Tuesday, May 09, 2017

SERMÃO DA SEXAGÉSIMA







“Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar ar a toda a criatura, que se armem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça! ” (p. 3)
 “Oh que grandes esperanças me dá esta sementeira! Oh que grande exemplo me dá este semeador! Dá-me grandes esperanças a sementeira porque, ainda que se perderam os primeiros trabalhos, lograr-se- ão os últimos. Dá-me grande exemplo o semeador, porque, depois de perder a primeira, a segunda e a terceira parte do trigo, aproveitou a quarta e última, e colheu dela muito fruto. Já que se perderam as três partes da vida, já que uma parte da idade a levaram os espinhos, já que outra parte a levaram es pedras, já que outra parte a levaram os caminhos, e tantos caminhos, esta quarta e última parte, este último quartel da vida, porque se perderá também? Porque não dará fruto? Porque não terão também os anos o que tem o ano? O ano tem tempo para as flores e tempo para os frutos. Porque não terá também o seu Outono a vida?”  (p. 4)
“O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.” (p. 6)
Os ouvintes ou são maus ou são bons; se são bons, faz neles fruto a palavra de Deus; se
são maus, ainda que não faça neles fruto, faz efeito. (p. 7)

                                   SERMÃO DE SANTO ANTONIO AOS PEIXES
PADRE ANTÔNIO VIEIRA




“Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar ao pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente. Por esta causa mão falarei hoje em Céu nem Inferno; e assim será menos triste este sermão, do que os meus parecem aos homens, pelo encaminhar sempre à lembrança destes dois fins. ” (p.4)

“Vindo, pois, irmãos, às vossas virtudes, que são as que só podem dar o verdadeiro louvor, a primeira que se me oferece aos olhos hoje, é aquela obediência com que, chamados, acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor, e aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a palavra de Deus da boca de seu servo António. Oh grande louvor verdadeiramente para os peixes e grande afronta e confusão para os homens! Os homens perseguindo a António, querendo-o lançar da terra e ainda do Mundo, se pudessem, porque lhes repreendia seus vícios, porque lhes não queria falar à vontade e condescender com seus erros, e no mesmo tempo os peixes em inumerável concurso acudindo à sua voz, atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio e com sinais de admiração e assenso (como se tiveram entendimento) o que não entendiam. Quem olhasse neste passo para o mar e para a terra, e visse na terra os homens tão furiosos e obstinados e no mar os peixes tão quietos e tão devotos, que havia de dizer? Poderia cuidar que os peixes irracionais se tinham convertido em homens, e os homens não em peixes, mas em feras. Aos homens deu Deus uso de razão, e não aos peixes; mas neste caso os homens tinham a razão sem o uso, e os peixes o uso sem a razão. ” (p.5)

“Este é, peixes, em comum o natural que em todos vós louvo, e a felicidade de que vos dou o parabém, não sem inveja. Descendo ao particular, infinita matéria fora se houvera de discorrer pelas virtudes de que o Autor da natureza a dotou e fez admirável em cada um de vós.” (p.8)


                                                           QUESTÃO

O Sermão da Sexagésima foi pregado na Capela Real (Lisboa), provavelmente em 31 de Janeiro de 1655,  para discutir a arte de fazer sermões e os efeitos da multiplicação da palavra divina, enfatizando que “A semente é a palavra de Deus”, e que "Se a palavra de Deus é tão eficaz e tão poderosa, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus?".
       Opere uma comparação entre o Sermão da Sexagésima e o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, 
pregado em S. Luís do Maranhão, a 13 de junho (dia de Santo António no calendário litúrgico) de 1654 e desenvolva um olhar crítico sobre a relação que o Padre Vieira propõe comparando os homens e os peixes.


Referências:
     Moiséis, Massaud. A Língua Portuguesa através dos textos,São Paulo, Editora Cultrix, 1ª Edição - 1968, pág.141
 http://www.culturatura.com.br/obras/Serm%C3%A3o%20da%20Sexag%C3%A9sima.pdf 
http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/padreantoniovieira/stoantonio.htm
Imagem: (https://grijo.wordpress.com/tag/sermao-aos-peixes/)

22 comments:

Unknown said...
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Paula Figur said...

