Monday, July 02, 2012

Atividade de leitura - poema épico Uraguai, de Basílio da Gama

Atividade de leitura - poema épico Uraguai, de Basílio da Gama 

1 - A crítica classifica o poema épico Uraguai como um poema americano. Explique em quais passagens poéticas a cultura indígena é explorada como valores diferenciados ante a cultura europeia.

2 - Quais as forças mitológicas determinadoras da cultura guarani no poema épico Uraguai?

3 - Por quais razões Uraguai é demarcado literariamente como árcade?

4 - O Uraguai transita pelas páginas da literatura oferecendo uma visão geral do espaço e da época missioneira, de seus personagens índios e padres, de seus mitos, heróis e lendas. Pergunta-se: Qual a imagem da campanha jesuítica missioneira fixada poeticamente?

Para acessar o poema clique no link abaixo:

http://www.literaturabrasileira.ufsc.br/_documents/0006-01121.html   

12 comments:

Anonymous said...

1- A oposição entre selvagens e civilização, que anima o Arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o índio como tema literário no poema O Uraguai. Está implícito no poema o conflito entre a ordem racional da Europa, representada pelos portugueses, espanhóis, jesuítas, e a vida primitiva, intuitiva do índio. Um trecho que retrata a diferença cultural desses dois pólos é entre os índios da narrativa: “Aparecem em cena os dois grandes e ilustres índios da narrativa: Cepé e Cacambo”.

2-O mito é uma realidade cultural transmitida de uma geração a outra, é algo que faz parte do cotidiano e constantemente, está presente na vida social. Conclui-se que o mito tem grande importância entre os Guaranis, devido à religiosidade, para eles os mitos constituem-se em acontecimentos sagrados. A tradição cultural do povo Guarani mostra que o mito representa as funções psicológicas desse povo e os símbolos da natureza tem grande significado, como: a lua, o sol, a chuva, o trovão.

3 - É curioso de se notar que Basílio da Gama, embora tenha composto o poema para ser um hino laudatório ao feito militar de portugueses em defesa do território, também apresenta poeticamente o índio do novo continente. Devido à valorização do índio, de seu espírito natural, o poema perde sua força épica, que deveria ser centrada na guerra e não na paz. Assim, embora o texto pretendesse inscrever-se entre os do gênero épico, ele aparece muito mais como uma composição de cenas da natureza, por isso se encaixa no Arcadismo.

4- Pelo tratado de Madri, firmado entre Portugal e Espanha, em 1750, a Colônia dos Sete Povos das Missões do Uraguai, pertecente à Espanha, deveria passar a ser de Portugal, que, como contrapartida, cederia à Espanha sua Colônia do Santíssimo Sacramento. Ocorreu que, no momento de ser posta em prática esta cláusula do Tratado, os índios que habitavam os Sete Povos das Missões, orientados pelos jesuítas, se negaram a passar para o domínio dos portugueses. Por isso, em 1752, organizou-se uma expedição militar, integrada por portugueses e espanhóis, para subjugar jesuítas e índios. O poema épico O Uraguai descreve esse episódio, no qual o autor louva os feitos de Gomes Freire de Andrade, que era o responsável por comandar a expedição, num elogio à política pombalina de combate aos jesuítas, como no exemplo: “Ao bem público cede o bem privado. O sossego de Europa assim o pede. Assim manda o rei. Vós sois rebeldes, se não obedeceis; mas os rebeldes, eu sei que não sois vós, são os bons padres, que vos dizem a todos que sois livres, e se servem de vós de escravos.” Enquanto os índios recebem tratamento positivo do autor, os jesuítas não. Tiaraju nasceu em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileiras e espanholas na chamada Guerra Guaranítica. Por seu feito, chegou a ser considerado um santo popular, São Sepé, para defender seu povo argumenta que as terras em que vivem são heranças dos antepassados que eles deveriam dá-las aos seus descendentes e diz: "Quereis a guerra, e tereis guerra". Se tornando também uma grande força política da época.

