira,
que fosse à costa da Ilha,
e não pusesse o pé em terra,
Que ela viria buscar-me
com segredo, e diligência,
para na primeira noite
lhe dar a sacudidela.
Depois de feito o conchavo
passei o dia com ela,
eu deitado a uma sombra,
ela batendo na pedra.
Tanto deu, tanto bateu
co'a barriga, e co'as cadeiras,
que me deu a anca fendida
mil tentações de fodê-la.
Quando lhe vi a culatra
tão tremente, e tão tremenda,
punha eu os olhos em alvo,
e dizia, Amor, paciência.
O sabão, que pelas coxas
corria escuma desfeita,
dizia-lhe eu, que seriam
gotas, que Anica já dera.
Porque segundo jogava
desde a popa à proa, a perna,
antes de eu lhe ter chegado,
entendi, que se viera.
De quando em quando esfregava.”
a roupa ao carão da pedra,
e eu disse "mate-me Deus
com puta, que assim se esfrega."
Anica a roupa torcia,
e torcendo-a ela mesma,
eu era, quem mais torcia,
que assim faz, quem não pespega.
Estendeu a roupa ao sol,
o qual, levado da inveja
por quitar-me aquela glória,
lha enxugou a toda a pressa.
Recolheu Anica a roupa,
dobrou-a, e pô-la na cesta,
foi para casa, e deixou-me
a la Luna de Valencia.

Anonymous said...

Elementos líricos amorosos:
• A presença de uma musa
• Elogios e requintes, às vezes exagerados e graciosos.
• Hipérboles, como por exemplo, no trecho:
“... porque o Sol é Joana...”
• Alusões mitológicas:
“O ar, que fresco Adônis te namora...”
Perfil da musa:
• Bonita
• Loira: “... Que os cabelos são d'ouro”
• Olhos claros
• Alegre
• Perfil de menina
Momento Histórico:
Meados de 1600, pelo perfil barroco de seu poema, como nos trechos com hipérboles.
Conflitos Barrocos contidos nos poemas:
Ele primeiro exalta a exuberância de sua musa:
“Que os cabelos são d'ouro,
não se duvida,
porque o Sol é Joana,
que o certifica.“

Depois faz alusão ao desejo pela carne:

“Ser de peito atacado
me parecia
porque muito delgada
a cinta tinha.”

Desengano da vida:

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


ACADÊMICOS: João Paulo e Stefanie.

Anonymous said...

1:

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


2:

Ó caos confuso, labirinto horrendo,
Onde não topo luz, nem fio amando,
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte, aonde estou vivendo!

Ó voz sem distinção, Babel tremendo,
Pesada fantasia, sono brando,
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando,
Onde o próprio, que escuto, não entendo!

Sempre és certeza, nunca desengano,
E a ambas propensões, com igualdade
No bem te não penetro, nem no dano.

És ciúme martírio da vontade,
Verdadeiro tormento para engano,
E cega presunção para verdade.


3:

Ardor em coração firme nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!

Tu, que um peito abrasas escondido,
Tu, que em um rosto corres desatado,
Quando fogo em cristais aprisionado,
Quando cristal em chamas derretido.

Se és fogo como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai! que andou Amor em ti prudente.

Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.

Análise:
•Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.
O poeta utiliza o poema para expressar o sentimento de amor a Maria, descrito em admiração por sua beleza, encantado pela formosura, pela sua personalidade, extasia-se por cada gesto seu. Seguidos de ciúmes e desconfianças, por medo de perdê-la.

•Identifique o perfil da musa.
Maria, aos seus olhos é uma mulher encantadora e sedutora. Uma jovem na flor da idade, com todo vigor e energia.

•Situe os poemas no momento histórico.
Escritos em 1600. Com uma característica reservada, os poemas da época não descreviam com detalhes o corpo feminino, considerando o fato de que a cultura mantinha um perfil conservador. Os desejos sexuais não eram explícitos claramente, embora seja possível detectar tais sentimentos no texto.

•Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.
Diferentemente do que se escrevia na época, a característica do texto Barroco, vem romper paradigmas e conceitos literários, apresentando-se de forma irregular, não obedecendo as regras literárias impostas. Certamente os escritos de Gregório de Matos expressam conflitos diante desse fato.

Alunas: Virgiliana Galli e Juliana Stolf

Anonymous said...

ANICA.
(Obra poética de Gregório de Matos)


GALANTEIA O POETA SEGUNDA VEZ A ESTA MESMA ANNICA COM ESTE ROMANCE.

Querem matar-me os teus olhos,
Anica, e sinto somente,
que se hão de ver-me, e matar-me,
que me matem com não ver-me.
Já que o não ver-te me mata,
deixa morrer-me de ver-te,
porque o morrer a teus olhos
dá gosto, ao que se padece.
Se a morte minha há de ser,
tu por que o achaque eleges?
de não ver-te qués, que eu morra,
de ver-te por que não queres?
Se virás como me morro,
morrera eu assim contente,
vendo-me morto por ti,
e a ti sem asco de ver-me.
Dos mais te guarda, e não vivam,
eu morra de ver-te sempre,
porque tão gloriosa morte
quero para mim somente.
Já que Deus te deu bom rosto,
Anica ingrata, aparece,
muda antes de parecer,
do que não de aparecer-me.
Pelos teus olhos te peço,
que este romance contemples,
que inda farás nisso menos,
do que eu fizera por eles.


Lírico.

No poema “ANICA” de Gregório de Matos, o elemento determinador do lírico é a febre da paixão. Pode ser entendida também como uma paixão doentia, na qual não é necessário ser recíproco. O narrador simplesmente exerce a paixão, independente da possível atenção doada pela amada, ou pela ausência da mesma.
Segue abaixo uma citação do poema que expressa de forma clara à paixão entrelaçada no desejo de morte. Dadas as circunstâncias, um homem atormentado pela paixão, praticamente um morto-vivo;

Já que o não ver-te me mata,
deixa morrer-me de ver-te,
porque o morrer a teus olhos
dá gosto, ao que se padece.



Perfil da Musa.

Característica dada pelo eu poético em sua paixão pela musa, olhos de morte. Possuidora de um “bom rosto, dado por Deus, ingrata e muda”.

Olhos de morte,

“Querem matar-me os teus olhos,
Anica, e sinto somente,
que se hão de ver-me, e matar-me”,

Bom rosto, dado por Deus, ingrata e muda.
Já que Deus te deu bom rosto,
Anica ingrata, aparece,
muda antes de parecer,



Momento Histórico.

Poema pertencente ao movimento Barroco ou Seiscetismo que é posterior ao Quinhentismo. O Movimento Barroco tem como característica o contraste representado pelo novo movimento: vida e morte; céu e terra; sagrado e profano; espírito e matéria- alma e corpo; prazer e dor. Divergindo do movimento anterior, o Quinhentismo onde a literatura era tratada como texto informativo como a Carta de Pero Vaz de Caminha ou as produções jesuíticas. Obra produzida entre 1636 a 1695, (ano de nascimento e morte do autor), por Gregório de Matos.


Conflito Barroco.

Conflito Barroco encontrado no poema “ANNICA” de Gregório de Matos exibe o reflexo do ser envolvido pela paixão, onde afirma que o olhar da amada pode ser mortal, ou simplesmente a visão da amada torna se letal. Concluindo, vendo ou não vendo sua amada, sendo percebido por ela ou não, ele à de ser um homem mortificado pela paixão.

Anonymous said...

ANICA.
(Obra poética de Gregório de Matos)

AO MESMO ASSUMPTO
Eterna vida com razão quiseste.
Na flor da idade à morte te rendeste.
No melhor dos teus anos acabaste,
Porém se por caduca esta deixaste,
Eterna vida com razão quiseste.