Alunas: Jennifer Bretzke Meier
Paula Figur
Curso: Letras – dupla licenciatura
Professora: Taiza
O ponto em comum entre o Sermão da Sexagésima e Sermão de Santo Antônio aos Peixes , é o questionamento do fator determinante da não frutificação da Palavra de Deus. No primeiro o olhar crítico se dirige aos pregadores, suas palavras e ações enquanto Deus é inocentado e o ouvinte absolvido mediante explicações, enquanto no segundo se prega que de nada adianta uma boa pregação se os ouvintes se negam a compreender o conteúdo e refletir, alguns nem mesmo se dão ao trabalho de ouvir; Ele satiriza que até mesmo os peixes cumpririam melhor esta função, porém estes não são capazes de se converter.
Tendo recebido como dom de Deus a razão, o Homem, ao ouvir pode optar pela prática dos ensinamentos e os peixes, desprovidos desta habilidade lhe pareciam muito mais atentos aos seus ensinamentos. Tal relutância em obedecer a pregação se dava pelo fato de que os sermões apresentavam além das boas novas - o juízo divino - o qual exigia uma mudança de hábitos e reparação de erros, preço que muitos não estavam dispostos a pagar.

Unknown said...

Analisando os dois textos, Sermão da Sexagésima e o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, nota-se uma grande semelhança entre o conteúdo. Ambos tratam da dificuldade em que os pregadores enfrentam em pregar a palavra de Deus aos homens. No Sermão da Sexagésima comparou-se o homem a semente que produz pouco frutos de acordo com o local em que ela cai e esse local compara-se aos vários tipos de homens que aceitam ou não a palavra de Deus, contudo veem a palavra como algo a beneficiar a si próprio indo de encontro ao que ela realmente almeja, que é o bem comum, ou seja, o benefício a coletividade. Já no Sermão de Santo Antônio aos Peixes a comparação se dá com os próprios peixes, que apesar de inquietos e ouvintes não compreendem por falta da razão.
Neste sentido os dois textos compreendem e nos apresentam a premissa de que não adianta pregar aos homens sem razão porque é igual pregar aos peixes que também não as possui. Indo mais além o texto permite a compreensão de que a participação ativa do homem para com a palavra de Deus, através de argumentações e questionamentos e não somente de ouvintes, poderá e com certeza dará melhores frutos.

Paulo Roberto Fernandes
Fellipe França Graeff

Anonymous said...

A primeira obra apresentada, Sermão da Sexagésima, expõe ideias sobre vozes e interpretações perante a pregação de alguma palavra divina. Dependendo de quem o faz, muito pode acontecer de haver reações diferenciadas. Assim é dito o Padre Antônio Vieira sobre o homem. Aquele que escuta, poderá ter finais diferentes, reações resultando positivo ou negativamente, assim como não afetando a todos que escutam a palavra pregada, não gerando fruto da semente.
A segunda obra, Sermão de Santo Antônio aos Peixes, mostra a imagem do homem cujo tem ideias impostos e mesmo assim não havendo reação alguma, ouvindo e não falando, suportando uma imagem de submissão. Padre Antônio Vieira ainda apresenta uma visão bem positiva daquele que suporta essa submissão ideológica, os tratando como “quieto e tão devotos”, tornando a pregação menos triste, fazendo não pensar nos homens, este que tem fins bons e ruins.
Outro ponto notado na comparação, é o fato do Padre ponderar o livre discurso. Com o homem, não há a exposição de erros, enquanto com os peixes, ficam atentos, suspensos e admirados com a palavra propagada, mesmo sendo aquelas que não compreendia em sua totalidade.


Alunos: Luiza Lima Grilli, Lucas Bartzik

Anonymous said...

Alunas: Kiane Thayna e Juliana Medeiros.
Letras 1º ano.

A relação que o Padre Vieira propõe comparando os homens aos peixes é de que os homens são seres racionais e os peixes são seres irracionais. No primeiro texto ele se pergunta por que a Palavra de Deus não surte efeito e ele mesmo responde dizendo que os pregadores são os maiores culpados por muitas vezes pregarem o que não fazem, não usarem a Palavra de Deus em si, tentavam agradar a vontade dos homens e não a de Deus, etc. e no segundo texto ele mostra que a culpa também está no ouvinte pois Deus deu o uso da razão aos homens mas, na maioria das vezes o homem se comporta como um peixe não usando a sua razão ou usando de forma errada, indo contra a Palavra de Deus, eles estão escutando porém não adotam a sua vida, escutam por escutar sem um real interesse.
E os peixes por outro lado estão atentos as suas palavras mas, como Deus os fez irracionais eles não entendem e não podem por em pratica. Portanto, apesar de um ser racional e o outro irracional aos olhos de Vieira eles se igualam em certo ponto.