Aline Moser, Flávia Witt e Tamires da Silva.

Anonymous said...

1 – Podemos identificar que a cultura indígena difere-se da cultura europeia nas seguintes passagens do poema O Uraguai, de Basílio da Gama:
[...]Quem podia esperar que uns índios rudes,
Sem disciplina, sem valor, sem armas,
Se atravessassem no caminho aos nossos,
E que lhes disputassem o terreno!
Enfim não lhes dei ordens para a guerra:
Frustrada a expedição, enfim voltaram.[...]
[...]Dos pobres índios, e no chão caídos
Fumegavam os nobres edifícios,
Deliciosa habitação dos padres.
Entram no grande templo e vêem por terra
As imagens sagradas. O áureo trono,
O trono em que se adora um Deus imenso
Que o sofre, e não castiga os temerários,
Em pedaços no chão. Voltava os olhos[...]

2 – O Marquês de Pombal é identificado poeticamente em O Uraguai como “Gênio de Alcides”, numa analogia ao descendente de Alceu ou Hércules, o grande herói da mitologia grega. No fragmento abaixo, apresenta metaforicamente os despojos de guerra destinados ao herói: as peles das raposas e dos lobos, ou seja, dos jesuítas.
[...] Tem por despojos cabeludas peles
De ensangüentados e famintos lobos
E fingidas raposas. [...]
3 – A principal razão para o poema épico, de Basílio da Gama, ser demarcado como integrante do Arcadismo é pelo fato dele ser focado na relação política, espiritual, religiosa, e ética que envolvem os conquistadores, missionários e indígenas locais.
4 – Diferentemente de outros poemas produzidos no Seiscentismo e Septicentismo que focavam os preceitos da Igreja Católica e a conversão dos índios ao catolicismo, o poema O Uraguai transpassa a imagem de que os missionários eram vilões da história.

Marcelo Hagemann dos Santos, Walter Murilo Ziebarth, Camila Zoellner

Anonymous said...

1) Nos versos 140-150 de O Uraguai, o eu poético dialoga com o próprio texto, diálogo que garante ao poema a fama de imortal para o herói. Os versos trazem à tona uma consciência que aparece ao longo da obra: hibridismo decorrente da tradição européia, Arcádia, e do universo americano desconhecido. O poeta ao encerrar a narrativa épica expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas, colocando-os como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas. Opiniões que reforçavam a política proposta por Marquês de Pombal, o primeiro ministro de D. José I. O general Gomes Freire de Andrade é homenageado como aquele que respeita e protege os índios sobreviventes:
“Chorosas mães, e filhos inocentes,
E curvos pais e tímidas donzelas.
Sossegado o tumulto e conhecidas
As vis astúcias de Tedeu e Balda,
Cai a infame República por terra.
Aos pés do General as toscas armas
Já tem deposto o rude Americano,
Que reconhece as ordens e se humilha,
E a imagem do seu rei prostrado adora.”

2) A lua, o sol, o fogo, a água, em suma, os elementos da natureza eram as forças mitológicas presentes na cultura Guarani, destacadas no poema épico O Uraguai.

3) Em "O Uraguai", Basílio da Gama transformou o esquema épico tradicional ao diminuir a inserção da mitologia greco-romana, harmonizou a paisagem à ação e tratou os indígenas como matéria poética.

4) O poema épico Uraguai tematizou a guerra entre portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas pela conquista da Colônia de Sete Povos das Missões, na região do Uruguai. Pois, no Tratado de Madri, as terras do Uruguai ocupadas pelos jesuítas deveriam passar da Espanha para Portugal, ficando este com Sete Povos das Missões e aquela com a Colônia do Sacramento. Os índios de Sete Povos, apoiados pelos jesuítas, ofereceram resistência e iniciaram o conflito. O poema valoriza os feitos do General Gomes Freire de Andrade e combate os jesuítas. O texto, dedicado ao irmão do Marquês de Pombal, trata da corrupção de um padre jesuíta espanhol e a violação ao celibato cometida por ele e provoca uma guerra para que seu filho assuma o poder. Notando-se, dessa forma, uma crítica à Missão Jesuítica.