Logra ditoso pois nessa celeste
Galharda habitação, que desejaste,
A glória, a que feliz te destinaste.
O bem, que justamente apeteceste.

Ventura nunca igual! Propícia Sorte!
Que na contenda dentre a morte, e a vida
Arbitro teu desejo foi mais forte.

Pois aspirando à glória mais crescida,
Render tão presto te quiseste à morte,
Deixando a morte com morrer vencida.


Lírico.

No poema “Anica” com subtítulo “Ao Mesmo Assupto” o determinador lírico de fato era alguém que vivia a flor da idade, não obtendo a sorte de arbitrar em seu próprio caminho, herdou assim a morte, elemento ditador de um destino sem escolhas.



Perfil da Musa.

Vivia o melhor de seus anos, a flor da idade - “Por caduca que estivera, feliz te destinaste e morrer vencida assim se fez ela”.



Momento Histórico

Acompanhando as transformações da arquitetura, arte, a literatura não ficava para traz. Apesar de toda movimentação ocorrida no século XVII o Brasil presenciou o nascimento da literatura, produto de escritores nascidos na colônia. Enfrentando invasões, como a ocorrida na Bahia, ainda assim na prematura colônia, se destacou Gregório de Matos, poeta e advogado.
O texto Anica traz consigo uma forte característica do Barroco, à abordagem da morte a quem a musa foi rendida e entregue, deixando se morrer, vencida pela morte.



Conflito Barroco.

O movimento Barroco tem como característica o conflito, ou seja, a
arte do conflito.Marcado por um impulso contraditório, que difere do “Quinhentismo” representado pela literatura jesuítica da Companhia de Jesus.
Nesse poema de Gregório de Matos o conflito foi enfatizado pelo confronto, morte e vida. A aceitação à morte, um destino na qual a musa não se ateve a escolha.
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MARIA.
(Obra poética de Gregório de Matos)

LISONJEIA OUTRA VEZ IMPACIENTE A RETENÇÃO DE SUA MESMA DESGRAÇA, ACONSELHANDO A ESPOSA NESTE REGALADO SONETO.


Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada

Elemento Lírico.
O poema “Maria” de Gregório de Matos, tem como o elemento lírico a formosura de Maria, convertendo sua beleza em flor, gozando sua plena mocidade.

Perfil da Musa.
Discreta e formosíssima Maria. Possuidora de face comparada a Aurora.
Momento Histórico

Poema de Gregório de Matos, onde ressalta uma das fortes características do Barroco, a beleza reverencia, opositora ao movimento Quinhentista na qual sua característica predominante eram seus texto informativos e os textos literários dos jesuítas da Companhia de Jesus.



Conflito Barroco.

Na arte do confronto, o movimento Barroco onde o poema “Maria” de Gregório de Matos esta contextualizando, pode se usar como conflitante o movimento antecedente o “Quinhentismo”. Movimento no qual a atitude de reverenciar a beleza humana, a sedução ainda não era presente na sua estrutura, dava se ênfase a literatura voltada a fé transplantada pelos jesuítas da Companhia de Jesus e seus textos caquéticos.


Tatiane Cristina Serpa e Gabriela Apollinario
1º ano de Letras

Anonymous said...

1. Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.


2. Maricas, quando te eu vi,
tanto a minha alma roubastes,
que não sei, se me acabastes,
ou se eu fui, que me perdi:
porém sempre presumi,
que êste amor, que há entre nós,
causa pena tão atroz,
que a mim no fim me tem pôsto,
porque nada me dá gôsto
quando me vejo sem vós.