Unknown said...

Univille Universidade
Nome: Nauhana Isabela, Lucas W. Lemes, Ana Schlichmann

No “Sermão da Sexagésima”, o padre Antônio Vieira apresenta tipos de homens e tipos de pregadores, baseando-se na metáfora da parábola dos grãos. Já no “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” ele faz uma analogia comparando os homens aos peixes. No primeiro texto, ele nos mostra que a pregação não deve ser feita apenas de palavras, o que gera o impacto são as atitudes, assim o segundo sermão vem como uma crítica ao primeiro, pois a pregação aos peixes é vista como uma forma de demonstração aos homens de como a palavra os afeta. Os homens ouvem e ignoram, assim como os peixes ou pior do que eles, pois não utilizam a razão, sendo mais fácil pregar aos peixes do que ao homem que mesmo dotado da capacidade de raciocínio se faz ignorante. De forma crítica, vemos que a ignorância do homem é comparada a pedra e aos espinhos que ferem o que é pregado e no segundo se é comparado aos animais que não possuem o raciocínio lógico.

Anonymous said...

Acadêmicos: Isabela Giacomini, Lucas Tacla, Theodora R. Kalbusch
Turma: 2017/1


Comparações entre Sermão da Sexagésima e Sermão de Santo Antônio aos Peixes

Tendo em vista os Sermões lidos, são notáveis algumas diferenças. A primeira se dá pelo contexto em que foram pregados, enquanto o Sermão da Sexagésima foi proferido em Portugal (durante a quaresma), o Sermão de Santo Antônio aos Peixes foi no Maranhão (no dia de Santo Antônio). Além disso, o primeiro foi produzido para qualquer criatura, inclusive pedras, árvores e animais, já o segundo foi feito exclusivamente para os peixes.
Nota-se, também, que o Sermão da Sexagésima se baseia na parábola do semeador, que foi contada para o povo, enquanto o Sermão aos peixes baseia-se na passagem bíblica das bem-aventuranças, contada aos discípulos. Visto isso, entende-se que o primeiro questiona a falta de frutos que a palavra de Deus pode proporcionar, mesmo sendo eficaz, e o segundo indaga sobre por que a Terra está afundada no pecado e na corrupção, se existem tantos pregadores.
A partir dos questionamentos levantados, percebe-se que o Sermão da Sexagésima fala que os pregadores são os culpados pela falta de frutos da palavra de Deus e não Deus ou os ouvintes, já no Sermão aos Peixes, existem vários fatores que influenciam a Terra a ser corrupta, o primeiro é que as pessoas não querem ouvir o evangelho, o segundo é que o sacerdote não prega a verdadeira doutrina, o terceiro é que o padre dá maus exemplos e o último é que o padre, ao invés de pregar a palavra de Deus, prega os próprios interesses.
Entretanto, são visíveis semelhanças entre os Sermões. Em ambos, Vieira critica os pregadores que fazem mau uso das palavras de Deus e as pregam de acordo com o próprio interesse, de forma que não geram frutos. Como o padre Vieira era conceptista, seus ideais se viam presentes em seus textos, assim seus Sermões utilizavam de uma linguagem não rebuscada, marcada pelo jogo de ideias, conceitos, raciocínio lógico e que utiliza uma retórica aprimorada.
Conclui-se que mesmo considerando o período decorrido, Vieira traz muita contemporaneidade aos temas que trata. Isso fica claro quando questiona a corrupção e a própria igreja. Além disso, os recursos estilísticos, como antíteses, comparações, paralelismos, anáforas, ironias, metáforas e trocadilhos, facilitam a leitura. Sendo assim, os textos abordam muito bem o assunto, podendo ser indicados para profissionais que trabalham com a linguagem, argumentação, religião e literatura.

The Life said...

Alunos: Leandro F. e Vander J.
Letras 1º ano.