Jênifer Aline Secco e Letícia Danner da Costa

Anonymous said...

1ª- O poema O Uraguai opera comparativamente com a cultura indígena e a europeia, desde os aspectos ambientais à vestimenta. Percebem críticas negativas, porém ele ressalva os valores de modo explícito.
“A habitação aos leves passarinhos.
Tece o emaranhadíssimo arvoredo
Verdes, irregulares, e torcidas
Ruas e praças, de uma e de outra banda
Cruzadas de canoas. Tais podemos
Co’a mistura das luzes, e das sombras
Ver por meio de um vidro transplantados
Ao seio de Ádria os nobres edifícios,
E os jardins, que produz outro elemento.
E batidas do remo, e navegáveis
As ruas da marítima Veneza.
Duas vezes a lua prateada
Curvou no céu sereno os alvos cornos,
E inda continuava a grossa enchente.
Tudo nos falta no país deserto.”
“Sem arcos, sem aljavas; mas as testas
De várias e altas penas coroadas,
E cercadas de penas as cinturas,
E os pés, e os braços e o pescoço. Entrara
Sem mostras nem sinal de cortesia
Sepé no pavilhão”

“Por mãos escassas mísero sustento.
Podres choupanas, e algodões tecidos,
E o arco, e as setas, e as vistosas penas
São as nossas fantásticas riquezas.
Muito suor, e pouco ou nenhum fasto...”
2ª- Basílio da Gama faz menção em seu poema, a respeito de mitologias indígenas como São Sepé, herói protetor em situações de perigo, de morte, ou até mesmo na guerra. Seguem excertos que demonstram a mitologia indígena:
E o índio, um pouco pensativo, o braço
E a mão retira; e, suspirando, disse:
Gentes de Europa, nunca vos trouxera
O mar e o vento a nós. Ah! não debalde
Estendeu entre nós a natureza
Todo esse plano espaço imenso de águas.
Prosseguia talvez; mas o interrompe
Sepé, que entra no meio, e diz: Cacambo
Fez mais do que devia; e todos sabem
Que estas terras, que pisas, o céu livres
Deu aos nossos avôs; nós também livres
As recebemos dos antepassados.
Livres as hão de herdar os nossos filhos.
Desconhecemos, detestamos jugo
Que não seja o do céu, por mão dos padres. [39]
As frechas partirão nossas contendas
Dentro de pouco tempo: e o vosso Mundo,
Se nele um resto houver de humanidade,
Julgará entre nós; se defendemos
Tu a injustiça, e nós o Deus e a Pátria.
Enfim quereis a guerra, e tereis guerra.
Lhe torna o General: Podeis partir-vos,
Que tendes livres o passo. Assim dizendo,
Manda dar a Cacambo rica espada
De tortas guarnições de prata e ouro,
A que inda mais valor dera o trabalho.
Um bordado chapéu e larga cinta
Verde, e capa de verde e fino pano,
Com bandas amarelas e encarnadas.
E mandou que a Sepé se desse um arco
De pontas de marfim; e ornada e cheia
De novas setas a famosa aljava:
A mesma aljava que deixara um dia,

A rota aljava e as descompostas penas.
Prisioneiro de guerra ao nosso campo.
Lembrou-se o índio da passada injúria
E sobraçando a conhecida aljava
Lhe disse: Ó General, eu te agradeço
As setas que me dás e te prometo
Mandar-tas bem depressa uma por uma
Entre nuvens de pós no ardor da guerra.
Tu as conhecerás pelas feridas,
Nuas caveiras e esburgados ossos,
A uma medonha gruta, onde ardem sempre
Verdes candeias, conduziu chorando
Lindóia, a quem amava como filha;
E em ferrugento vaso licor puro
De viva fonte recolheu. Três vezes
Girou em roda, e murmurou três vezes
Co’a carcomida boca ímpias palavras,
E as águas assoprou: depois com o dedo
Lhe impõe silêncio e faz que as águas note.