Querem matar-me os teus olhos,
Anica, e sinto somente,
que se hão de ver-me, e matar-me,
que me matem com não ver-me.
Já que o não ver-te me mata,
deixa morrer-me de ver-te,
porque o morrer a teus olhos
dá gosto, ao que se padece.
Se a morte minha há de ser,
tu por que o achaque eleges?
de não ver-te qués, que eu morra,
de ver-te por que não queres?
Se virás como me morro,
morrera eu assim contente,
vendo-me morto por ti,
e a ti sem asco de ver-me.
Dos mais te guarda, e não vivam,
eu morra de ver-te sempre,
porque tão gloriosa morte
quero para mim somente.
Já que Deus te deu bom rosto,
Anica ingrata, aparece,
muda antes de parecer,
do que não de aparecer-me.
Pelos teus olhos te peço,
que este romance contemples,
que inda farás nisso menos,
do que eu fizera por eles.

3. Retratar ao bizarro
quero Joanica,
por ser Moça, galharda
sobre bonita.

Que os cabelos são d'ouro,
não se duvida,
porque o Sol é Joana,
que o certifica.

São seus olhos por claros
alvas do dia,
que põem de ponto em branco
a rapariga.

Certo dia encontrei,
que alegre ria,
mas não vi, que de prata
os dentes tinha.

Por entre eles a língua
mal se divisa,
mas é certo, que fala
como entendida.

A boquinha bem feita,
e pequenina
a pedir vem de boca
por bonitinha.

Que tem mãos liberais,
quem o duvida.
que as mãos sempre lavadas
dá como rica.

Da camisa o cambrai
tem rendas finas,
e eu lá vi, que os peitinhos
me davam figas.

Ser de peito atacado
me parecia
porque muito delgada
a cinta tinha.

Com um guarda-pé verde
Os pés cobria,
sendo que tomou pé
para ser vista.

Sim julguei, que pequenos
os pés teria,
quando vi que de firme
mui pouco tinha.

E com isto vos juro
minha Menina,
que vos quero, e vos amo
por minha vida.

Anonymous said...

• Faça um levantamento dos elementos determinadores do lírico/amoroso.

Os poemas acima trazem sempre as musas de Gregório caracterizadas pela beleza e encantamento físico. O poeta não se preocupa em mostrar o lado interior e espiritual das musas, deixando claro o seu desinteresse pelos mesmos. Aspectos nitidamente notados no primeiro e no segundo poema.
No primeiro poema é detalhado os traços físicos de Joana. No segundo, o eu-lírico aconselha Maria a viver com intensidade sua mocidade, pois quando ficar velha, não restará mais nada, pois sua beleza se esvairá. As mulheres são idealizadas pelo sensual e carnal.
É evidente a paixão platônica. Em diversas situações a morte é um a opção, pela falta da amada. É possível notar essa situação no segundo poema. Os versos revelam que a morte é consequência de não ter sua amada.
• Identifique o perfil da musa.

Maria é apresentada como uma mulher formosa, idealizada pelo poeta. Sua face é descrita como a aurora, seu olhar e boca como o sol. O eu – lírico demonstra admiração por tamanha beleza, e aconselha que esta deve ser aproveitada, pois com a velhice ela não existirá mais. Já no segundo poema, Anica é idolatrada e o desejo de tê-la predomina, em todos os versos. O poeta considera a musa uma ingrata por não corresponder aos seus sentimentos.
Joana é caracterizada em todo o poema por diversas comparações, estratégia utilizada para idealizar o seu físico. Ao final, o eu-lírico declara uma jura de amor eterno.

• Situe os poemas no momento histórico.

Os poemas de Gregório de Matos são típicos do Barroco, movimento que quebra a importância espiritual e passa a valorizar o carnal. O ser humano e seus desejos são finalmente expostos como naturais. O ser humano é valorizado por seus desejos, conforme o “Carpe Diem”, famosa frase deste movimento.

• Identifique os conflitos Barrocos contidos nos poemas.

Gregório mostra seu eu-lírico totalmente humanizado e aberto aos seus sentimentos. Deixa claro seu desejo carnal por suas musas. O poeta é liberto de pudores, sua fixação é apenas no ser humano e em suas necessidades físicas, assim o poeta conflita com a visão quinhentista.

Isabella Morikawa - 1º ano LETRAS

Anonymous said...

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