O padre Antônio Vieira no Sermão aos Peixes e no Sermão do Sexagésimo, explana sobre a necessidade de pregar ao mundo a palavra de Deus, levando a palavra como ordena Jesus, "Ide, e pregai a toda a criatura", sendo assim no Sermão da Sexagésima exemplifica através da parábola do semeador a relação entre o pregador, ouvinte e Deus.
No Sermão aos Peixes o padre cita o Santo Antônio o qual direciona a palavra de Deus a literalmente aos peixes, elogiando-os e depois exortando-os, relacionando seus atos com passagens bíblicas, no ato de criação de Deus sobre os peixes, a esfera de vivência (mar) e sua relação uns com os outros, exemplificando com a relação dos homens entre si. Passagens como Davi e Golias, Jonas e a baleia e o dilúvio corroboram com a relação de poder entre os homens.
O padre enquanto ele faz seu sermão se refere aos moradores do Maranhão, falando sobre seus comportamentos sociais e sobre escutar a palavra de Deus.
Enquanto os peixes respeitam o meio e vivem em organização, o ser humano tenta se sobrepor ao outro (se individualiza) , ele tem a razão mas não a utiliza.

Unknown said...

Nomes: Haiany da Silva Felisberto
Djulian Dias
Curso: Letras, 1° ano

Ao analisar os dois sermões, cujo são o Sermão da Sexagésima e o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, respectivamente, de Padre Antônio Vieira podemos ter uma visão crítica sobre os mesmos.
Nos sermões, Padre Antônio aborda a dificuldade de pregar aos homens, citando que há mais facilidade em lidar com os peixes. Utiliza então como exemplo uma diferença entre os dois, é dito que os peixes “ouvem e não falam”, ao contrário dos homens, tivemos a percepção que ele mostra como critica a desobediência dos homens em relação a palavra de Deus.
Outra percepção, é sobre como os peixes ouviam atentamente a pregação e os homens demostravam desinteresse. Criticamos também a parte em que diz: “Oh grande louvor verdadeiramente para os peixes e grande afronta e confusão para os homens!”. Pois em nossa interpretação foi algo contraditório ao que ele torna matéria do primeiro Sermão da Sexagésima, ao qual ele atribui a culpa aos pregadores o motivo da palavra de Deus não estar dando frutos. Ele cita que a palavra de Deus se faz presente por parte do pregador, mas no Sermão de Santo Antônio aos Peixes, culpa os ouvintes pela falta de sensibilidade.


Unknown said...

Alunos: Guilherme Bornhofen Martins e Tâmili dos Anjos Gonçalves.

Durante o Sermão da Sexagésima, Pe. Antônio Vieira mostra a seus ouvintes/leitores que os homens possuem corações de pedra, usando do que São Gregório dizia, de que sim devemos pregar a toda criatura mesmo as pedras e plantas, visto que os homens com coração assim formado, são como pedras ou animais irracionais e ainda como na parábola do semeador, o importante é continuar semeando, sabendo que as sementes são a Palavra de Deus.
Sabendo do que ele disse nesse sermão podemos observar como no “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” ele retoma o coração deturpado dos homens, que mesmo sendo detentores da consciência, da razão e do entendimento, não o usam por motivos alheios e os pobres irracionais animais, escutavam-no com atenção, sem se quer entender, os homens nesse caso são os tolos a não dar ouvidos ao sermão de Santo Antônio só pelo fato dele condenar os pecados deles.
No Sermão da Sexagésima, Pe. Vieira nos diz que a culpa da palavra de Deus não compenetrar os corações e “fecundar” nos homens é, dos pregadores que pregavam interesses próprios e não o real e exortador sentido da Palavra. Ora podemos ver que no segundo sermão ele usa o outro lado, que também tem sua culpa, usando Santo Antônio como um exemplo de pregador e os homens que o perseguiam como “maus ouvintes” e os peixes com “boas qualidades de ouvintes”, mostrando que deve existir um certo interesse por parte dos homens, já que os animais, podem ser bons ouvintes, porém, jamais poderão se converter.
A confusão e a raiva que Santo Antônio causou nos homens, porém, é boa, considerando que a verdadeira Palavra veio para afrontar a malignidade humana, ou seja, ele plantou a semente, mesmo que em solo árido, mas ainda assim é possível que se de frutos, se o coração do homem virar solo fértil.
Por fim devemos ver que o primeiro sermão, Pe. Vieira fez para os padres e religiosos em geral, na sua terra natal, já o segundo, ele fez a leigos, já em missão no Brasil, justificando a mostra desse outro ponto de vista não explorado no primeiro.

Unknown said...