Anonymous said...

3ª- As características árcades presentes no poema épico O Uraguai estão associadas às descrições da natureza e à urbanização europeia:

“A habitação aos leves passarinhos.
Tece o emaranhadíssimo arvoredo
Verdes, irregulares, e torcidas
Ruas e praças, de uma e de outra banda
Cruzadas de canoas. Tais podemos
Co’a mistura das luzes, e das sombras
Ver por meio de um vidro transplantados
Ao seio de Ádria os nobres edifícios,
E os jardins, que produz outro elemento.
E batidas do remo, e navegáveis
As ruas da marítima Veneza.
Duas vezes a lua prateada
Curvou no céu sereno os alvos cornos,
E inda continuava a grossa enchente.
Tudo nos falta no país deserto.”

“A enganada Madri, e ao Novo Mundo
Da vontade do Rei núncio severo
Aportava Catâneo: e ao grande Andrade
Avisa que tem prontos os socorros
E que em breve saía ao campo armado.
Não podia marchar por um deserto
O nosso General, sem que chegassem
As conduções, que há muito tempo espera.
Já por dilatadíssimos caminhos
Tinha mandado de remotas partes
Conduzir os petrechos para a guerra. “
4ª- A imagem da campanha Jesuítica Missioneira é manchada porque o governo de Pombal não acreditava na catequização dos índios. Segue trecho abaixo, no qual Basílio da Gama faz indagações a respeito da importância que os Padres Jesuítas davam aos povos indígenas apesar de serem considerados inferiores pelos europeus, No poema ora o posicionamento é linear e determinativo, ora em defesa dos povos, ora ao poder:
“Se aos Padres seguem os rebeldes povos?
Quem os governa em paz e na peleja?
Que do premeditado oculto Império”
“Não sofrem tanto os índios atrevidos:
Juntos um nosso forte entanto assaltam.
E os padres os incitam e acompanham.
Que, à sua discrição, só eles podem
Aqui mover ou sossegar a guerra.
Os índios que ficaram prisioneiros
Ainda os podeis ver neste meu campo.
Deixados os quartéis, enfim partimos
Por diversas estradas, procurando
Tomar no meio os rebelados povos.”

Virgiliana Barbosa Galli Silva e Mariza Carolina Menegaro

Anonymous said...

1. O poema épico O Uraguai se comprova como um poema americano conforme os versos abaixo:
"Bem que os nossos avôs fossem despojo Da perfídia de Europa, e daqui mesmo Co’s não vingados ossos dos parentes Se vejam branquejar ao longe os vales"

"E quererão deixar os portugueses
A praça, que avassala e que domina
O gigante das águas, e com ela
Toda a navegação do largo rio,
Que parece que pôs a natureza
Para servir-vos de limite e raia?
Será; mas não o creio. E depois disto As campinas que vês e a nossa terra"

O forte sentimento americanista que se nota entre outras passagens de caráter definidamente anti Europeu, na fala de Cacambo, no Canto II, deixam margem para a suposição de que foram escritas sem nenhuma preocupação de agradar ao governo metropolitano. A argumentação do índio é, em tudo, mais sentida e expressiva do que a resposta que lhe dá á Andrada.

2- Basilio da Gama abandona a mitologia tradicional e adota a mitologia indígena ao trabalhar os personagens Cepé, Cacambo, Caitutu, Tanajura.

3- O Uraguai é épico porque mostra um drama coletivo - a exploração em um massacre do índio, pressupondo então a épica como motivo central, nobre e sublime, que quase sempre transcende os limites do individual, para se projetar nos do nacional universal. É árcade, pois trata de temas como religiosidade, política e temas espirituais.

4- A imagem da campanha jesuítica apresentada em O Uraguai é contrária aos jesuítas, pois estes são colocados como aqueles que apenas defendiam os direitos dos índios para se tornarem seus senhores. O enredo situa-se em torno dos eventos expedicionários e de um caso de amor e morte no reduto missioneiro.