Acadêmicas: Emanueli Cristina Lunelli
Julia Gabriele Hess

Comparação entre “Sermão da Sexagésima” e “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”

Analisando estes dois textos em conjunto, podemos perceber, primeiramente, que o “Sermão da Sexagésima” tem um olhar mais voltado para o modo de fazer sermões e sua aplicação, enquanto o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” acaba servindo como um sermão em si mesmo, já que induz o homem a refletir sobre suas ações na sociedade e sobre si mesmo, através de um texto trabalhado em cima da metáfora “homem – peixe” que Vieira realiza.
O “Sermão da Sexagésima” nos traz um pouco de como era a realidade religiosa no Brasil Colônia. Padre Antônio Vieira relata as dificuldades encontradas na evangelização, onde muitos missionários passavam por terras desconhecidas e tribos indígenas hostis, atravessando muitas vezes por problemas de fome, doenças, canibalismo e exaustão, sem mencionar a selvageria com a qual eram muitas vezes expostos durante suas missões.
Ele também traz um novo olhar sobre o modo de evangelizar, escrevendo o sermão de modo que fosse um guia para a pregação, abrangendo três esferas: o ouvinte, aquele que entende a palavra de Deus, o pregador com sua arte de persuadir e Deus que permite a compreensão. Usa em seu escrito a parábola do semeador como metáfora para o trabalho de evangelização: ainda que a palavra de Deus não dê frutos, ela deixará sua marca, assim como o trigo que germina mas não brota. Demonstra também como deve ser levada a fé: através de obras, e não apenas de palavras. Os missionários/evangelizadores/padres devem praticar sua fé através das suas ações, para que sirvam de exemplo e inspirem as outras pessoas a seguirem o caminho de Deus. Usa outra metáfora para guiar os pregadores, exemplificando que suas pregações devem ser como as árvores: apenas uma matéria ( tronco ), várias ramificações e exemplos ( galhos), muitas folhas (palavras) e os frutos (obras), assinalando também que não se deve pregar a palavra alheia.

Unknown said...

Acadêmicas: Emanueli Cristina Lunelli
Julia Gabriele Hess
Fazendo a leitura do “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”, é possível perceber que este é um texto mais voltado para a reflexão, e construído quase que inteiramente por metáforas (recurso muito utilizado por Padre Antônio Vieira em seus sermões). Vieira inicia seu sermão destacando que o homem é o “sal da terra”, ou seja, aquele que conserva a fé, mas como esta já era considerada “corrompida”, poderia se atribuir a culpa aos pregadores, que não pregavam a verdadeira palavra, ou aos ouvintes, que resolviam tomar suas ações por conta própria, não levando a palavra de Deus em consideração. Vieira assumiu, em um de seus sermões, ao se dar conta de que os homens não prestavam atenção em suas palavras, que deveria pregar aos peixes, que eram melhores ouvintes.
Durante todo o sermão, Padre Antônio Vieira faz essa comparação entre os peixes e os homens. Coloca um ponto de ironia ao elogiar que os peixes eram capazes de ouvir e não falavam. Lamentava eles não poderem ser convertidos, porém já estava habituado aos homens fazerem isto. Destaca alguns tipos de peixes ao longo do sermão, fazendo referência às capacidades humanas, como por exemplo os peixes: “Quatro olhos” (capaz de distinguir o bem e o mal) e “Torpedo” (Aquele capaz de fazer a conversão). Critica os peixes por comerem uns aos outros, e ainda por serem sempre os maiores a comerem os menores, dizendo que no mundo humano isso também acontece, como quando, por exemplo, pessoas que tem maior poder, oprimem outras muitas vezes mais marginalizadas. Ainda alerta que os peixes também podem ser castigados por seus defeitos e pecados, utilizando peixes como “Os Roncadores” (cheios de soberba) e o “Polvo” (aquele que trai) para exemplificar seu ensinamento. Encerra seu sermão dizendo que os peixes acabavam se excedendo em tudo: ao mesmo compasso em que não compreendiam a palavra de Deus, não a podiam desobedecer, ao contrário dos homens.
Nós achamos que Padre Antônio Vieira estava muito à frente do seu tempo. Compreendia a sociedade de uma forma muito ampla e conseguia transmitir essa sabedoria que possuía sobre os homens e a palavra de Deus em seus sermões de forma simples e de fácil entendimento, levando muitas pessoas a uma possível conversão.

Anonymous said...

Aluna: Laila Wilk

No Sermão da Sexagésima, o Padre Vieira discursa sobre como a culpa da “infrutilidade” das palavras de Deus – ou seja, o motivo pelo qual parece que os sermões não dão resultados – seria dos próprios pregadores da palavra divina. Os pregadores, por algum motivo, estavam sendo incapazes de transmitir corretamente a palavra de Deus, e, por esse motivo, as pessoas pouco ligavam para tal.

No Sermão de Santo Antônio aos Peixes, o Padre Vieira discursa não sobre os males dos pregadores, mas sobre suas dores: mais especificamente, a dor de não ser ouvido, de ser ignorado. Os pregadores seriam o “Sal da terra”, pois, como o sal impede a corrupção dos alimentos, os pregadores impediriam a corrupção da Terra. E com a terra corrupta como está, duas opções seriam possíveis: “ou o sal não salga, e os pregadores pregam a si e não a Cristo, ou a terra não se deixa salgar, e os ouvintes, ao invés de servir a Cristo, servem a seus apetites”. Ou seja, ou a culpa é dos ouvintes, ou é dos pregadores. Neste Sermão ele se volta justamente para a história de Santo Antônio: um pregador que, vendo-se impedido de pregar aos homens, que quase lhe tiraram a vida, não desistiu da doutrina, mas sim, mudou de público, e passou a dar sermão aos peixes. Os peixes, ao contrário dos homens, eram bons ouvintes: só ouviam e não falavam. Mas eram também irracionais, e incapazes de serem convertidos.

Comparando os dois textos, é possível afirmar que a culpa da infrutilidade da palavra de Deus não está totalmente no pregador, nem no ouvinte, mas em ambos. De que vale a verdadeira doutrina, se esta é ignorada? E de que vale bons ouvintes, quando o pregador prega a si, e não a Deus? No segundo sermão, o padre compara os homens aos peixes, tanto por contraste quanto por semelhança. Há de haver homens que são incapazes de serem racionais, e há de haver aqueles que "devoram" outros, tal qual os peixes. Mas eis que os homens poderiam aprender as virtudes dos peixes, tal como ouvir, e ficar quieto.

Assim, ambos os Sermões teriam um mesmo assunto, mas de lados diferentes. Pois não sofre somente o ouvinte ao ouvir más pregações e não conseguir compreender a palavra divina, mas sofre também o pregador, que se vê devotado à doutrina, mas sendo obrigado a dar sermões aos peixes.

Fernanda said...

Alunos: Fernanda de Arruda Sotano e Mateus Selhorst Xavier
Comparação: O “Sermão da Sexagésima” trata a questão de que os homens interpretam do modo deles, independente da pregação passada, seguindo a sua conduta, boa ou má. Já o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” fala dos peixes, que têm a qualidade de ouvir e não falar, ou seja, não questionar ou impor sua interpretação.
Os dois textos trabalham a crítica qual os homens pregam somente o que querem que seja passado, seguindo sua imparcialidade diante da pregação.
Comentário crítico: O peixe se comporta em seu cardume de uma forma coletiva, já o Homem, quando em grupo, age com egoísmo em relação ao próximo, sem organização coletiva.

Unknown said...

Atividade de Literatura Brasileira
Profª Taiza Moraes

Beatriz Vianna

Fernanda Zermiani

Vanessa Felski

Analisando os textos “Sermão da Sexagésima” e “Sermão de Santo Antônio aos peixes”, Padre Antônio Vieira discursa – no sermão da sexagésima - sobre a necessidade de que a palavra de Deus seja semeada a todas as criaturas, incentivando a missão evangelizadora entre os povos bárbaros. Além disso, ele critica também a postura dos “fiéis’ enquanto ouvintes no sermão de Santo Antônio aos peixes.
Os peixes são peixes, porém os homens não são homens. No sermão de Santo Antônio aos peixes, faz-se clara a comparação entre os homens e os peixes. Os peixes enquanto espectadores passivos e “sem razão” da pregação do Pe. Vieira, demonstrando obediência, quietude e atenção às suas palavras. Já os homens, os quais detêm a razão, desprezam o discurso de Vieira quando este critica seus pecados, de forma que apenas se dispõem a absorver a mensagem passada quando a pregação lhes é conveniente.
Nessa perspectiva, conclui-se que os cada um dos sermões têm um foco num público diferente: os homens como evangelizadores e os homens como ouvintes, os quais deveriam ter uma atitude análoga à postura dos peixes.