Jaqueline Rocha de Leão, Jeferson Luis da Silva, Willian Brendon Klopass Locks de Godoi.

Anonymous said...

1 – No poema épico O Uraguai os europeus são tratados como superiores
“Por que visse o espanhol em campo largo
A nobre gente e as armas que trazia.
Vão passando as esquadras”

Os índios são tratados como seres inferiores:
“Quem podia esperar que uns índios rudes,
Sem disciplina, sem valor, sem armas,
Se atravessassem no caminho aos nossos,
E que lhes disputassem o terreno!”

Nessas duas estrofes estão expostas de modo explícito as diferenças entre as duas culturas. Os índios possuíam apenas lanças e flechas, já os europeus com melhores recursos como armas de fogo.

2 – As formas mitológicas tratadas no poema O Uraguai indígenas estão exemplificados nos versos abaixo:
“Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime e a voluntária morte,
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
lnda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no rosto a morte!”

O trecho dado é o seguimento final do episódio do suicídio de Lindóia. A ideologia subjacente do “bom selvagem” e a idealização da mulher e da pureza de seu amor. O verso final “Tanto era bela no rosto a morte” exprimindo a beleza da heroína, mesmo depois de morte

3 – O Uraguai é demarcado como árcade por conter as características básicas árcades como a objetividade, as metáforas gastas, o idealismo na natureza e o ufanismo.
4 – O que marca a campanha jesuítica fixada poeticamente são os jesuítas defendendo os direitos dos índios para se tornarem seus senhores. A principal mensagem proposta por Basílio da Gama era retratar os jesuítas como os vilões da história.

Jéssica Luiz de Carvalho e Evelin Thaiara Stenghen

Anonymous said...

1 ) Em algumas passagens poéticas de O Uraguai podemos observar os valores diferenciados da cultura indígena da europeia:
“(...) Vós sois rebeldes,/ Se não obedeceis; mas os rebeldes,/ Eu sei que não sois vós, são os bons padres,/ Que vos dizem a todos que sois livres,/ E se servem de vós como de escravos.”. Nesse trecho observamos que Basílio da Gama destacou bem o choque entre as culturas.
Apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, também outros intuitos como descrever o conflito entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio eram tratados no poema.
O índio associado à natureza acaba superando no seu espírito o guerreiro português, que era exaltado, e o jesuíta, desmoralizado .
"Inda conserva o pálido semblante
Um não sei que de magoado e triste
Que os corações mais duros enternece,
Tanto era bela no seu rosto a morte!"

As tropas de Gomes Freire, afastaram os índios e queimaram a aldeia. O índio é retratado como moralmente superior e não necessita dos brancos para se defender. A guerra foi vencida, segundo Basílio da Gama, pela vantagem tecnológica portuguesa.
O poema sinaliza que apesar de Marquês de Pombal, em 1750 ainda não ter expulsado os jesuítas das terras americanas, o processo já havia sido iniciado e que a saída dos padres era apenas uma questão de tempo.

2 ) A sociedade indígena politeísta era marcada pela força de mitos associados à natureza transmitidos de geração em geração por meio da oralidade. É interessante ressaltar que no inicio, os missionários e os colonizadores diziam que os índios Guarani pareciam ser "gente sem lei", pois o povo Guarani não tinha a visão de um deus supremo. Para esses missionários e colonizadores, esse povo não demonstrava temor a deus, a não ser com relação a alguns nomes vagos dados à natureza.
3) Primeiramente no poema O Uraguai a linguagem é simples, palavreado popular, o verso branco (sem rima) é visto como uma atitude de liberdade na criação. O poeta buscava, na natureza, os modelos de beleza, bondade e perfeição. O poema tem compromisso com a poesia descritiva e objetiva. Nesse aspecto, a poesia árcade faz lembrar a época parnasiana. Há mais preocupação com situações do que com emoções. O poeta do Arcadismo imagina-se, na hora de produzir poemas, um “pastor de ovelhas”.
4) O poeta expressa suas opiniões a respeito dos jesuítas como responsáveis pelo massacre dos índios pelas tropas luso-espanholas para agradar o Marquês de Pombal, ministro de D. José I. Sepé Tiaraju nascido em um aldeamento dos Sete Povos das Missões tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileiras e espanholas na guerra Guaranítica e tornou-se um santo popular. Sepé, para defender seu povo argumenta que as terras em que vivem são heranças dos antepassados e diz: "Quereis a guerra, e tereis guerra". Se tornando também uma grande imagem da época.

Julia Gabriela Reinert e Natali Rottini Pimentel.

Anonymous said...

1 – O poema épico O Uraguai demonstra que europeus tinham muito orgulho de tudo que vinha de sua civilização, como por exemplo seu armamento, na passagem a seguir:
“Fez desfilar as tropas pelo plano,
Por que visse o espanhol em campo largo
A nobre gente e as armas que trazia.”
Do mesmo modo, desmereciam os índios, que possuíam, segundo os europeus, equipamento “inferior”, de acordo com esta passagem:
“Quem podia esperar que uns índios rudes,
Sem disciplina, sem valor, sem armas,
Se atravessassem no caminho aos nossos,
E que lhes disputassem o terreno!”

2 – No poema O Uraguai em momentos raros do texto são feitas menções metafóricas de figuras da mitologia grega, como ninfas e dragões, nestas passagens:
“Ninfas do amor, que vistes, se é que vistes,
O rosto esmorecido e os frios braços,
Sobre os olhos soltai as verdes tranças.”
“Os últimos que em campo se mostraram
Foram fortes dragões de duros peitos,
Prontos para dous gêneros de guerra,
Que pelejam a pé sobre as montanhas,
Quando o pede o terreno; e quando o pede
Erguem nuvens de pó por todo o campo
Co’ tropel dos magnânimos cavalos.”

3 – O poema O Uraguai retrata uma situação ocorrida longe do cenário urbano, e possui referências à mitologia grega, duas características do Arcadismo. Deve-se ressaltar que o Arcadismo recebe esse nome como homenagem à Arcádia, uma região da Grécia antiga.

4 – Os jesuítas são retratados no poema como os únicos que exploravam a mão-de-obra indígena e vendiam o excedente para a Europa sem pagar impostos sob a influência do governo espanhol, situação que deixava os portugueses com receio diante de uma guerra, reforçando a equipe de Andrade.

Bruno Pacheco Ferreira

Anonymous said...

1 ) No poema O Uraguai dá para perceber a força da cultura indígena com valores diferenciados em relação à cultura europeia nos versos:
“Mandou, dizendo assim, que os índios todos
Que tinha prisioneiros no seu campo
Fossem vestidos das formosas cores,
Que a inculta gente simples tanto adora.
Abraçou-os a todos, como filhos,
deu a todos liberdade”
O trecho demonstra a vontade do general em fazer os índios usarem vestes como os portugueses e espanhóis.
“Cacambo
Fez, ao seu modo, cortesia estranha,
E começou: Ó General famoso, [28]
Tu tens à vista quanta gente bebe
Do soberbo Uraguai a esquerda margem.
Bem que os nossos avôs fossem despojo [29]
Da perfídia de Europa, e daqui mesmo
Co’s não vingados ossos dos parentes
Se vejam branquejar ao longe os vales,
Eu, desarmado e só, buscar-te venho. [30]
Tanto espero de ti. E enquanto as armas [31]
Dão lugar à razão, senhor, vejamos
Se se pode salvar a vida e o sangue
De tantos desgraçados.”
O excerto acima demonstra a tentativa do cacique Cacambo em instaurar a paz, mas isso não acontece, por causa do interesse do general em incorporar ao território português as terras dos índios. Podemos perceber que na cultura indígena não há valores de posse.
2 ) O mito trabalhado literariamente é da tradição cultural do RS e indígena, ele está presente no cotidiano do gaúcho, e no poema associado à mitologia de Cepé. Os gaúchos acreditam na proteção de Cepé quando estão perdidos, pois em suas crenças, Cepé aparecera para eles como uma estrela guia. O povo Guarani projeta suas crenças na natureza como: a lua, o sol, a chuva, o trovão.
3) O Uraguai é considerado literariamente como árcade, pois descreve a natureza, mencionando-a de forma admirável pelas belezas naturais, não utiliza a mitologia grega (que é comum nos poemas épicos) e é constituído por sonetos decassílabos; sua ordem é direta e as figuras de linguagem não são frequentes.
4) Os portugueses viam os índios como animais e não acreditavam que eles merecessem a catequização, em quanto que os jesuítas investiram nos índios criando os aldeamentos dos Sete Povos das Missões. Padre Balda, jesuíta é tratado poeticamente como corrupto, pois o poema para enaltecer a política de Pombal visa criar uma imagem negativa associada à corrupção para os jesuítas.