Unknown said...

Comparação dos sermões
No sermão da sexagésima, a temática da parábola do semeador é utilizada ao decorrer do texto, que pode-se dizer que é um sermão sobre como fazer um sermão. E uma questão é levantada “Se a palavra de Deus é tão eficaz e tão poderosa, como vemos tão pouco fruto da palavra de Deus?". O sermão de Santo Antônio aos peixes inicia com “Que havemos de pregar hoje aos peixes?”. Ambos começam com questionamentos e buscam explicá-los. Nos dois textos o autor faz o uso de parábolas, que são uma pequena narrativa que usa alegorias para transmitir uma lição moral.
Ambos sermões fazem analogia do homem com o meio em que vive, e ambos geram desconforto no ouvinte quando pregados.
Os textos se mostram atuais pois podem ser aplicados nos dias de hoje.


Olhar crítico
Antônio vieira crítica o homem comparando-o aos peixes, que mesmo não sendo racionais como o homem, são melhores ouvintes da palavra. O homem não só ouve como pode deturpar o que aprende ou não praticar aquilo que é correto.
Fernando José Martins e Luana Kostantiuk

Anonymous said...

Alunas: Luiza Vieira da Costa Pereira e Rafaela Esser
Curso: Letras 1° Ano-2017

Pode-se analisar que os dois sermões de Vieira são críticas ao modo como a sociedade viveu/vive, em relação ao Cristianismo. Vieira ressalta a forma como a humanidade usa da palavra de Deus para muitas vezes se sobressair em seus desejos mundanos, ou seja, uma sociedade que vivia para suas virtudes e vícios. Ele usufruía da ideia de que os pregadores da época não sabiam pregar, pois a ganancia humana e a corrupção da sociedade se tornaram algo visível do cotidiano de forma absurda, de modo que o fez concluir que os padres tinham grande parcela de culpa, pelo fato de pregaram o que os agradavam e não o que agradava a Deus, causando assim a hipocrisia de toda uma sociedade, hipocrisia essa que pode ser vista até os tempos de hoje.
O trecho cita a forma que os homens diferentemente dos peixes reagiam ao presenciar a pregação que era-lhes imposta. Os peixes, que em tese, seriam seres irracionais, se demonstraram obedientes, escutaram em silêncio e nem estavam compreendendo, ou seja, por mais que não pensavam, entendiam a mensagem que estava sendo repassada. Enquanto os homens com o poder da fala, exibiram um comportamento oposto, dispersando o foco da atenção, tomaram o lugar dos peixes, sem consciência do que estava sendo pregado.

Lara M. said...

O padre Antônio Vieira utiliza da metáfora dos peixes para criticar a forma que os homens desconsideram os sermões que criticavam o modo de vida ‘pecaminoso’ dos fiéis. Os peixes, de acordo com o padre, agiam de modo mais humano e civilizados que os próprios fiéis, que agiam de modo animalesco não utilizando da racionalidade que lhes foi dada por Deus.
Em ambos os trechos, o padre enaltece as virtudes daqueles que sabem ouvir e agir de acordo com a palavra de Deus, com obediência.
No primeiro trecho o padre fala dos semeadores, que dão o exemplo; fala das sementes (a palavra) que cresce até nos terrenos mais hostis. No Segundo trecho, fala dos peixes que seriam excelentes fiéis com a concentração que demonstram parecer escutar a palavra de Deus com paciência, sem interromper com balbúrdia.
Como Deus dotou os homens com a consciência, e os peixes apenas a capacidade de ouvir, o padre se lamenta, pois seus fiéis aparentam ser menos racionais que os peixes, por não se darem ao trabalho de ouvir antes de falar, na maioria das vezes proferindo atrocidades ou blasfêmias e até mesmo falas sem pensamento.
Estudantes: Lara Marquardt e Gregory Sommavilla

Anonymous said...

O Padre Vieira estabelece uma relação de comparação entre homens e peixes no Sermão de Santo Antonio aos peixes, no qual ele diz estar pregando não para os homens, mas para os peixes. Ele fala que os peixes são melhores ouvintes, pois ouvem e não falam. Já o mau ouvinte, mesmo sendo racional, além de ouvir com o coração endurecido, sai a falar mal do sermão e do pregador. E assim mesmo não gerando frutos faz efeito. Os peixes, por sua vez, fizeram o que os homens não fizeram, ouviram o sermão de Santo Antonio quando os homens não o ouviam e queriam mata-lo por ele pregar contra os erros e vícios do povo. Os peixes foram obedientes ao Criador quando Jonas lançando-se ao mar, um deles o abocanhou e o levou onde Deus queria que ele estivesse para levar a mensagem de arrependimento. Cita também o peixe que curou a cegueira do pai de Tobias e exorcizou os seus demônios. Durante todo o sermão, Vieira faz uso de metáforas e ironias. Usa das qualidades e dos defeitos dos peixes para exortar os homens. Fala de vários tipos de peixes que assim como os homens carregam em si sentimentos como o orgulho, a soberba, a vaidade, a arrogância, a traição e a corrupção. Assim como no sermão da Sexagésima, no sermão aos peixes, o Padre Vieira inicia com uma pergunta. No sermão aos peixes, ele cita um versículo de Mateus (Vós sois o sal da terra) e questiona: de quem é a culpa da corrupção, dos pregadores ou dos ouvintes? No sermão da Sexagésima o Padre Vieira conclui que a culpa da semente plantada não frutificar é do pregador, e no sermão aos peixes ele evidencia que a culpa é do ouvinte. Ele reforça a ideia de que é melhor ser peixe do que humano, pois os humanos ao ouvirem não usam a razão mas falam, enquanto os peixes não falam. Paula Huber e Rute Schneider

No Break´s Girls F.C. said...

O “Sermão da Sexagésima” é um sermão que, usando a parábola do semeador, indaga o motivo da palavra de Deus não dar frutos, estipulando três hipóteses, uma é o próprio Deus a outra são os pregadores e por último os ouvintes, concluindo que essa “culpa” é dos ouvintes. Já o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” é mais direto, dizendo que os pregadores são o sal da terra e que eles têm a “missão” de impedir a corrupção, enquanto os ouvintes são a terra, que já está corrompida. Viera tinha uma preocupação com a questão da escravidão e dos maus tratos contra os indígenas. Faz uso de um discurso argumentativo com a missão de levar o ouvinte a reflexão. O segundo texto faz uma comparação entre humanos e peixes, por exemplo, os peixes, diferente dos humanos, ouviam e não questionavam. Outro exemplo é que os peixes que não ficavam satisfeitos em nadar e desejavam voar, simbolizavam a ganância e a inveja humana.

Kleverson Walter Schulze
Vinícius Queluz Ghisleri

Anonymous said...

Percebe-se após a leitura e análise dos textos do Sermão da Sexagésima e do Sermão aos Peixes que existe uma grande semelhança entre os dois, mostrando a indagação do Padre Antônio ante a dificuldade da palavra de Deus não dar frutos. Entretanto, mostram-se presentes pequenas diferenças na apresentação do tema. O Sermão da Sexagésima fala sobre e também para os próprios pregadores, criticando suas atitudes e posturas, fazendo analogias a Parábola do Semeador, dizendo que de jogar sementes em solos que não dão frutos de nada adianta. Já no seguinte o Sermão fala sobre os ouvintes, apontando as dificuldades da conversão mediante da palavra se muitos dos ouvintes nem sequer se prestam para ouvir verdadeiramente, ou seja, refletir sobre o que foi dito. Igualando-se aos peixes que Deus fez irracional e não podendo compreender a palavra.

Gabriel Corrêa

Anonymous said...

O Sermão de sexagésima de Padra Antônio Vieira de 1655 possui um olhar
sobre a relação entre a semente que entende-se como a palavra de Deus e os
frutos da mesma, sendo elas as ações dos homens em relação ao que se é
passado a eles, afirmando que muitas sementes são espalhadas pelo mundo
todavia pouquíssimos frutos são colhidos, já em contraste, o segundo texto
‘’sermão de santo Antônio aos peixes’’ aborda uma temática daqueles que
escutam a palavra de Deus porem não possuem a força para atua-la sobre a
terra.
Ele compara os homens aos peixes dizendo que os homens possuem a
capacidade de efetuar os bem que lhes é ensinado porém não o fazem enquanto
os peixes que seriam representados por aqueles menos influentes e incapazes,
possuem a aptidão para escutar e compreender contudo não são capazes de
espalhar esse entendimento através das ações propostas pela palavra.
Felipe Bosco