Tamara Ferira dos Santos
Zilda Cristine Modesto

Anonymous said...

1. No poema O Uraguai ocorrem comparações entre a cultura indígena e europeia. O autor tece algumas críticas quanto a aspectos ambientais e também quanto às vestimentas. Valores destacados no texto:
"E quererão deixar os portugueses
A praça, que avassala e que domina
O gigante das águas, e com ela
Toda a navegação do largo rio,
Que parece que pôs a natureza
Para servir-vos de limite e raia?
Será; mas não o creio. E depois disto As campinas que vês e a nossa terra"
Os europeus tinham muito orgulho de tudo que vinha de sua civilização, como por exemplo seu armamento:
“Fez desfilar as tropas pelo plano,
Por que visse o espanhol em campo largo
A nobre gente e as armas que trazia.”
Do mesmo modo, desmereciam os índios, que possuíam, segundo eles, armamento “inferior”, de acordo com esta passagem:
“Quem podia esperar que uns índios rudes,
Sem disciplina, sem valor, sem armas,
Se atravessassem no caminho aos nossos,
E que lhes disputassem o terreno!”

2. O mito está presente na cultura gaúcha quando estes pedem a proteção de Cepé e na exploração de crença em forças da natureza como sol, chuva, lua, porém em alguns momentos são mencionados elementos da mitologia grega:
“Ninfas do amor, que vistes, se é que vistes,
O rosto esmorecido e os frios braços,”

3. O poema O Uraguai traz referências a cultura grega que é uma marca do arcadismo bem como explora o espaço campesino bucolicamente.

4. Os Jesuítas defendiam causas dos índios para serem seus próprios senhores, segundo a visão proposta por Basílio da Gama.

Samili Domingos

Anonymous said...

1. Percebemos no trecho abaixo do poema O Uraguai o desejo de portugueses e espanhóis em transformar os costumes indígenas em costumes europeus:
“Mandou, dizendo assim, que os índios todos
Que tinha prisioneiros no seu campo
Fossem vestidos das formosas cores...”

2. No poema o que relata fortemente a mitologia é Cepé,os gaúchos pedem a sua proteção principalmente quando estão perdidos, acreditam que aparecera para eles como uma estrela guia. É um mito de muita importância para o Povo Guarani, além pelos elementos da natureza como: a lua, o sol, a chuva.

3. O Uraguai é considerado literariamente como árcade porque possui ordem direta, restrição no uso de figuras de linguagem, sonetos decassílabos, e a mitologia grega é diluída com a incorporação do elemento indígena.

4. O poema O Uraguai retrata os índios segundo a visão dos jesuítas igualados aos animais, por terem costumes diferentes de portugueses e espanhóis. Gomes Freire de Andrade, heróis épico denuncia a corrupção e os crimes cometidos pela ordem jesuítica, colocando fim a Guerra missioneira.

Juliana Stolf e João Paulo dos Santos